Número de homicídios cresce 116,6% em dez anos na Bahia, segundo pesquisa; SSP contesta informação

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A taxa de homicídios na Bahia a cada 100 mil habitantes cresceu 97,8% nos últimos dez anos. De acordo com os dados do Atlas da Violência 2018, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (5), houve um crescimento de 116,6% no número absoluto de homicídios no Estado nesses período. Em 2006, foram registrados 3311 homicídios e em 2016, o número chegou a 7171.

Ainda de acordo com a pesquisa, a evolução das taxas de homicídios foi bastante heterogênea entre as Unidades da Federação, variando desde uma redução de 46,7% em São Paulo a um aumento de 256,9% no Rio Grande do Norte. Sete unidades federativas do Norte e Nordeste têm as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes: Sergipe (64,7), Alagoas (54,2), Rio Grande do Norte (53,4), Pará (50,8), Amapá (48,7), Pernambuco (47,3) e Bahia (46,9). Entre os 10 estados onde a violência letal cresceu no período analisado, nove pertencem às regiões Norte e Nordeste.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) afirmou que o Estado vem registrando diminuição nas mortes violentas. Nos cinco primeiros meses deste ano, o índice recuou 12,6%, em relação ao mesmo período de 2017.

Mais uma vez, o secretário Maurício Barbosa lamentou que a divulgação do ranking de mortes violentas no Brasil não levou em consideração as metodologias diferentes usadas pelos Estados. Segundo Brabosa, “os estados nordestinos figuram sempre como mais violentos, pois contam as ocorrências usando uma metodologia mais fiel à realidade”.

Morte de jovens e negros

O Atlas mostra ainda que o número de jovens (15 a 29 anos), sobretudo os homens, seguem prematuramente perdendo as suas vidas. Houve aumento na quantidade de jovens assassinados, em 2016, em vinte Estados, com destaque para Acre (+84,8%) e Amapá (+41,2%), seguidos por Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Roraima.

Na Bahia, o número de jovens mortos nos últimos dez anos saltou de 1947 para 4358, uma elevação de 123,8%.

Outro dado relevante do Altas é a forte concentração de homicídios na população negra. Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0% contra 40,2%). Em um período de uma década, entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%.

Na Bahia, a taxa de homicídios de negros por 100 mil habitantes cresceu 104,4% nos últimos dez anos.

A SSP afirmou que com relação à morte de jovens, a secretaria defende a maior participação dos municípios, na proposição de ações sociais que oferecem novas perspectivas para esse grupo. “Sem as criações de oportunidades de emprego como estas, o tráfico acaba cooptando os adolescentes. Os jovens que mais morrem são também os que mais matam”.

Quanto à morte de negros, a SSP afirmou que analisa os dados do período divulgado, “tomando como base a faixa de população negra do estado, de 76%, a maior do país”.

BN

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