“Poderia solicitar aos garçons para enxotá-los, mas foi uma decisão nossa não fazê-lo”, diz dono de cervejaria na Vila Bossa Nova sobre presença de cães de ruas

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Eles entram e saem livremente, caminham pelos espaços externos, passeiam entre as mesas, se posicionam nas entradas, comportando-se como verdadeiros donos do local. Anfitriões mesmo. E são. O primeiro bar e restaurante da Vila Bossa Nova, em Juazeiro, onde antes funcionavam os antigos casarões da Franave, era a “casa” deles, os cães de rua, que mesmo após a revitalização do espaço, não abandonaram aquela área.

São uns três ou quatro, e é curioso observar a desenvoltura e a familiaridade dos animais, que transitam pelo estabelecimento, sem nenhum acanhamento, sem estranhar as novas luzes, o luxo e a nova dinâmica do lugar.

Os donos do estabelecimento parecem respeitar e entender que eles continuam ocupando um espaço que era deles, o território deles, e não se percebe nenhuma intenção de bani-los dali (o que eu, particularmente, acho louvável).

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(fotos: PNB)

Mas a presença dos cães divide opiniões dos clientes. Há quem se incomode e afirme que “aqui não é lugar pra cachorro”, que “eles enfeiam o local” e assustam os consumidores. Já os mais sensíveis à causa animal, acham até “pitoresco”, inusitado, com uma certa excentricidade e até uma atitude respeitosa com os antigos habitantes dos casarões.

Em visita ao estabelecimento, conversamos com alguns clientes, que pediram para não ser identificados, e se manifestaram em relação a presença dos animais.

“Eles não incomodam em nada. São tranquilos, dóceis e dão até um charme ao local”, declarou um frequentador do estabelecimento.

“Desde que inaugurou eu passei a frequentar este espaço e já me acostumei com a presença destes cães aqui. Sou louca por animais e aprovo demais a presença deles”, revelou outra cliente.

Mas há também quem se preocupe com a saúde dos cães e alertem para o risco de doenças.

“Meu medo é com alguma doença que eles possam transmitir. Estes cães são saudáveis?”, questionou uma cliente.

“Pela tranquilidade com que eles andam aqui, a gente imagina que são dóceis, mas isso é certo? Muitos pais trazem seus filhos, que podem mexer com eles e haver alguma reação, né?”, questionou outro frequentador.

Em conversa com a direção do estabelecimento, fomos informados que, por entender que os cães já habitavam o local, os responsáveis resolveram “adotá-los” (o que eu, particularmente, também acho louvável).

“É um problema de ordem pública. E isso não é somente em Juazeiro, em Petrolina também existe este problema. O que acontece é que existem dezenas de cachorros que habitam a orla, nesse trecho do Centro Gastronômico. Nós não temos autoridade para fazer coleta desses animais e nem condições para tal. Isso quem faz é o setor de zoonoses do município. Então fizemos uma parceria com uma ONG chamada “Salvar”, e a nossa proposta é sermos Pet Friendly, ou seja, a pessoa está passeando com seu cão e poder entra na NordHaus com seu animal. Nós inclusive já disponibilizamos água para eles”, disse Emerson Castro.

O proprietário também informou que vem pagando pela castração dos animais, na tentativa de diminuir a população de cães naquela área.

“Nós optamos por não ser agressivos e violentos com os cães de rua. Ao invés disso, estamos esterilizando as cadelas e a gente está pagando a ONG uma taxa entre R$ 160,00 e R$ 180,00 pelo serviço. Com isso esperamos que a população diminua. Como empresa, somos engajados na causa de proteção aos animais, portanto estamos fazendo a nossa parte como cidadãos, sensibilizados com esse problema dos cães de rua. Eu poderia solicitar aos garçons para enxotá-los, mas foi uma decisão nossa não fazê-lo. Eu não me sinto à vontade para ser grosseiro com eles. Quando a Companhia de Navegação fechou, os cachorros habitaram esse prédio e se acostumaram com o local. Durante a noite, pessoas vem até aqui e deixa comida para eles nas calçadas da Vila Bossa Nova, por este motivo, e também por serem bem tratados por nós, eles não vão embora. Porém, se eventualmente, os clientes de um modo geral ficarem incomodados com a presença deles na NordHaus, teremos que tomar uma nova postura”, afirmou.

Da Redação por Sibelle Fonseca

18 COMENTÁRIOS

  1. Detalhe que após os shows, os cães sobem no palco e dão seu próprio show…muito engraçado!!
    Gostaria de postar uma foto, mas não tenho a opção no comentário. A banda “The Dogs”…kkkkkkk

  2. Eu como consumidora não me incomodo de forma alguma, inclusive, fiquei feliz por ver que não os expulsaram de lá e mais feliz agora por saber que os estão castrando. E parabéns aos proprietários…nós brasileiros precisamos aprender que pessoas civilizadas sabem respeitar e conviver e com toda e qualquer forma de vida.

  3. Fiquei sabendo da atitude respeitosa do dono do estabelecimento em relação aos cães através de um cliente do local.
    Já ganhou meu apoio.
    Gesto louvável.
    Parabéns!

  4. Parabens!!!! Acho louvável a atitude, pois o ambiente
    e deles; nós e q/ temos q/ nos acostumamos c/ a
    Presença.
    Parabens ao Castro e demais clientes. Sou a favor de vc
    Cliente poder passear com seu Cao de estimacao.

  5. Atitude maravilhosa.
    Continuem assim.
    Já vi aqui em Salvador alguns estabelecimento q adotam os cães e aindam ganham crachá.
    Vcs tem meu respeito e admiração .

  6. Pena que as pessoas também não são tratadas assim. Gostaria de saber o que aconteceu com as pessoas que dormiam no casarão antes que esse espaço da orla ficasse “gourmetizado” e, posso afirmar, privatizado.

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