Apesar de decreto flexibilizar funcionamento, bispo decide que celebrações continuarão a ser realizadas sem a presença de fiéis em Juazeiro

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(foto: arquivo)

O plano de reabertura gradual das atividades comerciais e de serviços do município de Juazeiro, no norte da Bahia, iniciado nesta segunda-feira (1º), autoriza a realização de cultos, missas e outras celebrações religiosas após cerca de dois após a proibição. Apesar da decisão, o bispo da Diocese da cidade, Dom Beto Breis, decidiu que as celebrações continuarão a ser realizadas sem presença de fiéis.

O decreto de reabertura gradual considera que cultos, missas e outras celebrações religiosas poderão acontecer, desde que com ocupação máxima de 40% dos espaços disponíveis, controle no acesso, distanciamento mínimo de 2 metros entre as cadeiras ou ocupantes dos assentos em bancos, disponibilização de álcool em gel na entrada e saída, além do uso de máscaras por todos os presentes. Também recomenda-se que pessoas acima dos 60 anos, portadores de doenças crônicas e crianças abaixo dos 12 anos de idade não frequentem as celebrações (veja todas as medidas do documento).

Em nota enviada à imprensa na manhã de hoje, Dom Beto Breis afirma que no território da Diocese de Juazeiro (que engloba nove cidades do norte baiano), as celebrações devem continuar sem presença de fiéis. No documento, o religioso ressalta o crescente número de casos da covid-19 no país e reforça que nos municípios abrangidos pela Diocese, inclusive em Juazeiro, cidade sede, “os casos de contaminados se sucedem cotidianamente e não temos indícios de que o mal invisível esteja sob controle e seus casos em processo de desaceleração”.

Segundo Dom Beto Breis, as celebrações serão sem a presença de fiéis, com exceção dos que deverão exercer serviços e ministérios. Não há previsão de quando as missas voltarão a ser realizadas normalmente.

Leia na íntegra

Sobre a fé professada, celebrada e vivida em tempos de expansão do Covid 19

Prezados sacerdotes, diácono, religiosas e fiéis leigos de nossa Igreja Particular,

“Pessoas são mais importantes do que economia” (Papa Francisco, ontem, Domingo de Pentecostes)

Há mais de dois meses vivenciamos uma realidade excepcional com o avanço do coronavírus (Covid 19) e o necessário isolamento social para o controle de sua disseminação. Em todo o Brasil já são quase trinta (30) mil mortes até este primeiro dia do mês de junho. Não são números e ou meros dados estatísticos: são vidas ceifadas, tolhidas e dores inexprimíveis e incalculáveis das vítimas e de seus entes queridos. Nos municípios abrangidos pela nossa Igreja Particular, inclusive nesta cidade sede, os casos de contaminados se sucedem cotidianamente e não temos indícios de que o mal invisível esteja sob controle e seus casos em processo de desaceleração. Estudos estimam que os números reais de contagiados em todo o Brasil sejam ainda maiores devido às subnotificações. Não cremos ser tempo oportuno para flexibilizações diante de um mal inflexível! Mais graves e decididamente danosos para economia de nosso País tem sido as seculares corrupção e desigualdade social em todos os âmbitos, colocando à margem dos direitos fundamentais e inalienáveis milhões de brasileiros.

Em 20 de março passado, movidos por zelo pastoral, por senso de responsabilidade e cuidado com os irmãos que o Senhor nos confiou e apoiados em normas dos poderes públicos dos municípios abrangidos por nossa Igreja Particular determinamos que ficassem suspensas todas as celebrações, incluindo dominicais, para evitar aglomerações e expor os fiéis ao contágio. Não tem sido fácil e in-dolor para nós e para todas as categorias do Povo de Deus de nossa Diocese vivenciar essa necessária decisão e privar-nos da alegria de estarmos juntos na Casa do Senhor (cf. Salmo 83) e partirmos em Missão para nossas atividades evangelizadoras sustentados por sua Palavra e pelo Pão da Eucaristia. Angustia-nos ver nossas igrejas vazias e saber que tantos sofrem pelas privações espirituais impostas por esses tempos sombrios e desconcertantes. Por outro lado, reconhecemos o caráter indispensável e fundamental dessas medidas!

Hoje, apesar de determinações de autoridades municipais autorizando a realização de celebrações com número reduzido de féis em nossos templos (40% de sua capacidade), queremos aqui expressar nossa determinação de mantermos por mais um tempo, oxalá bem breve, as normas contidas em nossa segunda nota pastoral. Nossas celebrações serão sem a presença de fiéis, à exceção daquele número bem reduzido dos que deverão exercer serviços e ministérios. A propósito, como tem sido surpreendente e encantador o empenho e a criatividade de nossos presbíteros e agentes pastorais leigos na transmissão de celebrações e lives oracionais e de estudos/formação! Nossa gratidão especial às equipes paroquiais da PASCOM (Pastoral da Comunicação) pela dedicação indispensável nestes tempos que tanto exigem de nós firmeza na fé e ousadia no irreprimível anúncio do Evangelho.

O dia 11 de junho, SOLENIDADE DO CORPO E SANGUE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO (Corpus Christi) será o DIA DIOCESANO DE ORAÇÃO pelas vítimas do Covid 19, pelo fim dessa Pandemia e por todos os abnegados profissionais de Saúde. Até essa data manteremos as determinações acima expostas. Como na Solenidade de Pentecostes em nossa Igreja Catedral, quando cerca de quinhentas (500) cestas básicas foram doadas como expressão de participação na celebração (foram colocadas nos bancos durantes as celebrações) e de solidariedade com os mais pobres, sugerimos que em nossas paróquias e comunidades os fiéis sejam motivados a doarem alimentos e materiais de limpeza por ocasião da Festa na qual recordamos o admirável sinal do Filho de Deus que se faz pão e vinho para nos nutrir, sustentar e educar para a partilha e a fraternidade (Corpus Christi). Desde o início da chamada quarentena muitos tem sido os sinais de cuidado e solidariedade por parte de nossas paróquias, movimentos e pastorais específicas.

Contando com a terna paciência, firmeza orante e acolhida por parte de nossos diocesanos, suplicamos para todos a bênção e intercessão de Maria neste dia especial em que a invocamos como Mãe da Igreja.

O Senhor lhes abençoe e lhes guarde!

Juazeiro, Bahia, 01 de junho de 2020

+ Dom Beto Breis, ofm

Da Redação

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