Juazeiro, Sr. do Bonfim, Sobradinho e Curaçá flexibilizam medidas de isolamento; Comitê Científico e secretário de Saúde da Bahia dizem que não é o momento

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Na contramão do que recomenda o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas e o Comitê Científico do Consórcio Nordeste, cidades como Juazeiro, Senhor do Bonfim, Sobradinho e Curaçá, no norte da Bahia, decidiram flexibilizar a retomada das atividades econômicas. De acordo com o titular da Secretaria de Saúde do Estado (SESAB), a Bahia está longe da estabilização da quantidade de casos da doença.

Em Juazeiro, que possui 97 casos confirmados de covid-19, a primeira fase do plano de reabertura gradual das atividades comerciais e de serviços autorizou o funcionamento de lojas varejistas em geral, óticas, suplementos, produtos naturais e outros estabelecimentos de áreas não essenciais, cultos e missas, com restrições, desde a segunda-feira (1º) (veja mais). Em Senhor do Bonfim, que tem 51 confirmações da doença, o comércio também voltou a funcionar parcialmente nessa mesma data.

Sobradinho também decidiu pela flexibilização com restrições, medida que começou a valer ontem (3) (relembre). A cidade tem 37 casos de covid-19. Já o município de Curaçá, que confirmou 32 casos da infecção, começou na segunda (1º) a segunda etapa da flexibilização [os dados dos boletins são referentes às ultimas atualizações das secretarias em 03/06, antes da publicação dessa matéria].

Juazeiro-BA (foto: arquivo)

Consórcio recomenda isolamento social

Um boletim publicado pelo Comitê Científico do Consórcio Nordeste alerta que a necessidade de manutenção das medidas de isolamento social, como forma de enfrentamento à proliferação da covid-19, nos estados da Região Nordeste, incluindo a Bahia. O documento avalia que houve leve diminuição no ritmo de crescimento de casos confirmados e de óbitos em algumas localidades do Nordeste e alerta que nenhuma dos estados alcançou, até o momento, o pico da doença.

O comitê aponta que o relaxamento das medidas em 1º de junho poderá acarretar um aumento de 200 mil casos da doença e 7,5 mil óbitos adicionais no final do mês. No caso da Bahia, o documento destaca que, em comparação a análise anterior, os números devem continuar evoluindo em Salvador e chama destaca ainda para a evolução de casos nas cidades de Feira de Santana, Itabuna, Vitória da Conquista e Juazeiro.

O relatório alerta que houve um crescimento de 191% de novos casos em Juazeiro entre os dias 12 e 26 de maio, quando foram identificados na cidade 23 novos pacientes infectados. O Comitê Científico afirma que “tem clareza sobre as enormes dificuldades e os prejuízos econômicos causados aos estados, municípios e à sociedade como um todo pela manutenção de longos períodos de isolamento social. Os efeitos são ainda mais danosos para os trabalhadores de baixa renda dos setores de serviços não essenciais.”

O Comitê Científico do Consórcio Nordeste descarta a necessidade de implementação de lockdown total no território baiano, mas reforça sua defesa pelo manutenção do isolamento social. “(…) este Comitê continua mantendo a posição de que ainda não é o momento propício de flexibilizar as medidas de isolamento social, uma vez que o pico da epidemia do Covid-19 não foi atingido em nenhum estado da região Nordeste”.

Secretário diz que não é o momento de flexibilizar

Em entrevista ao jornal A Tarde, o secretário da Saúde da Bahia nesta quarta-feira (3), também considerou que ainda não é o momento de flexibilizar medidas de combate ao coronavírus, e ressaltou ainda que a Bahia está longe da estabilização da quantidade de casos da doença. Segundo Vilas-Boas, o estado não conseguiu montar todos os leitos necessários para atender a um possível aumento da demanda por internações, caso as medidas de flexibilização provoquem explosão no número de contaminados. Além disso, segundo ele, começam a faltar, no mercado nacional, medicamentos para pacientes mais graves.

“Se a decisão fosse minha, não [não autorizaria a flexibilização]. Não conseguimos abrir todos os leitos de UTI que precisamos abrir e não sabemos se conseguiremos abrir pela falta de equipamentos e medicamentos no mercado nacional. Medicamentos necessários para manter pacientes em ventilação mecânica estão em falta no país inteiro, o insumo está em falta no mundo. Se você montar matriz de risco, você vai encontrar que o número de ameaças é muito superior ao número de vantagens que essas medidas estão trazendo”, alerta o secretário, em rádio A TARDE FM.

Ele ainda pediu que os prefeitos monitorem bem o impacto da flexibilização nas taxas de contágio para que isso não impacte na tendência de estabilização da doença na Bahia. “Qualquer medida de flexibilização traz risco de retorno da taxa de contágio, e ela precisa ser muito bem avaliada e monitorada. Vamos torcer para que seja feito de forma adequada e que a gente possa continuar observando essa tendência de redução na quantidade de casos, dia após dia, que isso não venha a impactar”, afirma.

Da Redação por Thiago Santos

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