“Alguns estupradores podem fazer 120 vítimas durante sua vida”- Por Rosiane Carneiro Melo

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Diante do estupro coletivo sofrido por adolescente de 16 anos no estado do Rio de Janeiro acontecido nos últimos dias e tantos outros, surge de um lado um sentimento de perplexidade e inquietação por tamanha barbárie e covardia e de outro ainda, em pleno século 21, sentimento de repulsa à vítima, que ressaltam o pensamento machista e sexista, além da visão deturpada da mulher tida como objeto sexual e provocadora da violência contra si mesmo, que ainda faz parte da nossa cultura.

Até quando vamos assistir potenciais incentivadores de comportamento perversos massacrando mulheres que já foram massacradas apenas pelo fato de serem mulheres? Até quando nossa cultura vai reproduzir que homem ou mais de um deles têm o direito de usar e abusar de mulheres? A violência se inicia no estupro e continua na delegacia… Nas ruas… Na comunidade.

Sem contar que alguns crimes ganham repercussão, mas a grande maioria permanece oculto e suas vítimas carregam a culpa e a vergonha por um crime que não cometeram por longo tempo.

O Estupro consiste em constranger a mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. (Artigo 213 do Código Penal Brasileiro).

Estudos em relação à personalidade de abusadores revelam que o estuprador geralmente é diagnosticado como tendo um Transtorno da Personalidade Antissocial (irresponsabilidade social, busca de risco, explorador, propensão ao uso de álcool e drogas, etc.) Ainda cedo, os estupradores podem apresentar condutas desadaptadas como a crueldade com os animais, o uso de armas e má adaptação escolar.

A maioria são jovens. Cerca de 61% deles têm menos de 21 anos. Sabe-se que os jovens, principalmente do sexo masculino, praticam mais atos antissociais. Outro fator de importância é a maior taxa de testosterona nessa idade, e esta parece atuar diminuindo a taxa de serotonina cerebral e, conseqüentemente, aumentando a impulsividade.

Alguns estupradores podem fazer 120 vítimas durante sua vida, caso não sejam presos ou mortos. Cerca de 70% deles já praticaram outros crimes como assaltos, roubos e homicídios.

As vítimas são, segundo estatísticas, pessoas de 15 meses até os 82 anos de idade, sendo que a maioria delas têm entre 10 a 29 anos. Apenas uma em cada seis vítimas dá queixa à polícia. A maior parte dos estupros ocorre dentro da própria casa e cerca de 7% dos estupradores são parentes.

Os sentimentos de baixa autoestima, culpa, vergonha, temor (fobias), tristeza e desmotivação são comuns às vítimas. A ideação suicida também pode piorar o quadro.
Cabe ressaltar a importância do atendimento multidisciplinar à mulher.

O acompanhamento psicológico é de grande importância para que ela se conscientize de que o estupro foi um ataque sexual, um crime e se fortaleça para reorganizar sua vida após a violência sofrida (retorno ao trabalho, à escola, as atividades desenvolvidas), previna futuras conseqüências na vida pessoal (estado depressivo, escolhas de relacionamentos, perpetuação da violência), recupere a autoestima dentre outras demandas.

POR: Rosiane Carneiro Melo, Psicóloga formada pela UNICAP- Universidade Católica de Pernambuco; CRP: 02/12.125

Especialista em Neuropsicologia pelo CPHD- Centro de Psicologia Hospitalar e Domiciliar  do NE Ltda,  e Especialista em Saúde da Família pela UNIVASF- Universidade Federal do Vale do São Francisco

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