Caso Beatriz: Investigações estão sem comando em Petrolina e delegada titular “à distância” acumula função

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Um ano e oito meses após o brutal crime que vitimou a menina Beatriz Mota, de 7 anos, durante uma festa no Colégio Maria Auxiliadora, em Petrolina-PE, o caso não foi elucidado. Muitas especulações, algumas linhas de investigações, informações desencontradas em relação ao autor (es) e motivação do crime e de concreto, uma imagem do suposto criminoso “recuperada” ou “melhorada” (há divergências) e divulgada em março passado, um ano e três meses após o ocorrido.

Depois de inúmeros e exaustivos atos de protesto dos familiares e do movimento “Somos Todos Beatriz” e de encontros e mais encontros com representantes máximos dos órgãos de segurança, parlamentares e até com o chefe do executivo do estado de Pernambuco e com o ex ministro da Justiça Alexandre Morais, a mobilização conseguiu o status de “Caso número um da segurança pública de Pernambuco”. Criou-se a expectativa de que, sendo tratado como prioridade, haveria um investimento maior nas investigações para elucidação do crime.

No entanto, o discurso, mais político do que prático, não veio aliado a uma ação mais efetiva.

O caso já passou por três delegados. Um ano após o crime, a delegada Gleide Ângelo foi designada especialmente para as investigações do assassinato de Beatriz. Ela, em Recife, distante cerca de 700 quilômetros de Petrolina passou a comandar o caso, com o suporte do delegado local que já vinha cuidando das investigações, Marceone Ferreira. Os pais de Beatriz chegaram a declarar que a delegada deu outra dinâmica ao caso. Gleide Ângelo é conhecida em Pernambuco por elucidar crimes de repercussão.

Acontece que, passados oito meses, o “caso número um” da polícia pernambucana está sendo investigado à distância. Segundo informações que chegaram a nossa redação, o delegado Marceone Ferreira e sua equipe não estão mais à frente das diligências em Petrolina. Nenhum outro delegado local foi designado para a continuidade das investigações. Gleide Ângelo, foi nomeada no último mês de abril, como chefe do Departamento de Polícia da Mulher de Pernambuco.

Conclui-se, então que o caso Beatriz, não conta com um delegado em Petrolina, onde aconteceu o crime e onde está o inquérito. Conclui-se também que a delegada está há quilômetros do inquérito que preside e agora com novo projeto, focada na nova função.

Conclui-se também que se a segurança pública de pernambuco trata desta forma o “caso número um”, imagina os tantos outros casos da violência crescente no estado.

De Recife, a delegada manda o mesmo recado de sempre: “A gente tem um assassino que precisa identificar”. Isso já se sabe, delegada! Precisa-se saber o que se está fazendo para identificar esse (s) assassinos.

Ministério Público

Seis meses após o crime, o Ministério Público entrou em ação e propagou que foi formada uma força tarefa com cinco promotores para trabalhar no caso. Um ano e dois meses após a estratégia, a força tarefa também não conseguiu avançar na tarefa que se propôs. Se dividindo entre outros processos, não há tempo para uma dedicação maior ao caso. Além da falta de estrutura técnica e de pessoal.

É bom lembrar, que o Ministério Público de Pernambuco ocupa, hoje, o último lugar na relação de número de promotores por habitantes do País, segundo dados atualizados do Conselho Nacional do Ministério Público, estando com carência de mais de 150 Promotores de Justiça, especialmente no Sertão e Agreste.  A sobrecarga de trabalho no MP, em Petrolina não é diferente.

Ainda segundo informações que obtivemos alguns promotores de justiça da cidade, que fazem parte da força tarefa, estão acumulando em outros municípios e um outro, estaria sendo transferido para capital em busca da aposentadoria.

Indaga-se então, que esta força-tarefa não está mais tão forte para atuar no “caso número um de Pernambuco” ou teria sido dissolvido o grupo de trabalho de promotores em Petrolina com atribuição no caso Beatriz?

De acordo com o que a apuramos, o Procurador- Geral do MPPE, Francisco Dirceu Barros deverá publicizar uma portaria, em breve, mantendo a “força-tarefa”.

E antes que a portaria seja divulgada na mídia e que mais expectativas sejam geradas, é bom alertar ao Procurador que de boas intenções os promotores estão cheios, talvez falte-lhes suporte para trabalhar no “caso número um de Pernambuco” antes que a imagem da instituição fique ainda mais arranhada e sem a dignidade de “Guardião da Lei”, como é função do Ministério Público.

O caso Beatriz Mota aguarda ser tratado como o “caso número um” de Pernambuco, com toda responsabilidade, estrutura e compromisso do Estado e como devem ser tratados todos os casos de violência do país.

Da Redação Sibelle Fonseca

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