O invisível Aqueduto da Capital da Irrigação

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O Aqueduto de Juazeiro é um marco para a Agricultura e mais especificamente para a Irrigação no Vale do São Francisco. Apesar da importância histórica, econômica e cultural deste patrimônio juazeirense, são escassas as informações sobre ele, além do abandono em que o patrimônio se encontra.

Não se sabe ao certo quando foi construído, mas, relatos de moradores do Bairro São Geraldo, onde ele está localizado, dão conta de que ele tem mais de 100 anos. De tão antigo, sequer foi utilizado cimento em sua estrutura.

Todos os dias ele é ligado e leva as águas do Velho Chico para o Campus III da Universidade do Estado da Bahia, passando por mangueiras, cajueiros, experimentos, prédios, salas de aula e laboratórios. Jomar Benvindo, Gestor de Negócios em Turismo, guarda os registros memorialísticos repassados por seu pai, João Benvindo dos Santos. “Meu pai falava comigo sobre o material utilizado, tijolo, cal batido, areia e a água do Rio São Francisco. Não há cimento na obra”, relembra.

 

João Benvindo fez parte da primeira turma da Famesf em 1964, tornando-se depois professor e diretor da instituição, passos seguidos por muitos outros estudantes que o precederam. “Este é hoje o único aqueduto do país construído com este material e que ainda está em funcionamento”, revela o turismólogo, alertando para a necessidade de uma atenção e maiores cuidados com o patrimônio.

O Aqueduto é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão vinculado a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e tem como objetivo trabalhar na salvaguarda de bens culturais materiais e imateriais, na política pública estadual do patrimônio cultural e no fomento de ações para o fortalecimento das identidades culturais da Bahia.

Márcio Ferreira, egresso do curso de Agronomia e mestre em Horticultura Irrigada pela UNEB diz que o aqueduto é um “local de grandes histórias, aventuras, coleta de fauna e flora, palco para fotografias de muitas turmas formadas lá. É o nosso cartão postal maior, um cenário enigmático cortando a mata ciliar, trazendo em si, histórias longínquas”.

“O aqueduto é um projeto pioneiro, o ponta pé para as práticas de irrigação do Submédio do São Francisco. Um patrimônio histórico dentro da universidade”, relata Vanuza Souza, estudante de Agronomia no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais.

 

Para Maíra Costa, Agrônoma formada também pela Famesf, as memórias afetivas do seu período de estudante e sua relação com o Aqueduto foram bastante significativas. “Era o caminho feito por mim e por minhas colegas da primeira residência feminina da Famesf para irmos tomar banho no Rio São Francisco, principalmente nos finais de semana. Lembro bem como íamos nos divertindo por cima  do Aqueduto, fazendo malabarismos e brincando com a eminente possibilidade da água vir com força, justamente por isso passávamos rapidamente por ali. Também foi uma das primeiras grandes aventuras do meu filho, que também fez esse percurso conosco quando tinha apenas três anos de idade”, revela Maíra, emocionada com as lembranças desse tempo.

“Um lugar mágico, foi através desse aqueduto que o Horto Florestal foi expandido, foi a partir dele que a irrigação no Vale começou a ser propagada, as primeiras experiências de videiras foram testadas no Horto Florestal e pra nos agraciar com uma estrutura que no início foi do governo federal, e depois se torna a Famesf, uma das mais conceituadas e respeitadas faculdade de Agronomia do Brasil”, revela entusiasmado Ivan Marques, egresso da instituição.

Hoje, o Aqueduto encontra-se com problemas de infiltramento. Em 2016, uma empresa foi contratada pela UNEB para impermeabilizar o equipamento, mas, a reportagem constatou que as infiltrações continuam. Uma grande mata cobre parte da sua estrutura, demonstrando falta de zelo e cuidado. Sem uma ação da UNEB juntamente com a Prefeitura de Juazeiro e demais poderes públicos, aquele que é um dos maiores patrimônios da cidade, corre o risco de desaparecer.

Texto e Fotos por Juliano Ferreira

 

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