3 da Matina, grupo de rap Juazeirense, lança videoclipe da música “Papo Reto”.

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O grupo juazeirense de Rap, 3 da Matina, lançou hoje (8) seu mais novo clipe da música “Papo Reto”. Com produção de Neon Beats e gravado e editado por James Jonathan, o clipe aborda temas como a relação do conteúdo de letras de músicas consumidas por boa parte da população, como pagode e o funk, que são mais aceitas e a discriminação com as letras de rap, que são historicamente marginalizadas e alvo de preconceitos.

O grupo foi fundado há pouco menos de 3 anos, formado pelos integrantes Clebão Northi, Cieu Rapper e o Dj Caveira e já têm um cd nas ruas, intitulado como “Nova carta pro jogo”, com 8 faixas.

“Pra essa molecada eu só quero o bem, amo cada família da minha quebrada. E acredito que o meu rap pode mudar a vida de um menino…”

“Cantamos o que vivemos ou seja, o nosso cotidiano. Nada é fictício. Nós cobramos o que falta pra nossa quebrada, o que falta na quebrada vizinha. Somos a voz do povo, a voz dos excluídos, a voz do oprimido, sem exceção de cor nem de sexo, seja homem, mulher, gay, lésbica… Somos a voz deles”, afirmam.

“Vários falam que é som de ladrão, alguns criticam sem antes ouvir, mas afirmo com certeza que não, se não Michel Temer era MC”.

Sobre o preconceito sofrido por quem trabalha com o rap, o grupo diz que ainda existe, mas que diminuiu bastante. “A população ou seja, o público, é manipulado de uma certa forma que eles não querem nem ouvir a musica pela batida do som. Se for rap, eles falam: “É de bandido”. Aí eu digo: “Se o rap é pra bandido, essas músicas que muitos idolatram hoje, como podem ser definidas?”, comenta o grupo.

“Madame falou da letra de ‘zangado’ irmão, e disse que tava perfeita, com exceção de um palavrão”

Na letra da música, eles trazem a questão das reações acerca dos palavrões contidos nas letras de rap, que é comum e causa estranhamento por parte dos que não costumam ouvir. “Isso foi sobre a letra de um rap que lançamos, “Zangado”, porque nós xingamos, aí a ‘mulher’ disse que o que estragou a música foram alguns palavrões, mas nós atacamos quem nos ataca, e não ela”.

James Jonathan, que fez a gravação e edição do vídeo, nos contou um pouco da experiência de gravar com o grupo: “Vejo o Rap no Vale do São Francisco crescendo nos últimos tempos, com muita garra e força de vontade dos novos e mais antigos grupos. E, com o intuito de fortalecer ainda mais essa cena, há tempos estou me especializando em técnicas de edição, gravação, e aprimorando a minha fotografia também, para que eu possa somar junto com os grupos existentes e os que ainda estão por vir, pois acredito que o movimento hip-hop tem força aqui na nossa região”.

A visibilidade do rap no Vale do São Francisco tem aumentado. Hoje, a região conta com mais de 10 grupos e mc’s que somam forças na criação de espaços para expor e compartilhar essa arte que cumpre seu papel de denúncia e desabafo. Grupos como a P1 Rappers, que ganhou o primeiro lugar no festival Edésio da Canção, Rua 16, Novo Ciclo, Perdidos do Norte, os coletivos D’láCrime e RG Crew, dentre tantos outros compostos por sonhos, resistência e muito engajamento. Confiram o vídeo e, por favor, sem preconceitos.

por Ananda Fonseca

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