“Quem roubou nossa coragem”?- Por Ivânia Freitas

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Horrores diários batem à nossa porta. São tantos  que nem dá tempo de nos espantarmos mais. A sensação é que passamos direto para o estágio do “nada mais me surpreende” e tudo agora é absolutamente “normal”.

Eu, na briga para combater o desânimo que insiste em pausar meus sonhos, ainda encontro forças para me questionar sobre essa incompreensível letargia que se apossou de nossas almas. Às vezes brinco com meus pensamentos e justifico a situação dizendo que tem uma força sobrenatural atuando sobre nós, porque não encontro explicação alguma para a covardia e silêncio de uma nação inteira!

Estou convencida de que tornar o horror um “lugar comum”, é a grande estratégia dos mentores do mal que se apossaram dos quatro cantos do nosso país. Como disse Rita Lee, “tudo vira bosta”!

O horror diário é anunciado em manchetes rápidas que mal temos tempo de lê-las por completo. Muitos  não se mostram interessados em saber o que há além das três primeiras linhas que circulam nos grupos e redes, talvez, porque não sejam, ainda, os seus nomes ou os nomes dos que amamos que estão estampados lá. Parece ficção, filme de terror ou de guerra onde o caos é a “ordem do progresso” e justifica uma lógica impossível de explicar mas, que todos parecemos aceitar!

Nesse cenário de ataques sem hora marcada, vamos recuando para dentro de nossas vidas como bichos acuados que voltam às suas jaulas porque lá se sentem “seguros”.

O Brasil de agora, sucumbe em alta velocidade… e nós andamos sonâmbulos pelos escombros, meio que atordoados, esperando que “alguém faça por nós o que é nossos dever”.

Chaplin poeticamente nos avisou: “a cobiça envenenou a alma do homem … levantou no mundo as muralhas do ódio … e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco”

Oh! Chaplin, pensamos em demasia e agimos pouco. Onde foi parar nossa inteligência, meu doce palhaço? Onde podemos resgatar a nossa alegria?

O que nos impede de reagir ao fato de que são dezenas de homens, mulheres crianças que são assassinados semanalmente em chacinas que a justiça insiste em não enxergar. Ameaçam nosso pensamento! Pensar, passou a ser um exercício perigoso! Não tenho dúvidas de querem nos roubar de nós!

A velha justiça, que de cega não tem nada, deveria ser a “luz no fim do túnel”, resolveu brincar com nossa cara, fazer gozações diárias com nossas dores, nos envergonha diante de nós mesmos e mundo… estamos à deriva?

Quero crer, prezado Chaplin, que suas palavras se farão concretas e “os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbirão e o poder que do povo arrebataram, há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá”.

Por enquanto, ficamos com o oposto do seu discurso, prezado palhaço da alegria, nos entregamos a “esses brutais … que nos desprezam … que nos escravizam … que arregimentam as vossas vidas … que ditam os vossos atos, as nossas ideias e os nossos sentimentos”.

E nós, que “até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo…” hoje nos perguntamos: “QUEM ROUBOU NOSSA CORAGEM?”

Por Professora Ivânia Freitas

UNEB-Campus VII-Senhor do Bonfim-Bahia-Brasil

4 COMENTÁRIOS

  1. Excelente texto que descreve com exatidão os dias de letargia em que o povo brasileiro resolveu se enclausurar. Quem roubou a nossa coragem? Socorro!!!!!!
    Parabéns a autora – Professora Ivânia Freitas.

  2. Parabéns lindo texto CORAGEM E VERDADE É O QUE LIBERTA UM POVO DE OLHOS ABERTOS OUVIDOS AFINADOS E AÇÕES GUIADAS PÔR CAMINHOS NÃO DITADOS E SIM VIVIDOS EXPERIÊNCIAS EXPERIMENTAIS EM SINCRONIA COM O ATUAL DIA DO TEMPO VIVIDO …

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