Lula diz que não perdoa Moro, mas que vai cumprir mandado de prisão

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Em seu primeiro discurso público após ter a prisão decretada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, neste sábado (7), que não perdoa o juiz federal Sergio Moro, o Ministério Público e a Polícia Federal terem “mentido” sobre ele, mas afirmou que irá acatar ao mandado de prisão expedido pela Justiça Federal.

“Vou atender o mandado deles. E vou atender porque eu quero fazer a transferência de responsabilidade. Eles acham que tudo o que acontece nesse país acontece por minha causa”, disse Lula em um discurso de cerca de 55 minutos para militantes, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (Grane São Paulo).

Lula foi para o sindicato na noite de quinta-feira (5), logo após ter a prisão decretada pelo juiz federal Sergio Moro. O juiz deu a Lula o direito de se entregar na sede da Polícia Federal em Curitiba até as 17h da última sexta-feira (6).

“Eles sabem que a [TV] Globo mentiu quando disse que era meu [o apartamento tríplex]. A PF mentiu quando disse que era meu. O MPF mentiu quando fez a acusação dizendo que era meu. O Moro mentiu quando disse que era meu. Por isso que sou um cidadão indignado. Já fiz muita coisa nos meus 72, mas eu não os perdoo por ter passado para sociedade a ideia de que eu sou um ladrão”, afirmou o ex-presidente.

Após fazer o discurso, Lula relatou que teve uma ligeira queda de pressão ao voltar para o sindicato. Médicos de prontidão foram acionados, mas, antes mesmo de atendê-lo, o ex-presidente relatava já ter melhorado.

Emocionado e falando com a voz rouca, Lula citou várias passagens de sua trajetória como líder sindical.

No final de seu discurso, disse acreditar que “sairá dessa”. “Sairei dessa maior, mais forte, mais verdadeiro e inocente porque quero provar que eles é cometeram um crime”, disse o ex-presidente. Lula acusou o MPF e a imprensa de terem antecipado a morte de sua mulher, Marisa Letícia, morta em fevereiro de 2017 após um AVC (acidente vascular cerebral).

“Talvez viva o momento de maior indignação que um ser humano vive. Não é fácil o que sofreu a minha família. Não é fácil o que sofreram os meus filhos. Não é fácil o que sofreu a Marisa. E quero dizer que a antecipação da morte da Marisa foi [resultado] da safadeza que a imprensa e o MPF fizeram contra ela. Essa gente, eu acho, não tem filho, não tem alma e não tem noção do que sente uma mãe ou um pai quando vê um filho sendo atacado”, afirmou o ex-presidente.

No caminhão de som de onde faz o discurso, Lula está acompanhado de líderes religiosos e políticos de esquerda como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a presidente nacional do PT e senadora Gleisi Hoffmann (PR), o ex-ministro da Defesa e das Relações Exteriores Celso Amorim e pré-candidatos à Presidência da República, Manuela D´Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL).

Lula foi condenado em primeira e em segunda instância pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso que apurou vantagens indevidas pagas ao ex-presidente pela construtora OAS.

Parte dessas vantagens teriam sido pagas por meio da reforma de um apartamento tríplex no Guarujá (SP). A defesa do ex-presidente nega que Lula tenha cometido qualquer irregularidade no caso. Na segunda instância, Lula foi condenado a uma pena de 12 anos e um mês de prisão.

UOL

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