Euri Mania, Ouro Preto e Perdidos do Norte lançam clipe colaborativo

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Os grupos de rap Perdidos do Norte, Ouro Preto e Euri Mania, da P1 Rappers, lançaram na última quarta-feira (18) primeiro episódio da cypher – música feita por grupos ou mc’s diferentes em colaboração em uma única batida –  intitulada “Cyper Aurora”, com a produção musical de Baiano e produção visual de James Jonathan, gravada pelo selo Aurora Records.

No cenário nacional o rap está sendo cada vez mais consumido, mais ainda é necessário desmistificar o gênero – que ainda é muito marginalizado devido à exposição da realidade periférica nas letras – e a cypher também tem esse intuito, além de agregar um significado de pertencimento à região.

“A união no rap, hip hop, se trata de um abraço: estamos aqui pra lutar pela sua causa”, disse Kozy, da Ouro Preto, se referindo à produção da cypher, que diz também do caráter coletivo que ela tem e da mensagem que passa, de que uma voz é importante, mas várias vozes são um grito mais alto, com maior impacto e, acontecendo no hip-hop, que é construído majoritariamente por e para a periferia, representa também a união, característica marcante do movimento.

A cypher foi gravada na Ponte Presidente Dutra, lugar de passagem e rotina dos “Pernambaianos e Baiambucanos”, conterrâneos de seis dos sete mc’s e do videomaker. A escolha do local em que foi gravada diz muito das intenções da produção que, no final das contas, envolve tanto a produção audiovisual como também os próprios Mc’s, que estiveram presentes durante todo o processo.

De acordo com os Mc’s, a cypher foi feita pensando também em trazer um fundo de esperança com a visibilidade da periferia, um sentimento de liberdade mesmo que momentânea. A expectativa é de que a produção gere identificação com esse desabafo e também um sentimento de coletividade. A letra de cada poeta traz um tema diferente, mas com uma característica em comum, que é o desabafo, um protesto que visa tirar os espectadores da zona de conforto e da individualidade e introduzi-los em uma atmosfera que engloba diversas causas, ideias e estilos.

Fernando, que nasceu e reside no Ceará, viajou até Juazeiro para gravar. Confessou que pra ele foi muito prazeroso fazer parte e ajudar no crescimento da cena do rap na região e disse: “agradeço a todos pela hospitalidade e por terem nos recebido com tanto carinho! Essa cypher representa muitas causas e eu me orgulho de fazer parte disso”. Já o Baiano, que além de Mc é também beatmaker e produtor musical, disse que a Cypher Aurora é, além de tudo, representatividade e união. “Pra mim foi uma honra produzir e idealizar, principalmente por ter sido gravada na terra onde cresci metade da minha vida. As participações são de três irmãos e de um cara que tive o prazer em ter conhecido: o Euri, integrante da P1, primeiro grupo de rap a ‘soltar’ um clipe do vale, me orgulho muito desse ‘trampo’!”, disse o Baiano. O trio intitulado OuroPreto, de Fortaleza-Ce, é formado pelos Mc’s Kozy, Baiano e Fernando e possui em suas letras e músicas influências da música negra Baiana. 

Cada grupo envolvido tem uma trajetória individual dentro do movimento Hip-Hop. A P1 Rappers, que leva no nome uma homenagem ao bairro Piranga 1, representa uma parte da periferia de Juazeiro se tornou expoente do movimento hip hop no Vale do São Francisco e que abriu caminhos para a arte de rua na região. Sobre participar da produção, Euri Mania revela que ficou lisonjeado e agradecido de fazer parte: “Fiquei reflexivo de uma forma muito positiva ao ver como as coisas estão acontecendo, me vi ao lado de vários guris, bem mais novos que eu, e percebi que o trabalho que eu fiz durante esses anos deu frutos, pois mesmo que sem uma influência direta, o trabalho da P1 abriu caminhos para a cena do rap em Juazeiro”.

“Ficamos agradecidos pela disposição dos grupos em trabalharem conosco e ainda porque com isso nós ganhamos experiência e o Vale do São Francisco também. A cypher é um trabalho colaborativo e a cena do rap na região pode aprender muito a partir disso, enxergando a possibilidade de crescer junto e não só a partir de trabalhos individuais”, disse o Lucas S do Perdidos do Norte, grupo fundado por ele e pelo GNZK. O grupo de mc’s teve sua primeira formação como “Beco 13”, já tem no canal do Youtube onze singles, sendo nove deles com produção inteiramente autoral e conta com uma visibilidade crescente. Fizeram participação especial no carnaval de Juazeiro, Petrolina; abertura do show do Gustavo (cantor da Hungria Hip Hop); tocou nos mesmos palcos que artistas já consagrados nacionalmente, como Cíntia Savoli e Rapadura. Hoje, o grupo é formado pelos Mc’s GNZK, Lucas S, AK e o Dj Escobar.

Abaixo, vídeo da Cypher Aurora Ep. 01 e redes sociais dos grupos envolvidos.
Confiram:

Redes Sociais:

James Jonathan (@trcjames)

Perdidos do Norte (@_perdidosdonorte)

Ouro Preto (@ouropretorap)

P1 Rappers (@p1rappers)

 

Matéria: Ananda Fonseca

2 COMENTÁRIOS

  1. Ritmo e poesia…. O RAP é sem dúvida fundamental na cultura hip hop.Nos dias de hoje o rap está incorporado no cenário musical brasileiro. Venceu os preconceitos e saiu da periferia para ganhar o grande público. Dezenas de cds de rap são lançados anualmente, porém o rap não perdeu sua essência de denunciar as injustiças, vividas pela pobre das periferias das grandes cidades.

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