“Se eleito, Bolsonaro sofreria impeachment em menos de 9 meses”

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As eleições brasileiras de 2018 resultarão em uma renovação muito menor do que o cenário político pode fazer imaginar. Essa é a opinião compartilhada pelos cientistas políticos Ricardo Sennes e Bolívar Lamounier. Eles participaram nesta terça-feira (05/06) de um painel sobre o futuro eleitoral durante o Congresso da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital.

Para Sennes, diretor da Prospectiva Consultoria, Jair Bolsonaro tende a despencar nas intenções de voto quando a campanha de fato começar. “Bolsonaro já está acima do teto dele, e acho pouco provável que vá ao segundo turno. Ele é alguém cujos principais cabos eleitorais são os filhos. Imaginar que ele terá condição de fazer uma campanha nacional, em todos os estados, muito difícil. E, se eleito, ele sofreria o impeachment em menos de nove meses, porque tem propostas descabidas”, afirmou, na conversa mediada pelo jornalista Augusto Nunes.

Para o analista, essas eleições não representam “o início de um novo ciclo”, mas sim “o último capítulo do ciclo atual”. Segundo ele, mais até do que o pleito presidencial, as eleições legislativas indicam um perfil que, longe de renovador, tende a ser mais próximo de retrógrado. “Deverá ser o menor percentual de renovação desde os anos 1980. Por um conjunto de razões: muitos deputados não querem alçar voos mais altos num momento conturbado, preferindo garantir seu lugar já existente. Além do quê, estar no Congresso é melhor do que estar preso, ainda que o foro privilegiado tenda a ser reduzido”, lembrou, citando o “pânico generalizado” que a Lava Jato gerou no meio partidário brasileiro.

Para Bolívar Lamounier, diretor-presidente da Augurium Consultoria, basta analisar o histórico político de Bolsonaro para deixar de acreditar que ele poderia implementar um programa reformador que beneficiasse a economia. “Bolsonaro no Congresso, como diria Nelson Rodrigues foi de um ‘silencio de estourar os tímpanos’, não propôs nada. E, enquanto ele tem um coordenador econômico, o Paulo Guedes, que é ultraliberal, ele diz que vai militarizar o ensino. Se ele se elege, não iria se entender com o ministro da Fazenda”, diz.

Comentando sobre outros candidatos não tradicionais, como João Amoêdo e Flávio Rocha, o cientista político afirmou ser impensável tivessem condições de governar sem base partidária. “Eles não têm experiência política, não sabem lidar com o Congresso, não haveria como governar”, diz. Também foi citado o caso de João Doria, que desapontou nas citações espontâneas de intenção de voto no ano passado.

Ricardo Sennes descartou que o resultado das pesquisas eleitorais mais recentes represente uma real previsão do que acontecerá em outubro. “As eleições a rigor não começaram. O processo eleitoral começa sempre com um leque muito amplo e vai, com o tempo, afunilando. Então é preciso olhar com cuidado as pesquisas, porque candidatos como o Bolsonaro já estão fazendo campanha há muito tempo. Mas seu gabinete é voltado apenas a mídia social, e quando começar campanha, não deve se sustentar”, aponta.

Época Negócios

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