Cia Sarau das Seis celebra oito anos de luta e utopia com uma programação diversificada

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(foto: divulgação)

8 é um número sagrado para diversas culturas. No Oriente, é considerado abertura da sorte; na África, possui um simbolismo totalizador; na tradição cristã, remete à ressurreição e à transfiguração; deitado, representa o infinito e é, universalmente, o símbolo do equilíbrio cósmico. Tamanha força simbólica torna ainda mais especial a celebração dos oito anos de uma companhia que também carrega em seu nome um número de intensa simbologia: a Cia Sarau das Seis.

Unindo os significados atribuídos ao número 8 com o poder, a perfeição e a referência de grandes ideais que o número 6 personifica tem-se uma ótima equação do trabalho realizado pela Cia desde o seu nascedouro, em 2010, no município de Jacobina-BA, rima perfeita com Petrolina-PE, cidades que são sedes simultâneas da Cia. Por sinal, viver no limiar é o grande legado do grupo: o liminar entre o físico e o espiritual, o divino e o telúrico, que fazem as montagens encenadas pela trupe de artistas parecerem sucessivos renascimentos, na invenção de novos lugares de atuação e de temáticas inspiradoras.

Ao longo desses oito anos de sonho, de sangue e de América do Sul, os destinos da Cia transitaram entre diferentes motes literários, lendários, místicos e religiosos, que originaram seis encenações:”20 Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada”, inspirada no livro homônimo de Pablo Neruda; “Lembranças de Pedra”, baseada na poesia de Raulino Sampaio; “YABÁS: Deusas do Amor e da Guerra”, em reverência às orixás femininas; “Os Palhaços Aluados encontram a Flauta Mágica”, em diálogo com o universo circense; “Ao Mar”, livre adaptação de Tristão e Isolda; e “Tamboriadores”, um mergulho na musicalidade ancestral percussiva.

A variedade de temas ainda encontra guarida nas diferentes linguagens artísticas que acompanham a realização dos espetáculos da Cia. Como em um Sarau, convivem harmoniosamente a dança, a poesia, a música, o teatro, o circo, a contação de história e tudo o mais que possa promover um diálogo sensível com os/as espectadoras/es. Os lugares de apresentação também expressam essa diversidade, ampliando a potência do encontro em espaços como as ruas, praças, teatros, salas, terreiros e os mais múltiplospalcos da vida.

Como explica a artista Fernanda Luz, uma das integrantes do grupo, a necessidade de ter um espaço para o fazer artístico foi o que impulsionou o surgimento da Cia. “Como esse lugar não existia, e o que tinha não abria as portas para os artistas, o grupo foi pra as ruas, pois a rua é de todas/os e ninguém poderia dizer não”,afirma ela. Além de Fernanda e dos fundadores Antônio Pablo e Lua Mandala, seguem firmes no vapor da luta e da utopia as/os tripulantes Ingrid Beatriz, Nanna Gonçalves, Marcos Aurélio, Antônio Carvalho e Iago Setúbal, navegando “em marés agitadas e inspiradoras e calmarias profundamente inquietantes e poéticas em busca do que não se vê, mas se presencia”, como define Fernanda.

Para corresponder a uma história tão variada, uma programação diversificada e com ações descentralizadas celebrará esta semana em Petrolina os oito anos da Cia Sarau das Seis. A abertura acontece nesta sexta-feira (15), às 20h, com o solo Tempo Menino, atuação de Rogério Xavier e direção de André Chaves, no Espaço Cultural Janela 353, com ingressos a R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). No sábado (16), o Janela 353 sediará mais três momentos, a partir das 17h: Fernanda Luz apresenta o solo Três Pontos, seguido do lançamento da Revista Ruadas6/O Manifesto e da exibição do filme Grande Sertão: Veredas. A entrada é gratuita.

No domingo (17), será a vez da Festa no Quintal, com a feijoada de dona Linda às 11h, no valor de R$ 10, e o show gratuito Tamboriadores e Maércio José Tio Zé Bá às 15h, na Rua Riachuelo, 85, bairro Palhinhas (próximo ao supermercado Makro). O encerramento da programação será na segunda-feira (18), às 19h, no Espaço Cultural da Câmara de Vereadores de Petrolina, com o lançamento dos projetos da Cia Balançarte aprovados no Funcultura Geral 2016/2017 e a mesa “Quando a política pública dança?”.

No centro, na periferia, no terreiro, na casa do povo, com solo, comida, filme, revista, show, mesa redonda e até uma TV para quem quiser acompanhar a estreia da seleção na Copa do Mundo compõem a miscelânea celebrativa dos oitos anos da Cia Sarau das Seis. Não deve ser por acaso que essa comemoração acontece exatamente no sexto mês do oitavo ano da década. Novas aberturas, renascimentos, invenções e transfigurações devem estar vindo por aí, em equilíbrio cósmico com os grandes ideais que fazem da vida e da arte desses artistas um permanente ato de coragem, no infinito limiar do sonho e da realidade.

Ascom

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