“Manu: A mulher que me representa”, por Célia Regina Carvalho

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Hoje amanheci com vontade de falar de Manu D’Ávila e por que a defendo como integrante da chapa majoritária do presidente Lula.

Manu D’Ávila me representa. Não é só por ser mulher, mãe, feminista, política e socialista. Ela me representa por ter coerência, clareza e discernimento, sobretudo nas bandeiras que escolheu para erguer em sua vida pública.

Dias atrás, páginas de revistas e jornais em todos os “Brasis” falavam da bravura de Manu ao enfrentar o machismo de repórteres em um determinado canal de televisão. Nas redes sociais, as pessoas falavam sobre essa bravura como se esse fosse um ato isolado de uma mulher com a trajetória de Manu D’Ávila na política, em um país estruturalmente patriarcal e machista como é o Brasil.

O que não sabem aqueles que não militam dentro dos partidos políticos é do quanto nós, do sexo feminino, temos que ter bravura e coragem para defendermos a mulher, a mulher negra, a mulher quilombola, a mulher trans, a lésbica e assim por diante, em cada milímetro de espaço que colocamos os nossos pés. Nós mulheres, temos que ter também, muita valentia para defendermos o gay, o negro, o pobre, o analfabeto e o semi-analfabeto que não teve acesso, sequer a educação pública com ou sem qualidade, na maioria das vezes por ser o arrimo da família.

Não é fácil usar a nossa sensibilidade feminina para sugerirmos, criarmos e implementarmos políticas públicas que contemplem as pessoas dentre as quais estamos incluídas, que foram e são invisibilizadas por governos e sociedades por centenas de anos, em meio a disputas pessoais, familiares, machistas, sexistas e misóginas.

Quando olho para Manu D’Ávila filiada ao PCdoB, partido com quase 90 anos de existência e com uma história de luta que admiro e respeito de verdade, só imagino que, dentro dele, ela não viva num cenário muito diferente do que eu e milhões de mulheres vivemos diariamente em outros partidos quer sejam de esquerda ou de direita. Dentro do partido, eu tenho minhas dúvidas, porém, fora dele tenho a mais absoluta certeza do quanto Manu enfrenta grosserias gratuitas por partes dos homens que já se sentem eternizados e proprietários dos governos, mesmo que, soberanamente eleitos pela população.

No campo da política, muitas vezes, as disputas com as mulheres tornam-se públicas não pelo bem estar social comum, mas pela necessidade de expor e tentar ridicularizar a figura feminina com a intenção final de excluí-la do embate pelas vias da distorção dos fatos. Inúmeras vezes, atacam a vida pessoal de uma mulher na tentativa de vê-la fora das disputas políticas. Não é raro, ouvirmos e lermos a respeito da vida sentimental e até sexual das mulheres que ocupam funções públicas na tentativa de macular a sua imagem pública, quando ao mesmo tempo, votam e elegem homens: adúlteros, prostitutos, pedófilos, violentos, espancadores de suas namoradas, esposas e mães, agressivos, traficantes e até assassinos.

Aprendemos na vida pública o quanto para as mulheres, julgamento e sentença têm pesos e medidas diferentes das que recebem os homens. Aos homens, sempre cabe algum tipo de justificativa, enquanto à mulher cabe sempre a sentença de culpa e morte, quer seja moral, política ou física.

Não falta quem tente calar a voz de uma mulher e isso já aconteceu comigo inúmeras vezes. Berros, gritarias e murros nas mesas são práticas habituais. Nem sempre eles tentam passar as mãos como fez o pastor que colocou a mão no seio de Ariana Grande no velório de Aretha Franklin, só usam desses métodos, quando imaginam que estamos vulneráveis aos ‘desencantos’ deles. Na verdade quando percebem a nossa força, como é o caso de Manu, o que vale mesmo é o grito, a tentativa da porrada, a rasteira, a exposição barata, os ataques sórdidos e as ameaças vis!

Imaginem garotas, para quem vive num mundo como esse o que seria um ‘Roda Viva’!?

E por que acordei com essa vontade de falar sobre esse assunto justo agora, quando estamos prestes a escolher candidatas?  Todos nós temos interesses em eleger alguns (as) desses candidatos que concorrem ao pleito atual, portanto, esse é o melhor momento para, como diria Manu D’Ávila: “Lutarmos como uma garota”.

Precisamos refletir melhor que candidatos vamos eleger para nos representar durante os próximos quatro anos na Assembleia, no Congresso, no Senado, no Governo Estadual e na Presidência da República.

Há que se analisar as propostas de cada candidato! Há que se fortalecer a luta daqueles que estão engajados na mudança estrutural da nossa sociedade que possa garantir direitos iguais às mulheres, independente da classe social, da cor, raça, credo ou nível intelectual!

Reflita e, enquanto você não vem fazer parte de um desses partidos políticos, que defendem as causas que você acredita, fortaleça a luta das que sofrem para defendê-las!

Célia Regina Carvalho
Mulher, hetero, cristã, feminista, petista, socialista, antiracista, defensora da vida.

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