(foto: Semário Andrade)
Cerca de 100 agricultores da região do Riacho Tourão, comunidade localizada na zona rural de Juazeiro, estão há 15 dias sofrendo com a falta de água para irrigar a plantão e para o consumo dos animais. A informação foi passada por produtores, no programa Palavra de Mulher na web desta quarta-feira (26) e segundo eles, o corte no abastecimento foi realizado pela Agro Indústrias do Vale do São Francisco S.A. (Agrovale), empresa responsável pelo monitoramento da qualidade da água e controle ambiental na comunidade.
De acordo com um dos produtores, José Adriano de Andrade, a empresa controla o abastecimento de água na comunidade há mais de 30 anos e neste mês suspendeu o fornecimento sem qualquer comunicação aos agricultores. Ele informou ainda que os trabalhadores foram pegos de surpresa e não sabem o motivo da interrupção.
Adriano também relatou que, com o riacho seco, os agricultores já contabilizam perdas na produção e os animais estão morrendo de sede. “Estamos em situação de calamidade. Deveriam ter comunicado para que a gente pudesse se adequar e procurar outros meios para evitar que a nossa plantação morresse. Dependemos dessa água para alimentar os animais e irrigar as plantas. Precisamos saber porque o corte no abastecimento. Os produtores estão desesperados”, disse.
Ainda segundo o produtor, a água de reaproveitamento que a empresa fornecia para a comunidade, está sendo desperdiçada e que a empresa deveria repassar 25% aos pequenos produtores, porém menos de 3% é disponibilizado.
Ainda durante a entrevista, os agricultores informaram que apesar da Agrovale não efetuar cobrança de nenhuma taxa pelo fornecimento, as famílias da comunidade se mostram dispostas a pagar para ter o recurso de volta.
Eles alegam que estão enfrentando dificuldades e que os prejuízos estão afetando todas as famílias.
“O ecossistema foi totalmente agredido. A Agrovale fala tanto em ecologia, mas não respeitou. Estamos numa situação difícil. O ecossistema da comunidade sobrevive dessa água e das plantações, que são irrigadas através dessa água que era fornecida. Só queremos água”, disse o produtor José Virgílio de Carvalho.
O produtor informou que toda a produção de caprinos, ovinos, peixes e plantações de manga, coentro, maracujá, feijão de corda, melão, goiaba, tomate, cebola, dentre outros, estão ameaçadas devido a falta d’água.
Eles contaram que já buscaram ajuda ao Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), mas não obtiveram resposta. Ainda segundo os produtores, o Sindicato dos Produtores Rurais de Juazeiro tentou mediar a resolução do problema junto a empresa, o que ainda não aconteceu.
Eles prometem buscar apoio de políticos da cidade e órgãos municipais e estaduais.
“Apelo para que o prefeito de Juazeiro, vereadores, deputados, entrem nessa luta por nós. Não temos dinheiro para pagar um carro pipa, que custa R$ 400”, declararam.
Confira a entrevista na íntegra
O PNB enviou a reclamação dos agricultores para a assessoria de comunicação da Agrovale, que em nota, se manifestou sobre o caso.
Veja nota na íntegra:
Nota de esclarecimento
A Agrovale, em conformidade com a atual Política de Gestão Ambiental e recomendações externas decorrentes da crise hídrica que tem passado o Vale do São Francisco e em busca da melhoria contínua no uso racional da água, tem priorizado a implantação em seus campos do sistema de irrigação por gotejamento e reduzindo consideravelmente o volume de água utilizado em seus processos agrícolas e industriais.
Em relação à provável utilização por terceiros da água destinada a Agrovale, a empresa esclarece que desconhecia essa finalidade paralela aos seus trabalhos e que está buscando junto aos órgãos públicos municipais uma solução satisfatória para o caso.
Da Redação por Thiago Santos
