Professores da UNEB de Juazeiro emitem carta de apoio à greve das UEBA’s

0

(foto: divulgação)

Professores da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) Campus III, em Juazeiro, encaminharam à imprensa uma carta com a socialização das pauta de reivindicações do movimento docente que deliberou pela Greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira (09) em três das quatro universidades estaduais da Bahia, (UEFS, UESB e UNEB).

Dentre as problemáticas estão o contingenciamento da verba destinada para investimento e manutenção das universidades estaduais. No ano passado, apenas 4,45% da Receita Líquida de Impostos (RLI) chegaram às Universidades Estaduais da Bahia (UEBA), o menor percentual desde 2015.

Leia na íntegra:

No momento histórico para a comunidade acadêmica da Universidade do Estado da Bahia, os professores e professoras decidiram em Assembleia Docente, realizada em 4 de abril, paralisar as atividades por tempo indeterminado, a partir desta terça-feira (09/04), para garantir a defesa da instituição de ensino público em todo o Estado e para exigir respeito aos direitos trabalhistas, conquistados ao longo dos anos.

Queremos compartilhar com a sociedade baiana, e particularmente da região Vale do São Francisco, os motivos que nos levaram a adotar a greve como instrumento de luta dos trabalhadores da educação.

A Universidade do Estado da Bahia – UNEB – é um patrimônio cultural e educacional de toda a Bahia, instalada em 24 campi, 29 departamentos, atende milhares de alunos e alunas, a maioria de origem popular, são indigenas, quilombolas, dentre outros. Uma universidade pública e gratuita que atua no desenvolvimento regional, ofertando cursos de graduação e pós graduação de excelência.

No Vale do São Francisco, temos 50 anos de existência, colaborando com a formação de Engenheiros Agrônomos, Pedagogos, Bacharéis em Direito, Jornalistas, Administradores e Graduados em Bioprocesso. Somos reconhecidos como centro de excelência na pesquisa, promovendo o acesso às novas tecnologias no campo, à agricultura familiar e irrigada; à formação de pedagogos e coordenadores pedagógicos de toda a região, desde os profissionais da sede até de municípios de toda região Norte, de Euclides da Cunha a Sento Sé, jornalistas e comunicadores que atuam nos diversos meios de comunicação e advogados, que têm ingressado, também, como Juízes, Promotores, Defensores Públicos, Procuradores Estaduais e Federais, com o objetivo de promoverem o acesso à justiça.

Além da graduação, temos em pleno funcionamento três Programas de Pós-Graduação a nível de Mestrado: Educação, Cultura e Territórios do Semiárido (PPGESA); Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH), Programa de Pós-Graduação em Agronomia: Horticultura Irrigada (PPGHI) e o Doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental (PPGEcoH), recentemente aprovado.

Contudo, nos últimos anos, a Universidade do Estado da Bahia tem sofrido um ataque sistemático na promoção da educação pública e de qualidade. A administração do Governador Rui Costa vem atuando para retirar a autonomia das instituições de ensino, promovendo todos os anos contingenciamentos dos recursos orçamentários que comprometem o funcionamento básico da instituição e a função social desta universidade.

Apesar da universidade ter ampliado o número de cursos de graduação e de pós-graduação stricto sensu, não tem havido aumento das vagas docentes, nem havido concursos públicos. Ao longo dos anos, a UNEB tem sido uma referência na qualificação e formação de pessoal, no acesso ao ensino superior com qualidade humana e técnica, além da excelência nas produções científicas desenvolvidas e entregues à sociedade.

Não obstante tenhamos ampliado a nossa inserção em toda área educacional, o governo tem atuado para destruir conquistas e direitos trabalhistas como Licença Prêmio e Sabática, direitos à promoção e progressão de carreira e limitado a concessão do regime de Dedicação Exclusiva.

Além disso, implantou sistema de RH Bahia, cuja gestão das atividades e da vida funcional dos servidores passa a ser controlada diretamente pela Secretaria da Administração do Estado da Bahia (SAEB), retirando totalmente a autonomia das universidades.

Além destas violações aos direitos trabalhistas, servidores estão com o salário congelado e sem o reajuste linear da inflação, sem reposição da inflação, que já acumula perda de 25%; o Governo da Bahia também aumentou a alíquota previdenciária de 12% para 14%, resultando na diminuição dos salários e numa espécie de reforma tributária disfarçada.

Todos esses problemas levaram-nos, professores e professoras, a adotar a greve como instrumento de luta para garantir também a própria existência da Universidade do Estado da Bahia.

Sendo assim, conclamamos toda a sociedade a nos apoiar nesse movimento em defesa da Universidade Pública, gratuita e de qualidade e dos direitos trabalhistas dos docentes.

A nossa pauta de reivindicações compreende:

 Reajuste dos salários que contemple as perdas acumuladas;
 Garantia do orçamento integral das universidades
 Revogação das alterações feitas nos direitos dos docentes, incluindo a Licença Sabática;
 Garantia dos direitos integrais, inclusive de afastamento com remuneração para qualificação;
 Desbloqueio da progressão na carreira docente, com imediata publicação das progressões já aprovadas;
 Ampliação do número de vagas docentes e abertura de concurso público;
 Melhoria da Assistência Estudantil

Por respeito à Universidade Pública e Popular, solicitamos que toda a sociedade venha nos apoiar e lutar por esta instituição de ensino.

Professores do Campus III, Juazeiro, Universidade do Estado da Bahia.

Nesta terça-feira (09), a VI Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura) discute sobre Educação pública: o fechamento das escolas do campo, o sucateamento das universidades e a greve como forma de reivindicação na UNEB de Juazeiro.

Da Redação

DEIXE UMA RESPOSTA

Comentar
Seu nome