Liberdade de expressão não pode servir para a alimentação do ódio, diz Toffoli

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presidente da Corte, Dias Toffoli, que fará um discurso sobre o reinício dos trabalhos forenses. Participam da solenidade os ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Defesa, Fernando Azevedo, e da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, disse nesta quarta (17) que os limites da liberdade de expressão estão estabelecidos na própria Constituição e que não se pode deixar o ódio entrar na sociedade. “A liberdade de expressão não pode servir à alimentação do ódio, da intolerância, da desinformação. Essas situações representam a utilização abusiva desse direito. Se permitimos que isso aconteça, estaremos colocando em risco as próprias conquistas obtidas em 1988”, afirmou.

Toffoli deu as declarações durante palestra promovida pela Congregação Israelita Paulista, na região central da cidade de São Paulo. Sem falar especificamente da censura aos sites O Antagonista e da revista Crusoé, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, Toffoli disse que existe um uso abusivo do direito, que é preciso ser praticado “em harmonia com os demais direitos”.

Ele citou como exemplo decisão do próprio Supremo contra a publicação de um livro de teor antissemita, em 2004. “O poder no Brasil é plural. O poder que não é plural é violento”, disse, acrescentando que falou a mesma coisa em seu discurso de posse.

O presidente do Supremo também citou frase da escritora alemã Hannah Arendt, que disse que tentações totalitárias podem sobreviver ao fim de regimes totalitários. Chamou a pregação de ódio de “ovo da serpente”.

Antes do evento, houve confusão na rua em frente por causa de uma manifestação. Um grupo contrário a Toffoli espalhou tomates na rua e bateu boca com sindicalistas que foram ao local com cartazes contra a ditadura e fake news. Tomates foram atirados entre os grupos, e a Polícia Militar bloqueou a via.

O presidente do Supremo determinou há um mês a abertura de um inquérito sobre ameaças, ofensas e notícias falsas contra membros da corte. A iniciativa inicialmente foi criticada por procuradores da Lava Jato, que vinham manifestando em redes sociais oposição a decisões do Supremo, e provocou atritos institucionais nesta semana.

Na sexta (12), o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, determinou que fosse retirada do ar reportagem da revista Crusoé sobre um documento no qual o delator Marcelo Odebrecht diz que o atual presidente da corte foi chamado de “amigo do amigo de meu pai” em uma troca de emails da empreiteira, em 2007 – a notificação chegou na segunda (15).

Na terça (16), a Polícia Federal cumpriu novos mandados de busca contra sete pessoas suspeitas de publicar ofensas contra os ministros do STF. Entre eles, estão dois ex-candidatos na eleição de 2018, como o general da reserva Paulo Chagas (PRP-DF).

Também na terça, a procuradora-geral, Raquel Dodge, disse ter suspendido o inquérito por entender que o Ministério Público, e não o próprio Supremo, é quem deveria decidir se dá continuidade no caso. Moraes entendeu que a manifestação de Dodge não tinha amparo legal, e o inquérito foi prorrogado por 90 dias.

 

Fonte Folha Press

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