Explosões no Sri Lanka: o que se sabe sobre ataques a hotéis de luxo e igrejas católicas durante celebração da Páscoa

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(foto: reprodução)

Uma série de explosões em hotéis de luxo e igrejas católicas durante a celebração da Páscoa no Sri Lanka deixou pelo menos 207 mortos e 450 feridos, na maior onda de violência já registrada no país na última década.

Os atentados foram registrados na capital, Colombo, e nas regiões de Katana e Batticaloa por volta das 8h45 (0h15, no horário de Brasília).

Autoridades contabilizaram oito explosões. Três igrejas foram alvos dos ataques, que aconteceram durante as missas de Páscoa. Os hotéis cinco-estrelas Shangri-La, Kingsbury, Cinnamon Grand e um quarto hotel, todos em Colombo, também foram atingidos. Houve ainda uma explosão num complexo de casas.

Nenhum grupo reivindicou autoria das ações até o momento, mas pelo menos 13 pessoas já foram detidas. Autoridades dizem que maioria das explosões foram ataques suicidas. As autoridades do Sri Lanka temem por trás dos ataques estejam militantes do Estado Islâmico que retornaram do Oriente Médio.

Ainda no domingo, a Força Aérea do país disse ter encontrado mais um explosivo caseiro (que foi removido) em uma área próxima ao principal aeroporto de Colombo.

Outras duas explosões foram registradas durante buscas da polícia por suspeitos: uma perto do zoológico, no sul de Colombo, e outra no distrito de Dematagoda, resultando na morte de três policiais.

O governo impôs toque de recolher das 18h às 6h (horário local) e anunciou que iria bloquear temporariamente o uso das principais redes de mídia social no país.

Azzam Ameen, correspondente da BBC no Sri Lanka, afirma haver rumores de mais ataques. Segundo ele, a polícia tem orientando as pessoas para ficar dentro de suas casas e permanecer calmas. “Mas há um pouco de pânico”, diz Ameen.

O correspondente da BBC diz que desde 2009 o país não via atentados dessa magnitude.

Grupos extremistas
Autoridades no Sri Lanka dizem que os ataques foram planejados e coordenados, apesar de declararem ainda ser cedo para dizer quem está por trás das explosões.

Ao anunciar o toque de recolher, o ministro da Defesa, Ruwan Wijewardane, disse: “Tomaremos todas as medidas necessárias contra qualquer grupo extremista que esteja operando em nosso país”.

Sem dar detalhes, Wijewardane também disse que “todos os culpados” estão sendo identificados e “levados em custódia o mais rápido possível”.

Outro ministro, Harsha de Silva, descreveu “cenas horríveis” no Santuário de Santo Antônio em Kochchikade, dizendo ter visto “muitas partes do corpo espalhadas”.

Imagens que circularam nas redes sociais mostravam seu interior com um teto quebrado e sangue nos bancos. Pelo menos 67 pessoas morreram nessa igreja.

Imagens da igreja de San Sebastián em Negombo, a 40 quilômetros da capital Colombo, também sugerem a gravidade da explosão.

Um funcionário do hotel Cinnamon Grand disse à agência de notícias AFP que a explosão causou danos ao restaurante do hotel e que menos uma pessoa morreu.

A grande maioria das vítimas era cingalesa, inclusive dezenas que compareciam à igreja para a missa de Páscoa. Pelo menos 27 estrangeiros morreram nos ataques, entre eles cinco britânicos, “diversos americanos” (segundo o Departamento de Estado dos EUA), três dinamarqueses, dois turcos, um holandês, três indianos e um português.

O premiê cingalês, Ranil Wickremesinghe, disse em entrevista coletiva que estão sendo investigadas as suspeitas de que a inteligência do país tivesse de antemão informações sobre os ataques, mas não agiu.

“Vamos analisar por que precauções adequadas não foram tomadas. Nem eu nem os ministros fomos informados”, declarou. “(Mas) agora a prioridade é apreender os agressores.”

O Papa Francisco, em seu tradicional discurso de Páscoa no Vaticano, condenou os ataques como uma “violência cruel” contra cristãos.

“Soube com tristeza e dor as notícias sobre os graves ataques, que precisamente hoje, Páscoa, levou luto e dor às igrejas e outros lugares onde as pessoas estavam reunidas no Sri Lanka”, disse Francisco a milhares de pessoas que acompanhavam as celebrações do Domingo da Ressurreição na Praça de São Pedro.

“Confio ao Senhor aqueles que morreram tragicamente e rezo para os feridos e por todos aqueles que estão sofrendo por causa desse dramático evento”, afirmou Francisco, que esteve no Sri Lanka em 2015.

Anarquia e caos
Em sua conta no Twitter, o ministro da Economia, Mangala Samaraweera, disse que o ataque parece ser “uma tentativa bem coordenada de criar anarquia e caos que mataram muitas pessoas inocentes”.

Violência dessa magnitude não era vista no país desde 2009, quando acabou uma violenta guerra civil: foram derrotados os combatentes rebeldes do chamado Tigres de Libertação da Pátria Tâmil, que haviam lutado por 26 anos por um país independente para a minoria étnica tâmil. Estima-se que a guerra tenha deixado entre 70 mil e 80 mil mortos.

Desde então, houve casos de violência esporádica, especialmente com membros da maioria budista cingalesa que perpetraram ataques contra mesquitas e outros edifícios de propriedade de muçulmanos.

Em março de 2018, foi declarado estado de emergência depois de membros da comunidade majoritária budista Sinhala terem atacado mesquitas e propriedades da minoria muçulmana.

Religião no Sri Lanka
O budismo Theravada é a maior religião do Sri Lanka, com adesão de cerca de 70,2% da população, segundo o censo mais recente. É a religião da maioria cingalesa do Sri Lanka.

Hindus e muçulmanos compõem 12,6% e 9,7% da população, respectivamente. O Sri Lanka é também o lar de cerca de 1,5 milhões de cristãos, segundo o censo de 2012, a grande maioria deles católica romana.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) condenou os atentados no Sri Lanka. Em sua conta no Twiiter, o brasileiro disse que “o extremismo deixa rastros de morte e dor”.

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, também usou o Twitter para se manifestar em relação aos ataques no Sri Lanka. May escreveu que os “atos de violência contra igrejas e hotéis no Sri Lanka são realmente chocantes”.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tuitou “sinceras condolências” pelos “horríveis ataques terroristas”.

G1

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