Senhor do Bonfim: Guerra de Espadas termina em violência; Estudante perde a visão atingida por bala de borracha

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A criminalização da Guerra de Espadas pelo Ministério Público, em Senhor do Bonfim, que proibiu a manifestação cultural nos festejos juninos, terminou em confronto entre espadeiros e a Polícia Militar. No dia 23, houve resistência em defesa da tradição e um grupo foi para as ruas. A Polícia tentou inibir a ação dos manifestantes e cerca de 40 pessoas ficaram feridas, segundo informações apuradas pelo PNB.

“O pessoal se reuniu para manifestar e estava soltando morteiros e bombas. Ninguém soltou espadas, foi quando os policiais chegaram e começaram os confrontos. Fizemos um levantamento nos postos de saúde e tivemos duas pessoas atendidas com ferimentos leves, 27 com ferimentos de bala de borracha, e sete por efeitos do gás lacrimogênio. A quantidade de feridos foi maior que na guerra de espadas”, relatou George Nascimento, representante da Associação Cultural de Espadeiros de Senhor do Bonfim (Acesb).

Entre os feridos no confronto, está a jovem Fabíola de Jesus Cardoso, estudante do curso de Enfermagem da Universidade do Estado da Bahia. A jovem foi atingida no olho, por um tiro de bala de borracha e corre o risco de perder a visão.

A Prefeitura de Senhor do Bonfim tentou derrubar a decisão judicial que, desde 2017, proíbe a manifestação, alegando a importância da Guerra de Espadas para a economia e cultura do município. Baseando-se no Estatuto do Desarmamento a Justiça proibiu a manifestação, a pedido do MP.

Na tarde de hoje (25), a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus VII de Senhor do Bonfim, divulgou nota lamentando o fato com a estudante e repudiando a ação policial.

“A Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus VII de Senhor do Bonfim,vem a público lamentar profundamente a ação violenta da Polícia Militar da Bahia na noite de São João deste ano na cidade de Senhor do Bonfim- BA.

Fabíola de Jesus Cardoso, estudante do curso de Enfermagem desta Instituição, foi vítima de um disparo de bala de borracha em um dos olhos e teve que ser removida para um hospital de referência em Recife- PE.

A Universidade acompanha preocupada a situação de Fabíola. E, infelizmente, conforme informações da família foi confirmado o diagnóstico da perda de visão.

O cumprimento de uma ordem judicial, fruto de provocações, no mínimo, questionáveis do Ministério Público do Estado da Bahia, não pode justificar tais barbaridades.

O momento exige lucidez das autoridades envolvidas já que a prática quase centenária de tocar espadas em Senhor do Bonfim, agora criminalizada, nunca registrou fatos dessa natureza.

A cultura de um povo não pode ser alvo de um tratamento que, não bastassem os prejuízos imateriais, ameaçam a integridade física das pessoas.

A UNEB, portanto, toma a iniciativa de propor um inadiável e amplo diálogo entre a população, as autoridades e as instituições, no sentido de se buscar soluções para esse impasse, que já dura três anos, com enfrentamentos que, se não resolvidos, trarão consequências ainda piores do que este golpe sofrido por Fabíola e sua família”.

Senhor do Bonfim, 25 de junho de 2019/ Universidade do Estado da Bahia, Campus VII, Senhor do Bonfim, Bahia/ Ascom Uneb

Da Redação

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