“A situação das muriçocas em Juazeiro está fora de controle”, afirma biólogo

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“Está insuportável!Não vejo nenhuma providência sendo tomada para livrar a comunidade deste inferno.” “O que a prefeitura está fazendo para resolver o problema? Nem o carro fumacê vemos mais. Jogaram a toalha para as muriçocas?”

Estes são questionamentos comuns entre os moradores de Juazeiro, incomodados com a invasão das muriçocas. A revolta da população, que sente o problema na pele, é grande. Noites mal dormidas, desconforto e muita irritação em ter que conviver com um problema que se arrasta há anos e parece sem solução.

De onde vêm estas visitantes indesejáveis que aportam na cidade, sempre nesta época do ano?

O Preto No Branco conversou com o biólogo e professor Djalma Amorim que prestou alguns esclarecimentos e afirmou, que considera a situação ” fora de controle”, sendo necessária uma intervenção urgente para que se resolva o problema.

O técnico disse que trata-se de um problema multifatorial e enumerou alguns fatores.

Segundo ele, o Ministério da Saúde preconiza que os municípios realizem seis ciclos de combate ao mosquito da dengue, o Aedes Aegypti e, por tabela, este serviço também combate outros mosquitos, porque os criadouros são comuns.

” Este trabalho é importante e deve ser realizado com rigor, cumprindo os seis ciclos. No ano passado, Juazeiro realizou três ciclos e iniciou o quarto, mas não concluiu. O que acontece é o seguinte: se combate um foco hoje, coloca o larvicida e o agente deve retornar em um prazo de 2 meses, que é o período do ciclo. Se ele não retornar, a área vai ficar descoberta cria-se ali um potencial criadouro do mosquito.

Djalma Amorim, que é técnico da antiga 15a Dires, também chama atenção para o crescimento do número de residencias de Juazeiro ” Juazeiro cresceu, o número de domicílios aumentou em cerca de 12 mil casas, com o programa Minha Casa Minha Vida e o número de agentes de endemias  deve acompanhar este crescimento para atender a demanda”, esclareceu.

Entre os diversos fatores que desencadeiam o problema, o técnico cita a falta do saneamento, a queima da cana pela empresa Agrovale, a falta de limpeza nos canais da cidade e a falta de educação sanitária.

” São vários os fatores disparadores do problema. O saneamento que nunca se conclui, água estagnada em todo canto da cidade, matagais, a limpeza dos canais de macro drenagem só é feita quando chega ao limite e a água já não escoa, falta um trabalho de manutenção constante e também há de se considerar que muitas pessoas não têm educação sanitária e não cuidam bem de suas casas. casas

O técnico também cita outro fator: a queima da cana pela Agrovale  “ o processo da queima desaloja os vetores que, em fuga, procuram lugares seguros e o mosquito pode voar mais de 20 km, aproveitando a deriva eólica. Assim a possibilidade do aumento da muriçoca pela queima da cana pode ser considerada,” afirmou.

Ele também chama atenção para a forma como o fumacê é feito ” O fumacê é um paliativo. Mas para ter eficácia, um tratamento espacial com fumacê deve ser realizado de forma técnica e com responsabilidade, tem que se cumprir todas as etapas, porque a cada passada que se faz em um determinado local, elimina-se em torno de 20 por cento dos mosquitos adultos. O que se vê é que o carro passa um dia por um bairro, uma rua e não volta ao local para concluir o ciclo. O problema tem solução técnica, mas o município está pecando nisso”, ressaltou Djalma.

O biólogo, morador de Juazeiro, alerta: ” Na minha avaliação, a situação está fora de controle. As autoridades do Estado, Município, União, Ministério Público e órgãos ambientais deveriam montar um comitê de crise para resolver a situação, senão a comunidade vai continuar amargando este desconforto.

Da Redação

 

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