A decisão do Ministério Público da Bahia (MP-BA) que recomendou à prefeitura de Senhor do Bonfim que não promovesse, preparasse, apoiasse ou cooperasse com a execução da guerra de espadas na cidade, não impediu que os espadeiros mantivessem a tradição da guerra de espadas na noite de São João.
Mesmo sob ameaça de prisão em flagrante pelo “crime previsto na lei de combate à posse e comercialização de armas de fogo e munição e pagamento de multa, o que valeu foi a resistência de manter vivo o patrimônio cultural e imaterial da cidade.
Na noite de ontem(23) os bonfinenses realizaram várias manifestações de protesto à medida, sob o som e a luz das espadas.
Segundo informações de fontes do PNB, a Polícia Militar viu a manifestação cultural, proibida pelo MP, acontecendo e ninguém foi preso. A guerra pacífica das espadas desafiou a decisão judicial e a adesão dos bonfinenses foi ainda maior que a dos último anos.
” Em todos os anos que acompanho a guerra de espadas, jamais vi tanta gente nas ruas. Até quem não participava da manifestação, participou este ano. As fogueiras foram acesas. Esta ação do MP fez foi despertar a vontade da população de manter sua tradição. Foi uma noite emocionante e muito bonita. Teve protesto. Eu nunca vi uma guerra tão forte e com tanta participação popular,” declarou Ricardo Bitencourt, ex diretor de cultura do município.
A professora bonfinense Maria Glória da Paz amanheceu o dia de hoje saudando a sua terra. Ela expressou seu sentimento no facebook e o mesmo sentimento foi compartilhado por centenas de filhos e amigos da terra da Guerra de Espadas.
“Foi bonita a festa. Fiquei contente. Ainda guardo renitente o velho cravo para mim”! Com estes versos de uma canção que fala da revolta dos cravos, eu me ouso a homenagear os espadeiros, escudeiros desta tradição e a nossa população que junta rompeu a arrogância e defendeu, galhardamente, a sua ancestralidade. Bom dia, minha Bonfim! Hoje eu te reconheço ainda mais. Hoje você me representa mais ainda. Parabéns por mostra-se aguerrida, destemida e altaneira”, comemorou a filha orgulhosa da sua terra e da sua gente.
Da Redação