Lula já começou a depor ao juiz Sergio Moro

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O interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feito pelo juiz Sergio Moro, começou pouco depois das 14 horas na Justiça Federal de Curitiba. Lula chegou às 13h48m ao prédio da Justiça Federal em Curitiba. Desceu do carro no meio dos simpatizantes e caminhou por cerca de dois minutos, cumprimentando e acenando. Vestidos de camisas vermelhas, os militantes recepcionaram o ex-presidente aos gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”.

O ex-presidente caminhou até o ponto de bloqueio montado pela Polícia Militar (PM) na rua do fórum, onde subiu no carro novamente para percorrer mais cerca de 100 metros até o prédio da Justiça.

Antes da chegada de Lula, os cerca de 300 militantes que se concentravam no local trocaram alguns xingamentos com moradores de prédios vizinhos, que, vez ou outra, saíam na janela para gritar palavras contra o petista. Os manifestantes respondiam com o coro: “Fora, coxinha”.

Em outro ponto do bloqueio montado pela PM, um grupo de cerca de 20 manifestantes, com bonecos do ex-presidente vestido de presidiário e do juiz Sergio Moro, protestavam contra o ex-presidente. Nos semáforos, ambulantes vendiam os bonecos por R$ 20 cada.

Pela manhã, em entrevista coletiva na sede do PT do Paraná para falar sobre o depoimento de Lula nesta tarde, integrantes do partido e de movimentos sociais criticaram a Lava-Jato.

— A Lava-Jato tem uma consequência social gravíssima. Na CUT, a gente tem estudado, que a cada preso na Lava-Jato nós tivemos mais 22 mil desempregados no Brasil. Todo um setor de construção civil pesada foi desmontado com uma operação que não para nunca. E quem está pagando a conta somos nós, trabalhadores — disse Roni Barbosa, secretário de comunicação da CUT nacional.

Alexandre Padilha, um dos vice-presidentes do PT, criticou o que chamou de “seletividade” da Lava-Jato contra o PT e disse que Lula vai responder no mesmo tom se houver politização por parte de Moro no depoimento.

— Se a Justiça vier de novo com atos de perseguição política, o presidente Lula vai estar preparado para responder a tudo. Inclusive o embate político se tiver. Até hoje, tem sido esse o caminho da Justiça: querer politizar esse fato.

Padilha disse também que o ex-ministro Antonio Palocci “mentiu” ao acusar o ex-presidente Lula, na semana passada, de ter um pacto com a Odebrehct. O vice-presidente do PT afirmou, porém, que uma eventual expulsão do ex-ministro do partido deve ser discutida pelo diretório municipal de Ribeirão Preto (SP), onde Palocci é filiado.

SEGUNDO INTERROGATÓRIO

Este é o segundo interrogatório de Lula feito pelo juiz Sergio Moro. Em maio passado ele falou durante cinco horas ao juiz, na ação que envolveu o tríplex do Guarujá. Moro condenou o ex-presidente a nove anos e meio de prisão, com a acusação de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina da OAS, por meio de reformas no apartamento e mobiliário comprado pela empreiteira.

O depoimento desta quarta refere-se à acusação de que Lula recebeu também propina da Odebrecht. O empresário Marcelo Odebrecht diz ter usado a conta de propina que a empresa mantinha com o PT para adquirir um imóvel destinado a abrigar a sede do Instituto Lula. Além disso, teria repassado valor para pagar uma cobertura vizinha à do ex-presidente. Quando era presidente, Lula ocupou o apartamento vizinho por segurança. Quando deixou o cargo, em 2011, manteve o uso do apartamento, que foi adquirido por Glaucos Costamarques, primo do pecuartista José Carlos Bumlai.

O depoimento de Marcelo Odebrecht, que firmou acordo de delação com a Procuradoria Geral da República, foi confirmado pelo ex-ministro Antonio Palocci.

Palocci confirmou que o imóvel era destinado ao Instituto Lula e que o ex-presidente desistiu de aceitar o prédio depois de uma reunião em que ele questionou o negócio. Teriam participado do encontro Bumlai e o advogado Roberto Teixeira, que intermediou o negócio.

 

Fonte O Globo

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