Aquele costume inofensivo de ouvir música bem alta no fone de ouvido, o delírio de transformar o carro em uma rave e a loucura de ficar bem pertinho do paredão de som na festa podem levar você ao êxtase, mas também podem levar à lesões irreparáveis na audição ao ponto de provocar deficiência auditiva. Um problema que é crescente entre os mais jovens, segundo pesquisa recente Organização Mundial de Saúde, que aponta que mais de um bilhão de adolescentes e adultos jovens correm o risco de prejudicar sua audição devido a suas práticas de escuta inseguras. No Brasil, oito em cada dez pessoas deste grupo usam dispositivos de escuta pessoais e mantêm essas práticas que já proporcionam sintomas precoces de perda auditiva e experiência de zumbido. “Existem duas situações mais recorrentes onde você pode ter uma lesão auditiva, vamos chamar assim: a aguda e a crônica. Os paredões, como são chamados aqueles carros de sons, por exemplo, são muito prejudiciais à saúde auditiva assim como os trios elétricos, as explosões, e qualquer ruído mais forte. Eles podem lesar tanto de uma forma aguda, que chamamos de trauma acústico, em que de repente você está ali próximo ao paredão e ai vem um som mais estridente, um som mais intenso, e isso provoca um dano as suas células auditivas. Mas, também temos o uso frequente do ruído em alta intensidade que também pode ser outra forma de lesão do seu sistema auditivo. Então, as duas formas: exposição aguda a um som muito intenso ou exposição crônica a determinado nível de ruído podem levar a uma alteração a sua audição, ao seu aparelho auditivo”, destaca o Dr. Francisco di Biasi, otorrinolaringologista e chefe do Serviço de ORL (Serviço de Otorrinolaringologia) do IMIP, que até 2015 já tinha realizado 246 cirurgias para implante coclear.
Com este quadro, o contato constante dos jovens com música alta diretamente no ouvido pode danificar as células ciliadas sensíveis no ouvido interno, desta forma, faz com que eles corram o risco de perder a audição muito cedo. Quando a pessoa se expõe a um determinado tipo de ruído diariamente, ela fica exposta a uma forma mais insidiosa ao aparecimento de problemas na qual talvez não se perceba. Só após diversos anos é que vai notar que já está havendo um problema auditivo. “É interessante as vezes ficar atento a algum sinalzinho de dificuldade de entender as pessoas falando em algum ambiente de ruído, ou mesmo notar o que nosso ouvido está provocando como algum tipo de ruído ou algum tipo de zumbindo. Tudo são sinais em que você pode estar começando com alguma lesão auditiva”, enfatiza ele.
De acordo com o especialista que é um dos maiores nomes no estado no tratamento da deficiência auditiva e em cirurgias de implantes cocleares, os zumbidos que se percebe, por exemplo, quando se sai de shows com volumes altos são um sinal de que o seu ouvido sofreu durante aquele período com a exposição ao ruído intenso. Isso é um sinal que pode significar um dano futuro, ou mesmo de forma aguda um dano também. “Muitas vezes a perda auditiva se manifesta em sons muito agudos que não são sons perceptíveis no nosso dia a dia. Você não tem dificuldade de entender quando está no silêncio, você consegue ter em sua vida social alteração alguma, mas quando vai fazer um exame auditivo muitas vezes está lá demonstrando uma perda auditiva para sons mais agudos que não são sons rotineiros do dia a dia”, completa Di Biase, que preocupado com esse quadro agravante participa no dia 07 de outubro do Encontro Norte Nordeste Cochlear, no Recife.
E a importância deste primeiro encontro na região não é à toa. De acordo com o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva dos quais cerca de um milhão são jovens até 19 anos. Apesar desses números alarmantes, o preconceito em torno da questão ainda é muito grande mesmo com as soluções que já se encontram na medicina e são oferecidas no sistema privado e na rede pública de saúde. O evento, a ser realizado das 10h às 16h, no Parque de Santana, em Casa Forte, surge como uma luz diante deste cenário e traz a preocupação de esclarecer melhor a população e desmitificar o uso dessas soluções à mão, entre os quais estão os aparelhos auditivos e os implantes cocleares, dotados hoje de alta tecnologia. “Hoje, você tem uma grande quantidade de opções e teremos uma oportunidade de ver isso em um evento que será o primeiro a nível Nordeste. Será uma oportunidade para se conhecer essas novas tecnologias e debater essas questões. As pessoas interessadas podem aprender sobre audição, deficiência auditiva, todos os equipamentos hoje utilizados. Elas podem entrar no site e ver quais são as oficinas que serão realizadas e as apresentações dos equipamentos, além de conhecer pessoas usuárias de implantes, de aparelhos auditivos e de outras próteses ancoradas no osso. O Encontro é aberto ao público de maneira geral mediante inscrição no site”, completa.
Com apoio da Prefeitura da Cidade do Recife, o Encontro Norte/ Nordeste Cochlear de usuários e candidatos acontece no dia 07 de Outubro, das 10h às 16h, com inscrições gratuitas que podem ser realizadas pelo site (http://www.cochlearday.com.br/). “O I Encontro de Usuários e Candidatos Cochlear tem o objetivo de promover a integração da imensa família de Usuários, Candidatos e de pessoas que tenham interesse em saber mais sobre as soluções auditivas. A troca de informações será muito importante entre usuários e pessoas que estão a procura de uma solução para sua necessidade auditiva e melhora da sua qualidade de vida. Teremos a participação de nossos embaixadores para ajudar o público a tirar suas dúvidas e mostrar que o caminho do som é possível para todos”, destaca o executivo Fernando Armando dos Santos Júnior, gerente Comercial na Politec Saúde Recife, representante da Cochlear no Brasil, responsável pelo evento.
A página ainda irá disponibilizar informações sobre programação e participantes, mas já estão confirmados alguns especialistas na área como o Dr. Francisco Di Biase, chefe do serviço de ORL do IMIP, e a Dra Patrícia Santos, vice gerente do serviço de ORL do Hospital Agamenon Magalhães, e as fonoaudiólogas Roberta Garcia e Rita de Cassia do Serviço de Implante do IMIP, Kátia Albuquerque do Serviço de Implante do Hospital Agamenon Magalhães e Lilian Muniz do Serviço de Implante do Real Instituto de Otorrino.
SERVIÇO:
I Encontro Norte Nordeste Cochlear
Quando: Sábado, dia 07 de Outubro
Horário: 10h às 16h
Onde: Parque de Santana
Endereço: Rua Jorge Gomes de Sá, Santana. (Casa Forte)
Inscrições e informações: Gratuitas para todos pelo site http://www.cochlearday.com.br/