(foto: arquivo)
No último domingo (28) o PNB foi procurado por Helena Evangelista Costa, moradora do município de Remanso, que aflita, pedia ajuda para encontrar o filho desaparecido.
Cícero Tadeu Costa sofre com o alcoolismo já há alguns anos e no último dia 6 de maio foi internado no centro de recuperação “Desafio Jovem do Sertão”, que fica no bairro Dom José Rodrigues, em Juazeiro, para iniciar um tratamento. Um irmão do patrão de Cícero pediu autorização à família e internou o rapaz de 37 anos.
Segundo Dona Helena, o filho ficou internado no centro por apenas três dias. Ela conta que a família só soube que o filho não estava mais no centro quando tentou visitá-lo, no último dia das mães, 13 de maio.
“Procurei o centro e lá soube que ele tinha tido um ‘surto’ e fugiu durante a madrugada. Não me avisaram nada e quando eu perguntei se ele não estava medicado para controlar a crise de abstinência, eles me disseram que o centro não trabalha com medicamentos, mas somente com a ‘palavra de Deus’”, disse a mãe.
Dona Helena também informou que o centro “Desafio Jovem do Sertão” cobrou R$ 500 para receber o filho dela, e que no ato do internamento foi pago o valor de trezentos reais, mas não foi emitido nenhum recibo.
“Eles disseram que não se responsabilizavam pelo desaparecimento dos internos, porque lá eles ficam livres. Como se cobra pelo internamento e não se responsabiliza por quem está em tratamento?”, questionou.
Cícero Tadeu está desaparecido há mais de quinze dias e a mãe já prestou queixa na Delegacia de Polícia. “Nós concordamos em interná-lo pensando no seu bem, na sua cura, mas foi pior”, complementou Helena.
Nós entramos em contato com o presidente do centro, Rubens, que confirmou a informação do sumiço de Cícero do centro de recuperação. Segundo ele, o interno fugiu durante a madrugada e somente pela manhã os “obreiros” deram pela falta do rapaz.
Ele disse que fez a ficha do interno em um rascunho porque deduziu que ele não iria ficar. “A gente não prende o jovem”, informou o presidente.
Mesmo sem ter formação na área de saúde, Rubens também afirmou que o rapaz não estava em síndrome de abstinência e confirmou que o centro não utiliza medicamentos no tratamento que oferece.
“Damos muito liquido para os internos urinarem para sair o álcool”, disse.
Ele também informou que nem todos os internos são acompanhados pelo CAPS AD, serviço que oferece tratamento a usuários do álcool e outras drogas, afirmando que “encaminha os internos em ‘surtos’ para o sanatório”.
“Os que chegam aqui com a receita do CAPS AD tomam medicamentos, os outros eu levo para o sanatório”, disse Rubens.
O presidente do centro disse ainda que Cícero “iria passar por uma avaliação médica que seria feita pelo médico que sempre atende seus internos, o ‘Dr Rener’ do sanatório”.
Questionado sobre o fato de não ter avisado a família quando Cícero fugiu, o presidente afirmou que “ligou, mas não conseguiu contato”. Sobre o recibo, Rubens confessou que não entregou ao acompanhante de Cícero Tadeu.
Rubens também revelou somente ele e uma técnica de enfermagem fazem a avaliação para saber se o interno precisa ou não de tratamento e que o método do centro é “a palavra de Deus e ‘terapias ocupacionais’, como limpar a chácara, cuidar da horta e cozinhar”.
O Centro tem 10 anos, hoje tem 20 internos, sobrevive de doações e do pagamento das famílias dos internos. “Uns pagam, outros não”, disse.
O próprio presidente assumiu que a instituição não possui alvará, barrado pela Vigilância Sanitária e nem licença de funcionamento do Corpo de Bombeiros.
“Eles cobram pelo alvará e não temos condições de pagar”, desprezando a importância do controle e fiscalização para toda e qualquer instituição que lida com saúde, com vidas. Rubens se queixou do Ministério Público dizendo que à nossa reportagem que “Eles querem ver os jovens roubando e matando”.
Cabem algumas perguntas:
Como uma instituição de saúde funciona sem alvará? Quem fiscaliza o trabalho realizado no centro? Qual a eficácia do método “palavra de deus” e as”terapias ocupacionais”, citadas pelo presidente do centro? A instituição dispõe de profissionais da área de saúde ou acessa adequadamente os serviços da rede? Quem se responsabiliza pelos internos, em caso de fuga?
O presidente Rubens não conseguiu nos explicar, mas a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério Público devem alguma explicação.
Encaminhamos um pedido de esclarecimento dos referidos órgãos e aguardamos respostas.
Da Redação