É a primeira vez, em 26 anos, que a cidade de Juazeiro sedia a negociação coletiva da hortifruticultura do Vale do São Francisco
O segundo dia de debates da primeira rodada de negociações da Convenção Coletiva do Trabalho aconteceu nesta quarta-feira (22), no Centro de Excelência em Fruticultura em Juazeiro. A discussão realizada anualmente teve início na última terça-feira (21) e reuniu trabalhadores assalariados da hortifruticultura da região e representantes da classe patronal, para discutir e apresentar propostas, para a melhoria das condições de trabalho nas empresas.
As discussões giraram em torno das reivindicações dos assalariados. Após a definição da pauta de negociação em outubro, durante a Campanha Salarial 2020, as propostas estão sendo apresentadas a classe patronal. Entre as principais reivindicações da categoria estão o piso salarial no valor de R$ 1.151,73, plano de saúde, cesta básica, alimentação gratuita no local de trabalho, direito a 45 dias de repouso, em caso de aborto e a manutenção de todas as conquistas da Convenção Coletiva do Trabalho.
O presidente da Confederação Nacional dos Assalariados e Assalariadas Rurais (CONTAR), Gabriel Bezerra Santos, está participando das discussões e apresentou-se confiante diante dos resultados dessa negociação. “O nosso objetivo é manter as conquistas históricas do movimento sindical, garantir um salário digno aos assalariados e melhor qualidade, segurança e saúde no local de trabalho”, explicou.
Em contrapartida, a classe patronal apresentou uma pauta, com pontos que são prejudiciais a classe trabalhadora, a exemplo da implantação do banco de horas, a extinção do delegado sindical nas empresas, o fim da homologação do contrato de trabalho no sindicato da categoria, além de impedir o acesso sindical aos trabalhadores nas empresas. “São verdadeiros retrocessos e os trabalhadores precisam permanecer unidos, na manutenção dos direitos conquistados”, afirmou o dirigente sindical e vereador de Juazeiro, Agnaldo Meira.
” Diante dos avanços que tivemos, ao longo desses anos, acredito que teremos força e poder político para sensibilizar a classe patronal a não retroceder nos direitos conquistados”, pontuou o presidente da FETAR-BA, Antônio Inácio Ribeiro.
ATIVIDADES: No primeiro dia de discussões, a classe patronal apresentou a situação econômica do Vale do São Francisco e os trabalhadores também apontaram seus pontos de vistas, baseados em levantamentos realizados na região.
A pesquisa Dados Sobre Trabalho e Exportação 2017-2019, reúne informações importantes sobre a produção da uva de da manga no Vale do São Francisco e o quantitativo de admissões e demissões na região, baseados em dados do portal Comex Stat, IBGE, CAGED e DIEESE. O levantamento aponta que nos últimos anos, houve uma redução na geração de empregos, entretanto, apesar da queda do número de contratações, ocorreu um aumento significativo da produção e comercialização de frutas para a exportação.
“O movimento sindical tem se preocupado, com a sazonalidade de empregos na região, onde em um curto período, há um maior número de contratações e na maior parte do ano, uma alta no número de demissões. A pesquisa apresenta um contraste pois, ao mesmo tempo em que há uma redução na geração de postos de trabalho, acontece o aumento da quantidade de frutas, de riquezas e comercialização e são esses pontos que vamos buscar entender durante a negociação”, explicou José Manoel dos Santos, secretário de administração e finanças FETAR-BA.
NEGOCIAÇÃO: Essa é a primeira vez, após 26 anos, que a cidade de Juazeiro sedia o debate. As discussões seguem até a próxima quinta-feira (23) e caso não seja acordada as propostas apresentadas, novas rodadas de debates acontecerão até o fim do acordo coletivo.
Estão participando do debate trabalhadores rurais e representantes dos sindicatos de Juazeiro, Lagoa Grande, Petrolina, Santa Maria da Boa Vista, Sento Sé, Sobradinho, Curaçá, Belém do São Francisco, Inajá, Abaré e Sintagro, além da Fetaepe, da Fetar-BA, da Contar, da CTB e da CUT.
Por Sheila Feitosa Ascom