Pesquisa coordenada pela Univasf descobre nova espécie de anfisbena (cobra-de-duas-cabeças) no sertão baiano

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(foto: divulgação/Univasf)

Uma nova espécie de réptil da Caatinga, da família das anfisbenas, popularmente conhecidas como cobras-de-duas-cabeças, foi identificada e descrita por uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa). O nome científico da nova espécie é Amphisbaena acangaoba e ela foi descoberta na região dos municípios de Umburanas e Sento Sé, na Área de Proteção Ambiental Boqueirão da Onça, na Bahia.

A nova espécie caracteriza-se por apresentar um conjunto de escamas no topo da cabeça, que lhe dá a aparência abobadada, aspecto pelo qual lhe foi atribuído o nome acangaoba, uma palavra na língua Tupi que se refere aos adornos usados na cabeça pelos indígenas brasileiros, um capacete, por neologismo. Por este motivo também a Amphisbaena acangaoba foi popularmente chamada pelos pesquisadores de anfisbena-de-capacete. O nome científico da Amphisbaena acangaoba foi registrado no ZooBank, site internacional para registro de nomes na área de Zoologia.

A descoberta da anfisbena-de-capacete foi possível devido à coleta de diversos indivíduos dessa espécie em estudos de impacto e de monitoramento ambiental realizados nas obras para implantação de uma usina eólica, na região da APA Boqueirão da Onça (BA). Em 2018, foram encaminhados à Coleção Herpetológica da Univasf 31 animais coletados naquela área. Após estudos preliminares, o professor Ribeiro constatou que se tratavam de anfisbenas, mas suas características taxonômicas não conferiam com nenhuma outra espécie descrita anteriormente.

Apesar de serem conhecidas como cobras-de-duas-cabeças, as anfisbenas não são cobras, não têm duas cabeças e também não são venenosas. As anfisbenas, cujo nome origina-se do grego e significa “que anda para os dois lados”, estão classificadas no grupo dos Squamata, répteis escamosos, que incluem também lagartos e serpentes. São animais de hábitos subterrâneos e a maioria é de pequeno porte, com menos de 15 centímetros de comprimento. As anfisbenas se alimentam de insetos artrópodes, como formigas, cupins, larvas de besouros e também de minhocas.

A Amphisbaena acangaoba é a segunda espécie de anfisbena descoberta, em menos de dois anos, pelos professores Leonardo Ribeiro, Henrique Costa e Samuel Gomides. A primeira foi a Amphisbaena kiriri, também encontrada na APA Boqueirão da Onça, no município de Campo Formoso (BA). “As duas espécies são endêmicas, isto é, só ocorrem no bioma Caatinga e naqueles municípios onde foram encontradas, porque têm capacidade de dispersão mais limitada”, afirma Ribeiro.

A pesquisa para descrição da nova espécie foi coordenada pelo professor do Colegiado de Ciências Biológicas da Univasf, Leonardo Ribeiro, com a participação dos pesquisadores Henrique Caldeira Costa, da UFJF, que na época era pós-doutorando na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais (MG), e  Samuel Campos Gomides, da Ufopa. O trabalho sobre a descoberta da nova espécie foi publicado na edição de janeiro do periódico internacional Journal of Herpetology, editado pela Sociedade para o Estudo de Anfíbios e Répteis (Society for the Study of Amphibians and Reptiles – SSAR), considerada a maior sociedade herpetológica internacional, cuja sede é nos Estados Unidos. O artigo também pode ser acessado por este link.

Da Redação

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