PM suspeito de agredir jovem e fazer insultos racistas presta depoimento e diz desconhecer fato

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(foto: arquivo)

O soldado Laércio Sacramento, suspeito de agredir um jovem durante uma abordagem no bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador, prestou depoimento à Polícia Militar e disse que desconhece o fato.

O suspeito foi ouvido nesta terça-feira (4), na sede da 19ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Paripe). No depoimento, o soldado, que foi afastado das ruas e cumprirá expediente administrativo até o fim das investigações, também disse que vai aguardar a apuração da Corregedoria da PM.

Em entrevista para o jornal BATV, da TV Bahia, o comandante-geral da PM, Anselmo Brandão, disse que o soldado vai ser punido no final das investigações.

“Na nossa linha de aplicação da punição, faz parte de uma advertência até uma demissão. Então seria muito precoce nesse momento dizer qual será a dosimetria, como é que vamos aplicar o tipo de punição para ele, mas ele vai ser punido”, disse o comandante-geral.

Depoimento do jovem

“Eu gosto de ter o meu cabelo assim. É bonito, e é a primeira vez que acontece isso [agressão de policial]”, disse o adolescente que foi agredido por um policial militar durante abordagem no bairro de Paripe, no subúrbio ferroviário de Salvador. A ação aconteceu no último domingo (2) e foi filmada por moradores.

Em entrevista ao G1, a vítima contou que o caso aconteceu quando ele voltava da praia e ia levar a amiga da namorada dele no ponto de ônibus.

“A gente estava no ponto de ônibus, porque a gente tinha vindo da praia. Aí a gente parou para conversar. Ficou tarde, e aí fui levar a amiga de minha namorada no ponto. Chegou lá, demorou muito de passar ônibus, e meu colega me chamou para dormir na casa dele. Aí foi todo mundo para a casa dele, e chegando lá, um menino, colega meu, me parou com um carro e ficou na pista”, disse o jovem.

“Veio a viatura, e aí [os policiais] perguntaram o que estava acontecendo. A gente falou que não aconteceu nada e que a gente só estava conversando, aí ele foi e fez a abordagem”, contou a vítima.

Dois dias após a agressão, o jovem conta que ainda sente dor na barriga.

“Ele deu um chute na perna do meu colega, para ele abrir a perna. Eu falei que eu era trabalhador, aí ele foi e fez isso [agrediu a vitima]”.

O jovem lembra que o policial disse que ele não era trabalhador, era um “vagabundo” e “ladrão”, por causa do cabelo black power.

“[Disse] Que eu era vagabundo, ladrão, com aquele cabelo ali, que eu não era trabalhador não”, lembrou o adolescente.

Caso

Nas filmagens, também é possível ouvir o policial chamar o jovem de “viado”. Um dos militares agrediu um rapaz com murros e chute, e fez insultos racistas ao se referir ao cabelo dele.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que o vídeo será encaminhado para Corregedoria Geral da PM, para ser analisado. A PM disse ainda que “não preconiza com a violência e rechaça todo e qualquer tipo de conduta violenta”.

“Você para mim é ladrão, você é vagabundo. Olha essa desgraça desse cabelo aqui. Tire aí vá, essa desgraça desse cabelo aqui. Você é o quê? Você é trabalhador, viado? É?”, grita o militar, enquanto puxa um boné que a vítima usava. O mesmo policial chega a dar murros na costela do rapaz, além de um tapa no rosto e um chute na barriga.

Depois de agredir o jovem, o policial entrou na viatura e deixou o local. Toda a ação foi filmada de dentro do portão de uma casa. Além da vítima agredida, é possível ver que outros dois jovens também passaram pela abordagem policial.

Em publicação feita no perfil oficial no Twitter, na manhã de terça-feira (4), o governador Rui Costa comentou o caso. “Como governador do Estado da Bahia não admito comportamento de violência policial como o ocorrido no vídeo que circula nas redes sociais. É inaceitável, inadmissível e não reflete o comportamento e os ideais da instituição”, disse.

O governador afirmou ainda que acompanha a apuração do caso desde a divulgação feita pela imprensa. “Determinei apuração rigorosa e imediata da Corregedoria da Polícia Militar com as devidas punições legais aos responsáveis e divulgação para a sociedade das medidas adotadas. Para que esses casos isolados não possam continuar comprometendo a imagem da instituição”, escreveu na rede social.

G1

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