A nova secretária disse que o dinheiro que terá à disposição é suficiente para se fazer cultura e arte “criativamente”. No entanto, afirmou também que é possível fazer “mais com mais”.
“Acredito que se possa fazer muita cultura, fazer arte e tudo, com os recursos que temos, criativamente, como nos meus tempos de amadora”, disse a secretária. “Acredito também que se possa fazer mais com mais”, completou.
Regina afirmou também que “vai passar o chapéu” em busca de mais recursos para a área.
“Acredito na busca da beleza, e já sabemos que beleza é inerente ao conceito de arte e assim para não fugir à regra na busca de uma beleza maior, vamos passar o chapéu, como de praxe, por que não? Se a vontade de fazer mais é grande, e os recursos são escassos, vamos passar o chapéu, sim”, concluiu a atriz.
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A nova secretária também disse que, nas negociações com Bolsonaro para assumir o cargo, ficou acertado que ela receberia a secretaria de “porteira fechada” e teria carta branca sobre o órgão. Isso significa que Regina terá autonomia para tomar as decisões que considerar adequadas.
“O convite que me trouxe até aqui falava em porteira fechada, carta branca. Não vou esquecer não, presidente. Foi inclusive com esses argumentos que eu me estimulei e trouxe para trabalhar comigo uma equipe apaixonada, experiente, louca para botar a mão na massa”, disse Regina.
No seu discurso, Bolsonaro respondeu que a “porteira fechada” foi dada a todos os ministros, porém ele muitas vezes exerceu poder de veto em algumas indicações.
“Obviamente, em alguns momentos eu exerço poder de veto em alguns nomes. Já o fiz em todos os ministérios, até porque, para proteger a autoridade, que por vezes desconhece algo que chega ao nosso conhecimento. Isso não é perseguir ninguém. É colocar os ministérios, as secretarias na direção que foi tomada pelo chefe do Executivo”, explicou Bolsonaro.
‘Pessoa certa’
Também em seu discurso, o presidente, disse que o governo está colocando a Cultura na mão de “quem realmente entende do assunto”.
“Já deixamos um ano para trás e ainda, de forma tímida apenas, começamos a escrever a cultura. Com a chegada dessa grande mulher, Regina Duarte, estamos colocando nas mãos de quem realmente entende do assunto esse desafio”, disse o presidente.
Ele afirmou que Regina Duarte é a pessoa certa para, por exemplo, aplicar de forma mais eficiente a Lei Rouanet, que permite a isenção fiscal de pessoas física e jurídicas para financiar produtos culturais
“Depois de um ano de governo, nós achamos, tenho certeza, a pessoa certa que pode valorizar, por exemplo, a Lei Rouanet, tão mal utilizada no passado”.
Bolsonaro voltou a criticar a política cultural de outros governos que, de acordo com ele, cooptaram o setor com interesses políticos. O presidente disse que, mesmo com a “cabeça de um humilde capitão do Exército”, estava claro para ele que a cultura não deveria seguir esse modelo.
“O que muitos têm na cabeça é que eu sou uma pessoa que está longe de amar a cultura. Ao longo das últimas décadas, a cultura representou algo para nós que em muitos momentos não era aquilo que a grande maioria do povo queria, almejava. Ela foi cooptada pela política, de modo que ela foi usada para interesses políticos partidários”, completou.
Troca na secretaria
A atriz foi convidada por Bolsonaro para assumir a pasta depois que o antigo secretário, o dramaturgo Roberto Alvim, foi exonerado.
Em janeiro, ao divulgar um concurso de artes, Alvim usou estética e discurso alusivos ao ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels.
Ao tentar se explicar, o então secretário falou em “coincidência retórica”, mas a reação negativa imediata e contundente dos mais variados setores levou Jair Bolsonaro a demitir o secretário no dia seguinte à divulgação do vídeo.
A posse de Regina ocorre após um mês e meio de conversas e acertos. Depois de ser convidada para comandar o órgão, a atriz visitou Brasília para conhecer a estrutura da Secretaria de Cultura e se inteirar das atribuições do cargo.
Apoiadora de Bolsonaro desde a eleição, a atriz foi convidada para o cargo em 17 de janeiro e anunciou o “sim” duas semanas depois. No fim de fevereiro, Regina Duarte e a Globo anunciaram a rescisão em comum acordo do contrato de mais de 50 anos.
Fonte G1