Consciência e responsabilidade: jovens adaptam rotina para seguir recomendações de distanciamento social

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A pandemia da covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus, modificou a rotina das cidades, e consequentemente, das pessoas. Com as medidas de distanciamento social e de quarentena, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas, as gestões municipais adotaram medidas preventivas para conter a disseminação do vírus. Isso inclui o fechamento do comércio, shoppings, além de bares e restaurantes, que agora só funcionam com serviço delivery.

Essa “nova rotina” promete se pendurar ainda nas próximas semanas, já que especialistas acreditam que o pico da infecção se dará neste mês de abril no Brasil. Em Juazeiro, no norte da Bahia, por exemplo, as medidas restritivas adotadas pela gestão municipal foram prorrogadas até o dia 13 de abril, conforme foi anunciado nesta segunda-feira (30) (veja). A cidade possui dois casos confirmados de coronavírus.

Todo mundo está tendo que se habituar às mudanças. Crianças, adultos, idosos e também o público jovem, que segundo o último censo do IBGE, realizado em 2010, representa quase 30% da população juazeirense, compreendo a faixa etária de 15 a 29 anos. A rotina de balada, festas, barzinhos, cinemas, encontros em parques, foi substituída por outras atividades caseiras

O PNB procurou saber o que a juventude juazeirense tem feito nesse tempo de distanciamento social? Confira nesta reportagem especial.

Danilo Souza, 24 anos, jornalista

(foto: arquivo pessoal)

Danilo Souza está seguindo à risca a recomendação de órgãos e especialistas da área de saúde. Cumprindo o distanciamento social há 16 dias, o jovem, nas horas em que não está trabalhando (em home office), tem aproveitado o tempo livre para ver séries, atualizar e desenvolver projetos, além de curtir os momentos junto à família. O jornalista avalia a medida tem trazido resultados positivos, embora reconheça que tem vivido momentos tediosos, pela rotina repetitiva, e também de ansiedade, pela quantidade de informações que circulam na internet, inclusive as falsas.

“No geral tem sido bom ficar em casa. Estou trabalhando daqui e com isso consigo ocupar o tempo com algo que gosto. Contudo, sinto falta de sair, de pedalar na rua e de me sentir livre. Esse sentimento de isolamento mexe muito com a gente porque não estávamos acostumados a isso, mas acredito e defendo que a causa é muito maior e que vamos superar esse momento”.

As medidas de distanciamento social, para o jornalista, são de extrema importância.

“Estamos seguindo as mesmas orientações que boa parte dos outros países que estão enfrentando o problema. Sinto que para algumas pessoas soam exagero, sabe, mas eu não quero ver para crer, então sim, é uma medida responsável e necessária.”

Yane Andrade, 24 anos, professora

(foto: arquivo pessoal)

Yane Andrade decidiu não somente cuidar de si própria, mas também das pessoas que vivem ao seu redor. Por ter contato direto com pessoas que fazem parte do grupo de risco, também está cumprido a medida. A professora considera que se habituar a nova rotina não tem sido um tarefa fácil, porém tem feito algumas atividades caseiras para ocupar o tempo ocioso.

“Como tinha uma rotina na qual estava quase que o tempo todo fora, entre trabalho, atividades externas, como fotografia, gravação, edição de vídeos e rolês, passava muito pouco tempo em casa. Como sou muito hiperativa, preciso preencher bem o meu dia. Então separei em atividades, como limpeza da casa, home office, cozinhar, ler, ver filmes, ouvir músicas, cuidados com o cabelo, pele, jogos com os amigos online”.

A professora não esconde que sente falta da antiga rotina, entretanto, vê o distanciamento social como uma possibilidade para boas reflexões.

“Apesar de  sentir falta de coisas da minha rotina, percebi que tem muita coisa que fui deixando de fazer ao logo dela, mesmo gostando muito, por falta de tempo. Acredito que para mim de certa forma foi como um reencontro. E até mesmo para perceber que é possível organizar melhor meus horários e encaixar essas atividades de volta para o meu dia a dia.”

James Jonathan, 25 anos, fotógrafo e produtor audiovisual

(foto: arquivo pessoal)

Para quem estava acostumado a viver cercado de pessoas, a nova rotina não tem sido fácil. James Jonathan passava boa parte do tempo no trabalho, fazendo registros de formaturas, casamentos e aniversários. Não ter contato físico era uma missão praticamente impossível. Hoje, entretanto, a rotina não é mais a mesma. Sair de casa, só em caso de necessidade extrema, e sempre com o álcool-gel em mãos. Acostumado com a correria, o fotografo tenta, aos poucos, se adequar à mudança, ocupando o tempo livre com atividades, mas sem sair de casa.

“Nunca pensei que ia dizer isso, mas sinto falta da rotina de trabalho e principalmente dos que me cercavam, e também do contato físico que tinha com as pessoas. Confesso que nesse período tenho adiado algumas coisas, mas adiantado outras, como por exemplo, os trabalhos de edição de imagem que estavam pendentes. Também estou pondo em prática alguns projetos que estavam no papel, e estou fazendo alguns cursos online, pois não tinha tempo antes. Nas horas vagas, estou assistindo algumas séries e filmes”.

O fotografo e produtor audiovisual diz que está aproveitando ao máximo os momentos que tem tido com as pessoas mais próximas, como o pai e a mãe, e também tem refletido sobre seu comportamento no cotidiano.

“Ando pensando muito sobre muitas coisas, como por exemplo quantas vezes eu falei que amava as pessoas mais próximas a mim. Espero que depois disso tudo, eu tenha em mim esse ser mais humano, amando mais e demonstrando mais amor ao próximo com palavras e, principalmente, com atitudes.”

Camila Santos, 32 anos, estudante

(foto: arquivo pessoal)

Para Camila, esse período de afastamento também tem um lado bom, já que tem proporcionado um exercício de tolerância na convivência em tempo integral com os familiares e possibilitando a reaproximação de muitos distanciamentos afetivos.

“A medida de distanciamento trouxe a certeza de que não há autonomia, autossuficiencia e independência que nos faça sermos capazes de existir sem o outro. A família, os amigos, o companheiro, são indispensáveis para nossa sobrevivência e resistência em tempos de provação”, considera.

As leituras tornaram-se mais frequentes na rotina da estudante, assim como ouvir música durante os afazeres domésticos. Camila também tem destinado parte do tempo para assistir séries e filmes, mas confessa que os últimos dias têm sido uma efusão de sentimentos e sensações.

“Medo, preocupação, pesar, ansiedade, ociosidade, mas também um exercício constante de disciplina. Agir pensando coletivamente, preencher o tempo em casa resolvendo demandas que vinham sendo postergadas e alimentando a expectativa de que essa situação irá se reverter em dias melhores.”

“Não são invencíveis”

Os especialistas alertam que as pessoas idosas com mais de 60 anos estão mais suscetíveis ao coronavírus, já que as mudanças no sistema imunológico interferem na resposta do organismo, que costuma funcionar de uma forma mais lenta. Com taxa de mortalidade de 15% em pessoas com mais de 80 anos, a covid-19 demonstrou ser muito mais grave nesse público.

Entretanto, a OMS alertou, na semana passada, para a responsabilidade dos jovens na contenção da doença, e ressalta que eles não são “invencíveis” e que estão sujeitos à hospitalização e até morte por causa do novo coronavírus. A juventude deve levar a sério as medidas, evitando aglomerações, contatos com outros e, poupando a contaminação dos mais velhos e vulneráveis, disse a OMS.

As recentes mortes de pessoas mais jovens pela doença no mundo, acendem o alerta. Ontem (29), o estado de São Paulo confirmou a morte de dois homens de 26 e 33 anos, na capital. Especialistas também alertam que a existência de comorbidades, ou seja, de doenças pré-existentes, torna qualquer pessoa, independente da idade, mais vulnerável à infecção.

Distanciamento e isolamento social e quarentena

O distanciamento social é uma medida que tem o objetivo de resguardar a circulação de pessoas em ambientes públicos e privados, para que as pessoas permaneçam em casa. É por isso que estabelecimentos, escolas e universidades foram fechados e eventos acabaram cancelados.

O isolamento social significa realmente ficar isolado de qualquer outra pessoa e é uma medida indicada para pessoas que tem diagnóstico confirmado ou suspeita de coronavírus. A quarentena é utilizada para se referir a pacientes viajantes que devem se resguardar com o intuito de avaliar o surgimento de sintomas.

Orientações

São vária as orientações para se prevenir contra o vírus. Evite beijo, abraço e aperto de mão; higienize sempre as mãos e procure não tocar o rosto; cubra o rosto quando tossir; evite aglomerações e locais fechados com muitas pessoas. Também recomenda-e: #FiqueEmCasa!

Danilo:

“Fiquem em casa, se amem e façam coisas que gostam. Na falta de criatividade, ouse e busque algo que ainda não fez. Pode ser dançar uma música, ler aquele livro que você não tinha dado importância ou até mesmo começar uma série nova. Paras as pessoas mais dispostas, sempre tem aquela “bagunçinha” em um cômodo da casa que precisa sumir, ou aquelas roupas que podem ser separadas para doação. Enfim, não falta o que fazer. Mas nunca esquecer: higiene em primeiro lugar e distanciamento, até isso acabar.”

Yane:

“Fiquem em casa, por você, pelos seus e por todos.”

James:

“Fiquem em casa pelo amor de Deus. Estamos sob ameaças de um ser invisível e muito poderoso, portanto, cuidem-se.”

Camila:

“Tenhamos disciplina e respeito ao contexto atual, obedecendo as orientações e permanecendo em casa o quanto se julgue necessário.  Devemos protagonizar e priorizar os princípios de preservação humana.”

Da Redação por Thiago Santos

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