(foto: arquivo)
A Cooperativa Comercial (COOPCOM) de Juazeiro, no Norte da Bahia, emitiu, neste final de semana, uma carta aberta ao prefeito Paulo Bomfim (PT), pedindo providências no que diz respeito a reabertura das atividades comerciais do município. O comércio não essencial voltou a ser fechado no dia 22 de junho, após crescimento do número de casos de covid-19 na cidade.
No documento, o COOPCOM diz que o gestor não vem “adotando as medidas básicas de intervenção e de busca de controle da atual situação pandêmica” e que, “passados mais de 3 meses de um isolamento social desastroso e inconsequente levou a falência o comércio local que muito diferente do que era amplamente difundido nunca gozou de boa saúde financeira e nem tão pouco tinha a força que se dizia ter”.
O órgão diz ainda que todos os segmentos do comércio não têm condições de passar nem mais um dia fechados, e afirma ainda compreender “completamente a situação”. O COOPCOM sugere ainda que o governo invista na criação de barreiras sanitárias nas BR’s 235 e 407 e na BA-210, e em ações de distribuição de máscaras e de equipamentos de proteção individual, de conscientização e educação da população, aferição de temperatura em massa, e criação de novos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s).
Para o COOPCOM, o governo tem adotado “medidas ortodoxas de controle superficial que gera um impacto econômico incalculável para a iniciativa privada e também para a pública, gerando somente dívidas, desemprego em massa e falências generalizadas” [leia na íntegra abaixo].
Comércio de Juazeiro
O comércio de Juazeiro voltou a ser fechado no 22 de junho, após a prefeitura registrar um aumento considerável no número de casos após a sua reabertura em 1º de junho. A prefeitura determinou o fechamento de todos os serviços não essenciais, permitindo que esses estabelecimentos ficassem com a porta meio-aberta, para o recebimento de pagamentos, e autorizou a venda de mercadorias por serviço delivery. Alguns estabelecimentos que descumpriram o decreto municipal chegaram a ser interditados (relembre).
Na semana passada, Paulo Bomfim anunciou a prorrogação do fechamento do comércio, bem como do toque de recolher, até o dia 26 de julho (veja mais). Nesta semana, o prefeito deve anunciar se o comércio voltará a funcionar a partir da próxima segunda-feira, ou se o prazo de fechamento será prorrogado mais uma vez.
Casos em Juazeiro
Neste domingo (19), a Secretaria da saúde informou que mais 14 pessoas estão clinicamente curadas para a covid-19 e, com este dado, chega a 643 pessoas recuperadas da doença. Juazeiro registra ainda que mais oito pessoas testaram positivo, chegando a 1.793 infectados pela doença na cidade.
Também foi registrado um novo óbito: uma pessoa do sexo masculino, 77 anos, que estava internado no Hospital Regional de Juazeiro, veio a óbito neste domingo (19) e tinha hipertensão como comorbidade. Com este dado, Juazeiro chega a 50 óbitos ocasionados pela covid-19 na cidade.
Leia na íntegra
O comércio de Juazeiro-BA, organizado sob uma nova articulação vem tomando medidas particulares de intervenção na atual situação da Cidade diante da ineficiência da atual gestão frente às medidas de atuação nesse momento tão crítico pelo qual vivenciamos.
Somos cidadãos responsáveis e conscientes da realidade vivida não só nessa Cidade como no restante do país, mas essa mesma consciência nos permite compreender que essa cidade, mais especificamente seus gestores, não estão adotando as medidas básicas de intervenção e de busca de controle da atual situação pandêmica. Passados mais de 3 meses de um isolamento social desastroso e inconsequente levou a falência o comércio local que muito diferente do que era amplamente difundido nunca gozou de boa saúde financeira e nem tão pouco tinha a força que se dizia ter.
Todos os segmentos do comércio não têm condições de passar nem mais um dia fechados, esperando por medidas que não são tomadas e por ações que não se obtém resultados práticos. Compreendemos completamente a situação, mas é preciso atribuir as devidas competências e responsabilidades, é público e notório a todos aqueles que são capazes de analisar dados, que independentemente do funcionamento do comércio, diga-se de passagem, esteve fechado desde de 21/03 não foi nenhum fator impeditivo para o aumento no número de casos e nem tão pouco para evitar a disseminação do vírus, é público também que até 31/05 conforme registrado nos boletins divulgados pela própria prefeitura apenas 661 testes haviam sido realizados num intervalo de 71 dias positivando apenas 72 casos, ou seja, um número completamente inferior ao mínimo necessário para demonstrar qualquer cenário da presença e da circulação do vírus, mas não é preciso ser nenhum cientista e nem epistemologista para compreender que o número de infectados até essa data de certo já ultrapassava uma quantidade tão expressiva que já estava longe do controle de qualquer ação do governo local.
Em seguida o comércio é reaberto, e para o espanto de todos no intervalo de apenas 30 dias compreendidos entre 01/06 a 30/06 a secretária de saúde fecha com o significativo numero de 4.808 testes realizados positivando 699 casos e a espera de 71 resultados até essa data, ou seja, para um individuo com o mínimo de suas faculdades cognitivas pode-se ler claramente que o aumento do número de casos nunca se deu em virtude do funcionamento do comércio ou não, mas que representou apenas uma sabotagem realizada pelo município que contrariado com a reabertura do comércio incentivou um aumento na testagem apenas para refletir um cenário pré-existente que era maquiado pela ausência de exames, é certo que, se o esforço empregado nas testagens do período de 30 dias tivesse sido utilizado nos 71 dias compreendidos entre o fechamento em 21/03 e 31/05 a resposta da positivação em relação ao número de contaminados seria outra completamente diferente da apresentada a época.
Resta-nos compreender que o vírus já estava com alta circulação e com grande contaminação independente do funcionamento do comércio. E que afirmar que a abertura do comércio não foi a responsável pelo salto nos números apresentados, e sim a baixa testagem realizada pelo município em mais de 02 meses de um isolamento social e de aplicação de medidas ostensivas para o setor comércio que em nada obtiveram sucesso, e que conduziram apenas para o agravamento do caos econômico que a cidade se encontra. E para ratificar a já explanada situação o munícipio continuou com os súbitos aumentos nas testagens compreendendo no pequeno intervalo de apenas 18 dias (01/07 a 18/07) o expressivo número de 10.238 exames realizados com 1.785 positivações, ou seja, não é, e não foi culpa do funcionamento do comércio, isso só comprova que as ações de contenção da disseminação do vírus já falharam há muito tempo; comprova que isolar hoje pessoas infectadas em nada tem contribuído, pois de certo quase a totalidade das pessoas da cidade já estão contaminadas ou já tiveram contato com o vírus e alcançaram a cura por métodos próprios ou desenvolveram imunidade ao vírus de forma natural, e isso não apenas é evidenciado como é comprovado que a baixa testagem realizada comparada a uma população de 220 mil habitantes é inexpressiva e não reflete números reais, mas prova que não estamos em nenhuma situação caótica quando se admite que mais da metade da população já teve contágio com vírus e não precisou de assistência médica, muitos receberam tratamento secretamente em seu próprio domicilio, como é o caso do senhor Prefeito, e muitos outros que alcançaram a cura sem sequer tornar-se um número para as estatísticas, e ainda há de considerar os boatos das estatísticas infladas para fins ainda desconhecidos.
É preciso compreender que o vírus não vai desaparecer nos próximos dias ou meses porque simplesmente continuaremos privados de direitos básicos num eterno isolamento que não irá nos conduzir a lugar nenhum em meio a uma população já contaminada, é como tentar inutilmente conter o vazamento de algo que já se espalhou a muito tempo. O mais indicado e lógico nesse momento é buscar as alternativas para se conviver com a nova realidade de forma a estarmos prontos para atender as necessidades intermediárias e de urgências hospitalares e promover medidas para dar continuidade à vida buscando seguir com segurança, higienização, prevenção e um trabalho de educação e conscientização da população.
A Prefeitura deve investir efetivamente na saúde pública de forma a estar preparada para atender eventuais necessidades da população e não ficar editando incontáveis decretos inúteis dos quais apenas as obrigações ganham validade, contudo a fiscalização sempre esteve presa ao papel, exceto quando se refere a área comercial que cuja atuação é incessante, já para os demais setores da sociedade segue uma sequencia de exceções, permissões e de desconhecimento que permite abertura de áreas públicas, parques, eventos particulares, ações politicas e confraternizações “familiares” em chácaras, roças e fazendas que são ignoradas pelas fiscalizações.
Uma vez constatado que evitar não é mais uma opção diante do cenário real da cidade, é mais louvável que se busque medidas de convívio com a nova realidade, com barreiras sanitárias nas BR’s 235 e 407 e na BA 210; distribuição de mascaras e de equipamentos de proteção individual; um trabalho efetivo de conscientização e educação da população; treinamentos e aquisição de EPI’s para a área de saúde; ações sanitárias e efetivas nas ruas, áreas públicas e nos mercados e feiras; aferição de temperatura e uso de máscaras; uso de produtos e limpeza e desinfecção individual; disponibilização de protocolo de saúde padrão com base nos resultados obtidos nos locais com maiores números de curas e embasados em pesquisas científicas; promover a integração das pastas da gestão municipal com ações conjuntas com o Governo do Estado; assistência social para buscar diminuir os efeitos drásticos das açõeas passadas; criação urgente de novos leitos de UTI com os equipamentos necessários seja com parceria com o Governo do Estado ou com o Governo Federal, evitando-se assim aluguéis de leitos insuficientes para a população em caso de necessidade, e impedindo o comprometimento de unidades hospitalares para outros fins igualmente importantes para a saúde pública; abertura de um novo hospital público municipal de urgências permanente, sem a necessidade da construção provisória de um hospital de campanha, mas sim, de uma unidade fixa ocupando algum dos vários hospitais antigos fechados ou até mesmo com uma nova construção especifica para esse fim, pois é certo que um hospital com atendimento qualificado e especializado jamais será subutilizado ou desnecessário para uma população de 220 mil hab. Afinal, se para termos condições seguras para voltarmos a abrir o comércio local a principal condição é a capacidade e disponibilidade de leitos para atendimento a população, porquê essa medida simples não é adotada, porquê a rede de leitos intermediários e de urgências não são ampliados? Se é do conhecimento de todos a solução, porquê é mais fácil focar no problema, insistir repetidas vezes sobre a incapacidade de atendimento em caso de necessidade dos leitos e nada ser feito para mudar a situação, alugar 4 ou 5 leitos da rede privada não atende, apenas faz repasse de dinheiro público para a iniciativa privada de forma inútil.
Com a colocação em prática dessas ações que são do conhecimento público podemos abrir nossos comércios, permitir a livre circulação das pessoas e o reestabelecimento do ciclo da vida amparado na segurança que ações básicas como essas estão em prática e com pleno desenvolvimento. Diante desse cenário os representantes de cada unidade comercial da cidade vêm exigir a colocação em prática das medidas citadas para que possamos reabrir nossas empresas, evitar falências generalizadas e desemprego em massa na ânsia desesperada por salvar vidas pelo suposto contágio com o coronavírus estão sendo negligenciadas muitas outras medidas que em curto prazo irão refletir diretamente sobre um grande número de habitantes dessa Cidade que são pessoas pobres, muitos situados em classificações abaixo da linha da pobreza. Depois de 120 dias de caos econômico não é mais uma situação de “pedir” é de “exigir” daqueles que ora nos representa que tome as medidas necessárias para resolver essa situação, ou caso, se declare incapaz permita que outro o faça, mas que seja feito, sem desculpas. Se o problema é falta de recursos, vá atrás; se o problema é o Governo do Estado, vá dialogar com ele; se o problema é o Governo Federal, esqueça as posições politicas e vá onde for preciso para resolver a situação, dentro de uma vasta extensão territorial como é o Brasil sempre haverá situação e oposição, porém caberá a cada líder entender que vocês não representam puramente ideologias politicas mas sim a população, e é esta que vocês verdadeiramente representam que estar se organizando para que se faça acontecer, queremos que ainda seja sobre a sua representação, mas não teremos problemas em seguir com métodos e caminhos próprios se necessário.
Não vamos admitir que essa Cidade seja conduzida para o abismo econômico e social enquanto assistimos calados a essa falta de controle diante de um problema que reluta em apenas fazer esconder a realidade e a esperar que o tempo cure todos os males enquanto ficamos trancados dentro de nossas casas esperando que tudo passe sem que sejam tomadas as medidas necessárias disponíveis. Ao invés de buscar soluções para um problema já evidenciado e real tem adotado apenas medidas ortodoxas de controle superficial que gera um impacto econômico incalculável para a iniciativa privada e também para a pública, gerando somente dívidas, desemprego em massa e falências generalizadas.
Certo da sua atenção, agradecemos antecipadamente e aguardamos uma manifestação positiva com a colocação em prática das ações propostas e outras que não foram aqui relatadas, mas tenham objetivos comuns.
Cordialmente,
O comércio de Juazeiro
ASCOM – COOPCOM
Cooperativa Comercial de Juazeiro-BA
E-mail: coopcomjuazeiro@hotmail.com
Da Redação
O mundo inteiro, e não só o setor do comércio está sofrendo consequências da pandemia. Nós, estudantes, profissionais de saúde, artistas, trabalhadores, centenas de pessoas, que vieram a falecer, perderam suas vidas, não há como recuperar… todos sem excecao, estamos sofrendo, não é exclusivo do comércio.