Sem visitas, sem notícias: mulheres de detentos do Conjunto Penal de Juazeiro reivindicam o direito à informação sobre seus familiares e relatam descaso da direção

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(foto: arquivo)

Sem receber notícias. Assim estão os familiares de internos do Conjunto Penal de Juazeiro, no Norte da Bahia, que alegam que desde o início da pandemia da covid-19, infecção causada pelo novo coronavírus, estão sofrendo com o descaso por parte da administração da unidade prisional. Em conversa com o PNB, alguns familiares relataram que os últimos cinco meses têm sido de muita preocupação e angústia. Além de não poderem visitar pais, maridos, irmãos ou parentes, também não têm informações sobre eles, e as mulheres são até tratadas mal, quando ligam para a unidade, segundo relatos de algumas esposas.

Segundo a esposa de um presidiário, que preferiu não ser identificada, um dos maiores anseios das famílias é obter uma previsão de quando as visitas presenciais, que foram suspensas desde o início da pandemia, como forma de evitar a proliferação do vírus dentro do Conjunto Penal, voltarão a ser realizadas. Ela alega que quando os familiares tentam buscar informações junto à administração, são maltratados pelos funcionários da unidade.

“Já vão fazer quatro meses que nós não vemos nossos maridos. Entendemos a questão da pandemia, mas é um verdadeiro descaso o que fazem com a gente. Ligamos para lá, tratam a gente com ignorância, ficam dizendo prosa [piadas], como já fizeram comigo. A gente liga para saber se tem previsão de quando vão voltar as visitas, mas às vezes desligam o telefone em nossa cara. Estão fazendo um descaso com a gente. A gente quer uma resposta. Se for para ser em setembro, outubro, a gente espera, mas queremos uma resposta. A gente visitando, já trata eles [os presidiários] como uns cachorros, imagine sem a gente visitar”, desabafou a esposa, que contou ainda que os familiares tentaram marcar uma reunião com o diretor, Manoel Tadeu, porém, segundo ela, o mesmo não esteve presente, e os familiares foram atendidos pela assistente social.

Outra familiar, cujo nome também será preservado, reforçou o mau atendimento por parte dos funcionários do Conjunto Penal de Juazeiro, e acrescentou sobre a falta de informações sobre o estado de saúde dos internos. Com o cenário de pandemia, o risco de contaminação dentro da unidade prisional é iminente, apesar das medidas de prevenção, tendo em vista a circulação dos funcionários fora da unidade.

“A gente está sem saber se já fizeram os testes [de covid-19] neles [presidiários], pois não nos informam nada. A gente não sabe como está a situação deles lá dentro. Quem é da família fica preocupado, sem dormir direito, sem comer direito. Está complicado. Queremos uma ajuda, saber se eles já foram testados, e uma previsão de quando devem voltar as visitas. Os agentes nos atendem muito mal, com ignorância. Escrevemos uma carta e demoram meses para entregar e também não estamos mais recebendo as cartas deles”, disse a familiar.

Uma outra reforçou a necessidade de informações sobre os internos. “Estamos precisando de notícias. Estamos quase há cinco meses com saudades. São nossa família. É preciso que tomam alguma iniciativa. Tanto nós quanto eles, precisam das visitas. Eles não são bichos e têm famílias. Não recebemos cartas, nenhuma ligação, nem nada. A gente precisa de uma resposta das autoridades”, disse.

O Conjunto Penal de Juazeiro foi construído para abrigar os presos provisórios da Comarca de Juazeiro e condenados nos regimes fechado e semiaberto de diversas cidades da região, de forma excepcional. Até fevereiro, o excedente populacional do regime fechado era superior a 150% (o PNB não conseguiu, junto a administração, dados atualizados).

O PNB entrou em contato com Manoel Thadeu, diretor da unidade prisional, porém até a publicação dessa matéria, o mesmo não respondeu à solicitação. A Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP-BA) também não se manifestou até o presente momento.

Da Redação

2 COMENTÁRIOS

  1. Isso é uma revolta pq meu irmão já tem problema de saúde e nois não tem noticias e nada não falam nada e testa a gente com ignorância

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