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A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que administra o Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf), em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, negou um pedido do reitor temporário da instituição, Paulo César Fagundes Neves, solicitando a substituição do superintendente da unidade hospitalar.
No ofício enviado à EBSERH, Neves solicitou que o Prof. Dr. Itamar Santos, atual Superintendente do Hospital Universitário, fosse substituído pelo Prof. Dr. Deranor Gomes de Oliveira, com a justificativa de “ajustar a gestão do Hospital de Ensino aos interesses das partes envolvidas”. O reitor, que vem sendo alvo de diversas polêmicas desde que assumiu temporariamente a função, disse ainda que o docente indicado, que está lotado no Colegiado de Administração da Univasf, conta “com vasta experiência da área de administração/gestão, e preenche os requisitos legais e necessários à assunção do cargo”.
Eduardo Chaves Vieira, presidente em exercício da EBSERH, negou o pedido ao justificar que o atual Superintendente, que foi nomeado no dia 5 de maio de 2020, “vem desempenhando suas atribuições com zelo e observância das regras e orientações que são emanadas pela Administração Central da Empresa”. No documento enviado ao reitor pro-tempore, Vieira destacou ainda que na gestão atual, “o HU-Univasf apresentou melhoria em seus índices de eficiência e controle. Os resultados do Hospital têm o reconhecimento público considerando a divulgação na mídia local de notícias positivas sobre a atuação do HU na região”.
O presidente em exercício finalizou a nota afirmando ainda que o atual Superintendente assumiu a gestão do hospital em plena pandemia e mesmo em meio a todas as dificuldades do enfrentamento da covid-19, “o hospital sob seu comando cumpriu o papel designado pelo Gestor SUS e deu respostas adequadas à sociedade local, ao disponibilizar 20 leitos de UTI com todo o suporte de equipamentos, insumos e força de trabalho”. Diante do que foi exposto acima, finalizou que não há elementos que motivem a necessidade de substituição do Superintendente.
Bruno Cezar Silva, que é coordenador de Gestão Ambiental da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento Institucional (Propladi) e representante técnico administrativo do Conselho Universitário da Univasf, afirmou que considera que a tentativa de mudança tem cunho político.
“O que houve? Foram os escândalos envolvendo os respiradores? Mas ficou provado pela EBSERH que o erro foi do reitor pro-tempore, e não da gestão do HU. O serviço corre sério risco de ser descontinuado ao ter gestores trocados em grave momento de crise. Até quando a Univasf vai pagar o preço desta gestão sedenta de poder? Este senhor Deranor tem lutado com unhas e dentes para descontinuar as atividades no Espaço Plural da Univasf. E agora, o que ele iria fazer no hospital universitário sem qualquer conhecimento de UTI, pandemia e saúde pública? Atender quais interesses?”, questionou o membro do Conuni.
Segundo Bruno, o Ministério Público Federal (MPF) já foi acionado, assim como a ouvidoria da Univasf, para acompanhar o caso.
Polêmicas
A gestão temporária de Paulo Fagundes vêm gerando um desconforto dentro da comunidade acadêmica da Univasf, já que o mesmo se envolveu em diversas polêmicas. Na mais recente, houve um impasse entre a reitoria da Univasf e a EBSERH, no que diz respeito a devolução, por parte da empresa, de 20 respiradores mecânicos, que seriam destinados ao tratamento de pacientes com a covid-19, ao Governo do Estado de Pernambuco (reveja).
No dia 29 de maio, membros do Conselho Universitário da Univasf emitiram uma nota de repúdio contra Paulo César Fagundes Neves que abandonou a sessão ordinária que estava sendo realizada. Segundo os conselheiros, o reitor pro-tempore abandonou a reunião alegando que seu expediente se encerrava às 18h e que tinha “outros compromissos” (relembre).
No dia 5 do mesmo mês, em entrevista ao programa Palavra de Mulher Web, Omar Torres, representante da sociedade civil no Conuni, se manifestou contra a nomeação de Paulo César Fagundes Neves como reitor pro-tempore da Univasf e elencou uma série de ações que vem sendo adotadas pelo interventor, e que segundo ele, representam risco à democracia e a autonomia da instituição. Na época com menos de um mês no cargo temporário, segundo Torres, o reitor pro-tempore instituiu uma série de medidas antidemocráticas, desrespeitando, inclusive, o Conuni (clique aqui e confira as decisões tomadas pelo reitor pro-tempore consideradas antidemocráticas pelo conselheiro).
Embólio judicial
A universidade desde o final do ano passado vive um imbróglio judicial para nomeação do seu mais novo reitor. Na eleição realizada no dia 5 de novembro do ano passado, o então vice-reitor, Telio Leite, foi eleito para o cargo, juntamente com a vice, profa. Lúcia Marisy Souza Ribeiro de Oliveira, com cerca de 57% dos votos. A consulta pública teve participação dos discentes, docentes e técnicos. Posteriormente, uma liminar assinada pelo desembargador federal do Tribunal Federal da 5ª Região (TRF5), Cid Marconi, suspendeu a lista tríplice de candidatos, votada em 29 de novembro, enviada pela Univasf ao MEC.
A decisão acatou os argumentos dos candidatos Jorge Cavalcanti e Ferdinando Carvalho, que se mostraram contrários à inclusão de um dos candidatos que compõe a lista tríplice, pois o mesmo não se encontrava em efetivo exercício na Univasf. Em virtude do imbróglio judicial, a lista está temporariamente suspensa. Como o mandato do reitor Julianeli Tolentino de Lima se encerrou no dia 5 de abril, o Ministério da Educação fez a indicação do reitor pro-tempore. Fagundes Neves é professor do curso de Medicina da instituição e atua como médico ortopedista na cidade pernambucana.
O indicado não participou da consulta pública realizada em novembro do ano passado, nem teve seu nome cogitado na lista tríplice votada pelo Conselho Universitário, também no mesmo período, para o cargo da reitoria. Ainda assim, a portaria com a nomeação de Paulo foi assinada no dia 9 de abril pelo então Ministro da Educação na época, Abraham Weintraub, o que gerou desconforto entre estudantes, professores e funcionários da Univasf.
Da Redação