“Eu posso ter cometido erros, estou pronto para assumi-los”, diz presidente do PT de Curaçá sobre nota de apoio à conterrânea que chamou PM de “macaco”

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(Foto: reprodução)

O presidente do PT da cidade de Curaçá, no Norte do Estado, Júlio Cézar de Almeida Lopes, divulgou um texto onde faz esclarecimentos sobre a nota que fez em apoio à conterrânea Dona Libânia Torres, que no dia 16 de setembro de 2020, chamou um Policial Militar de “macaco”, durante uma ocorrência no bairro Vale dos Lagos, Salvador.

No perfil do Instagram, o PT municipal chegou a alegar que o termo utilizado por Libânia para ofender o policial “não é racismo” [leia a nota na íntegra].

Após a declaração, a defesa do PM que foi agredido informou que vai processar a Júlio César e toda a diretoria da sigla envolvida na aprovação da nota.

Em seu novo pronunciamento, o presidente do PT de Curaçá pediu desculpas por qualquer palavra que tenha sido interpretada de maneira diferente do que ele pretendia. Ele também informou que não concordo com a forma “grosseira” e “agressiva” com que Libânia tratou os policiais.

“Dona Libânia errou. Certamente irá responder pelo que fez. Eu posso ter cometido erros, estou pronto para assumi-los. Mas não aceito que sejam atribuídas palavras ou intenções que não foram ditas ou manifestadas em mim ou em qualquer pessoa”, declarou.

Veja a nota na íntegra

 

Ao Povo da Bahia, ao Povo de Curaçá,

Escrevo essa Nota em respeito a todas as pessoas e principalmente a todos Policiais Militares do Estado da Bahia e do Brasil, e de forma muito especial a todas as pessoas que defendem e reconhecem a igualdade racial.

Infelizmente nem sempre conseguimos expressar com palavras o que realmente sentimos, do mesmo modo que, na grande maioria das vezes, o que escrevemos ou falamos é interpretado de forma diversa a que pretendemos, a depender do interlocutor.

Fiz uma nota de apoio à conterrânea Dona Libânia Torres pelo ocorrido no dia 16 de setembro de 2020, e apesar de tê-la assinado em nome do Partido dos Trabalhadores, a fiz por vontade própria. Por conhecer Dona Libânia desde que nasci.

Não concordo com a forma grosseira e agressiva com que ela tratou os policiais. Fiz a nota porque, mesmo reconhecendo que ela teve um comportamento totalmente errado, não me contive ao ver uma pessoa de nosso convívio tão transtornada sendo conduzida à prisão. Uma pessoa, mãe de família, com uma história de muitos serviços prestados à comunidade, sempre se indignando publicamente com injustiças, aos 64 anos de idade se encontrar envolvida em situação tão constrangedora, é incompreensível. Eu me emocionei profundamente e quis lhe levar meu carinho, em retribuição a um pouco do que ele já fez por mim e pelos curaçaenses de modo geral. Sei que o que ela fez é inadmissível, mas não é por isso que quem conhece sua história vai esquecer seu passado. Lembrar que ela está com problemas depressivos graves, e estava em Salvador fazendo tratamento de saúde. Não achei justo ficar silente conhecendo sua índole e suas lutas.

Não tenho e não tive a intenção de legitimar qualquer agressão à corporação da Polícia Militar, ou a qualquer um Policial especificamente. De forma nenhuma fiz a Nota para atacar ou diminuir a importância da Instituição Polícia Militar, ou mesmo o profissional que acompanhou a ocorrência daquela noite, e pior ainda desqualificar o Policial.

Venho por meio desta pedir desculpas por qualquer palavra que tenha sido interpretada de maneira diferente do que eu pretendia.

Qualquer ato de racismo ou injúria racial tem que ser combatido com firmeza. É importante ter educação política para o conjunto da sociedade compreender que mesmo questões culturais e históricas, não estão isentas de serem permeadas pelo racismo que estruturou a nossa Sociedade.

Nada que remeta ao racismo pode ser perpetuado ou justificado. Uma palavra que em um contexto pode ser comum e em outro contexto é racista, não deve ser utilizada sem refletir sobre como chegará ao seu interlocutor. Todas as palavras que são carregadas historicamente de racismo têm que ser abolidas. É o mínimo a se fazer em uma sociedade com tantas heranças malditas do racismo.

Dona Libânia errou. Certamente irá responder pelo que fez. Eu posso ter cometido erros, estou pronto para assumi-los. Mas não aceito que sejam atribuídas palavras ou intenções que não foram ditas ou manifestadas em mim ou em qualquer pessoa.

“Como eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: “Quem de vós estiver sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra”. São João 8:7

Júlio Cézar de Almeida Lopes

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