(foto arquivo pessoal)
Boas Notícias
Axé Odô. Chegue chegando. Mas pise devagarinho. Pise devagarinho e na classe como Joe e Kamala ganhando a Eleição Americana. Os mais votados da história. Derrotando a truculência grotesca do Donald, espalhando uma esperança no final de um ano onde morremos, um muito, todos os dias.
Kamala rompe estigmas e paradigmas: mulher, negra, filha de imigrantes, tem a cara de uma nova agenda para o mundo. É tempo de comemorar sim !
Os americanos serão sempre americanos, sempre vão impor seus interesses sobre o mundo, de forma fálica e bélica, intrépidos e indomáveis, mas emitiram do hemisfério de lá, uma mensagem clara para o mundo. De se curvar, se render, se vender ao tacanho, ao desgoverno, ao racismo, à misoginia, à burrice. As desigualdades no mundo são muitas. Não podemos nos calar e aceitar. De certo, Bolsonaro chorou.
9 dias de apagão no Amapá.
1966. Baden e Vinícius nos mostram “Os Afro-Sambas”, um dos melhores discos da música brasileira. Começa com o Canto de Ossanha e termina com o Lamento de Exu. Ali o Brasil encontrou o Brasil na pulsação rítmica do candomblé.
1973. Os Tincoãs lançam “Os Tincoãs”. Batuque comemora na Bahia, com primazia histórica e musical, a existência dos Orixás.
2020. Zé Manoel lança o disco “Do Meu Coração Nu”. Desta nudez, despida em harmonia com o grande Luisão Pereira, brota uma canção em especial: Adupé Obaluaê.
A canção virou um onírico clipe. O universo musical de Zé sempre tateou o tambor dos orixás. Mas desta vez ele se superou. Obaluaê é um orixá poderoso, cuida do fogo, da morte, protege os pobres e os doentes. Obaluaê também é Omulu, nestes tempos epidêmicos e segundo a mitologia, a cura está nas mãos dele. Zé nos trouxe oportunamente seu cantar evocando o poder deste orixá.
Mas o evocar de Zé começa com Adupé, uma palavra na língua iorubá (eu sempre digo que iorubá é a língua de um povo que celebra, o significado das palavras sempre é amplo, repleto de uma vontade contemplativa de dizer as coisas). Adupé significa algo próximo de “agradecer cantando”.
Zé cumpriu sua missão. Encontrou o afro-samba perdido, num bater de tambor tincoã, propõe a cura, seu piano por vezes lírico festeja Jobim que festejava Villa-Lobos que cresceu ouvindo música de preto.
Zé e Luisão fizeram uma obra prima. Uma oferenda aos vivos, para uma reflexão profunda sobre quem somos: corpo, alma, indivíduos, Brasil.
Muito Obrigado Axé !
Angelo Roncalli, 44, escritor, @angelo__roncalli
Informações:
– Zé Manoel em @ze_manoel
– Luisão Pereira em @luisaopereira
– O clipe Adupé Obaluaê em https://www.youtube.com/watch?v=tWEtjI3kHvQ
Simplesmente ecletico !
Como sempre sútil nas palavras e com um dialeto compreensível.
Parabéns Angelo.
Isso é pra te levar no Ilê
Pra te lembrar do Badauê
Pra te lembrar de lá
Isso é pra te levar no meu terreiro
Pra te levar no Candomblé
Pra te levar no altar
Isso é pra te levar na fé
pois Deus é brasileiro
Muito obrigado Axé
Muito obrigado Axé
Muito obrigado Axé…