Funcionários dos Hospital Regional de Juazeiro, no Norte da Bahia, denunciam que continuam com o salário referente ao mês de outubro atrasado. Em contato com a redação do PNB, eles denunciam ainda que temem que o pagamento referente ao mês de novembro, bem como a primeira parcela do décimo terceiro, também sejam atrasadas, e reclamam ainda da falta de previsão e de informações.
“Os funcionários, até a manhã de hoje, ainda não receberam o pagamento relativo ao trabalho realizado no mês passado (outubro/2020), não possuem qualquer informação de quando receberão e também não têm o mínimo de informação a respeito da situação de trabalho atual (e futura), pois apesar da promessa de contratação pela nova administradora, não houve comunicação acerca de quando e como se dará tal contratação”, disse uma funcionária, cujo nome será preservado.
Ainda segundo os funcionários, a próxima segunda-feira (30) é a data limite para recebimento da primeira parte do décimo terceiro salário, e, na segunda seguinte (7), é o quinto dia útil e data limite para o pagamento dos salários referentes ao mês de novembro. “Infelizmente, a impressão obtida até agora é de que todos estes pagamentos se acumularão, visto a desinformação dos funcionários sobre o cenário financeiro atual do hospital com as mudanças decorrentes da operação”, acrescenta a funcionária.
O HRJ foi alvo da Operação Metástase, da Polícia Federal, que desarticulou um esquema de fraude em licitações e desvio de recursos públicos destinados à gestão da unidade, administrada pela IBDAH. A diretora do Hospital Regional, em Juazeiro, Hucilene Simões, foi presa e levada para delegacia da PF, na cidade [veja mais abaixo].
Na segunda-feira (23), a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) anunciou que a Osid-Obras Sociais Irmã Dulce, que já administra hospitais do Governo do Estado em Irecê, Barreiras e Santa Rita de Cássia, e realiza 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano apenas no Hospital Santo Antônio, em Salvador, é a nova empresa administradora do HRJ.
“Os profissionais não têm mais condições de ir trabalhar pois não têm dinheiro. Ninguém sabe de nada, pois eles não passam nenhuma informação. Estamos extremamente preocupados”, acrescentou outra funcionária do HRJ.
“Estamos todos desanimados. A Sesab disse para mídia que vai pagar todos, porém até agora não nos deu previsão de pagamento. As contas não esperam. As famílias que só tem esse vínculo estão desesperadas. Ao contrário do que disse o secretário de saúde, as condições de trabalho estão horríveis. O hospital não tem nada além dos funcionários, que estão desesperados aguardando um pagamento que não tem previsão de sair. Não temos culpa do que está acontecendo”, desabafou outra profissional da instituição.
Prazo de 15 dias
Em reunião realizada hoje, os funcionários foram informados que foi solicitado o prazo de 15 dias, a partir da data de hoje, para efetuação do pagamento dos salários de outubro e do valor trabalhado pelos profissionais até o dia 22 de novembro – data que o hospital ficou sob gestão da antiga empresa -, bem como de férias e décimo terceiro salários.
Com relação ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), os funcionários disse que não foi repassado nenhuma informação. Eles preveem que necessitem entrar, de forma coletiva, com uma ação contra a APMI para a liberação do direito trabalhista.
O PNB procurou a Sesab, porém, até o fechamento dessa matéria, não obteve uma resposta oficial sobre o assunto.
Operação Metástase
Na última quinta-feira (19), a Operação Metástase da Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), desarticulou um esquema de fraude em licitações e desvio de recursos públicos destinados à gestão do Hospital Regional de Juazeiro, administrado pela IBDAH. A operação resultou em seis mandados de prisão expedidos, cinco de preventiva e um de temporária, e outros 16 de busca e apreensão em Salvador, Castro Alves, Guanambi e Juazeiro. A diretora do Hospital Regional, em Juazeiro, Hucilene Simões, foi presa e levada para delegacia da PF, na cidade.
As investigações apontaram que a organização criminosa investigada fraudou licitações públicas e passou a dominar a gestão de inúmeras unidades da rede estadual de saúde, sob gestão indireta, por intermédio de diferentes Organizações Sociais de Saúde (OSS). Essas organizações são controladas por um mesmo grupo empresarial, quase sempre registradas em nome de “laranjas”.
Ainda segundo a PF, essas instituições gestoras das unidades de saúde passaram a contratar empresas de fachada, ligadas ao mesmo grupo, de forma direcionada e com superfaturamento, por meio das quais os recursos públicos destinados à administração hospitalar eram escoados, sem que muitos dos serviços fossem efetivamente prestados ou os produtos fossem fornecidos. A polícia identificou que parte dessas empresas são de consultoria, assessoria contábil e empresarial, comunicação social, além de escritórios de advocacia.
Da Redação