Jovem sofre tentativa de estupro após marcar reencontro com amigo da época de escola e escapa após pular da moto

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A jovem petrolinense Vitória Barbosa, 20 anos, sofreu uma tentativa de estupro na última sexta-feira (4) em Juazeiro, no Norte da Bahia, após se reencontrar com um ex-amigo de escola. A modelo fotográfica, em um relato postado em suas redes sociais, contou que foi levada para um matagal, vendada, amordaçada e ameaçada pelo autor, e só conseguiu escapar após pular da moto quando o homem a levava, à força, para sua residência. A vítima contou ainda que sentiu constrangida com o atendimento na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM), quando foi realizar a ocorrência.

Vitória relatou ao PNB que estudou junto com o autor por três anos, mas que já não mais se falavam. O homem então teria reaparecido e tentado uma reaproximação com a vítima e uma terceira amiga em comum, e as convidado para conhecer sua filha.

“Estudamos juntos por três anos. Sempre tivemos o mesmo grupo de amigos. Nós éramos amigos. Mas há um tempo nós não conversávamos, foi então que ele tentou se reaproximar. Não sei onde ele encontrou meu número. Me mandava mensagens de texto, meio que me investigando, perguntando o que eu fazia. Ele convidou eu e uma amiga minha, nós três éramos bastante próximos, melhores amigos na época do colégio, para visitá-lo. Disse que tinha sido pai recentemente, que estava bastante difícil a situação, e que queria levar a gente para conhecer a filha dele. Ele usou essa história para atrair a gente”, contou Vitória, que disse ainda que o reencontro dos três chegou a ser desmarcado, por diversas vezes.

Os três, então, finalmente marcaram de se rever na última sexta-feira, dia do ocorrido. Vitória mora em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, e o mesmo, de moto, foi buscá-la em casa. A ideia era que os dois encontrassem a amiga na Avenida Adolfo Viana, em Juazeiro. Entretanto, o homem desviou o caminho, seguiu no sentido do bairro Itaberaba e pegou a pista que vai para a sede da empresa Agrovale.

“Ele ficou de me buscar à tarde, mas só foi aparecer à noite. Ele já tinha praticamente planejado tudo. Foi premeditado. Ele me pegou em Petrolina e nós íamos passar na casa dessa amiga minha, já que estava combinado com ela também. Ela estava nos esperando no Centro, na Avenida Adolfo Viana. Só que, ao invés dele descer na rampa na ponte, ele continuou seguindo direto. Na minha cabeça ele iria dar a volta [no contorno] para não descer pela rampa”, disse Vitória.

Em depoimento, a jovem afirmou que passou a desconfiar do comportamento do suspeito e ficou bastante agitada, questionando para onde o mesmo a levava. Vitória disse que o homem, então, resolveu parar a moto no acostamento, momento em que ela tentou fugir. Ele, entretanto, a pegou de volta e anunciou que se tratava de um sequestro. A vítima relatou ainda que o homem afirmou que já havia dito um dia que ia a sequestrar só para ele. Ainda no depoimento, Vitória disse ainda que o homem já havia demonstrando sentimentos, mas que sempre levou na brincadeira.

“Enquanto ele parava a moto, eu corri no meio da BR, pedindo ajuda, chamando atenção dos carros. Ele me abraçou de volta, por trás, mostrei resistência e então ele me jogou no matagal. Rasgou as mangas do meu vestido, tirou minha sandália, acariciou meu corpo, me assediou. Foi então que ele me vendou, disse que se eu quisesse voltar viva, eu obedecesse tudo que ele falava. Ele me dizia que iria me levar para o ‘cafofo’ dele. Senti a faca na cintura dele”, contou a vítima, que acredita que o suspeito decidiu sair daquele local pois ela estava gritando muito com o intuito de chamar atenção de populares.

A modelo, além de ser vendada, teve a viseira do capacete tampada. O homem a obrigou a subir novamente na moto, após dizer que a levaria para sua residência, e ordenou que Vitória colocasse as mãos em sua cintura. Ainda no depoimento, Vitória disse que, no meio do caminho, após perceber o barulho do trânsito e de outros veículos, conseguiu desestabilizá-lo na moto, o que o fez reduzir a velocidade. Foi então que, mesmo sem saber onde estava, Vitória se jogou da moto. Nesse momento, agressor e vítima estavam passando nas imediações do contorno do Mercado do produtor. A jovem foi socorrida por pessoas que passavam pelo local no momento do ocorrido.

“Caí no chão e ele ainda tentou me arrastar no asfalto, só que os motoristas acabaram parando para me ajudar. Um mototáxista foi pra cima dele, com a moto, e ele mostrou a faca. Para o pessoal da van, ele também mostrou a faca. Eu saí correndo na avenida. O pessoal de uma van abriu a porta para mim. De lá, eles me levaram para a delegacia”, relatou Vitória.

(foto: reprodução/Whatsapp)

Na delegacia da Polícia Civil, Vitória foi aconselhada a ir primeiro ao Hospital de Traumas, em Petrolina, já que estava bastante ferida. Posteriormente, Vitória ligou para a amiga, que relatou que o homem havia ligado para ela pedindo a localização de sua residência e que, ao ser perguntando sobre a jovem, disse que ela tinha “viajado e pulado da moto”.

Ainda no depoimento, prestado após ser atendida na unidade hospitalar, Vitória relatou que ao ligar mãe, foi surpreendida com a informação de que ele tinha aparecido lá com uma sacola de lanches e que só sairia de lá após ver a vítima. Posteriormente, o suspeito mandou uma mensagem para a jovem perguntando se a mesma “era louca”, contou.

Policiais Militares foram até a casa dele, e lá encontraram um pé de maconha, uma balança de precisão. Segundo Vitória, os vizinhos do homem fizeram diversas queixas sobre o mesmo, e afirmaram que o homem já tinha espancado o próprio pai, que ficou acamado. Disseram ainda que o suspeito batia na avó, quando a mesma era viva.

Desconforto na DEAM

Vitória disse que passou por uma situação constrangedora ao ser encaminhada para a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). “Fui tratada com bastante descaso. A delegada disse que precisava resolver um flagrante na hora e que não tinha vaga para mim. Ela falou que ia passar [o caso] para outra delegada na outra semana, ou quando ela pudesse [iria atendê-la]. Saí de lá bastante arrasada”, disse Vitória, que decidiu publicizar seu texto nas redes sociais, como forma de alerta e protesto.

“Nunca quis ser vista como uma mulher vulnerável. Mas para fazer justiça, preciso vir aqui. Não queria procurar ajuda ou expor. Mas já tomei as medidas cabíveis para conseguir ajuda. Dá muito medo, VERGONHA, mas temos que lutar por respeito e justiça. Não passarão. Estupro é crime”, disse a jovem nas redes sociais.

O suspeito não foi encontrado. Vitória diz temer por sua própria vítima, já que ainda está solto. “Estou me recuperando apesar dos hematomas e escoriações, mas peço ajuda de todos vocês pra compartilhar para servir de alerta e ajudar a encontrá-lo, pois o mesmo está solto e eu temo por minha vida! Tomem cuidado em quem vocês confiam, pois a maioria das vezes essas pessoas está mais perto do que vocês imaginam”, alerta Vitória.

O PNB entrou em contato com a DEAM que, através de sua assessoria, garantiu enviar uma nota sobre a reclamação da jovem. A delegada citada pela jovem, em breve conversa com nossa redação, disse que jamais minimizou o caso, e nem tratou a vítima com descaso. Ela credita as afirmações de Vitória ao seu estado emocional bastante abalado, como consequência da violência sofrida. “Tenho uma vida dedicada ao acolhimento de mulheres vítimas da violência e ao combate aos agressores. Jamais destrataria uma vítima, pois sei da vulnerabilidade que elas chegam na DEAM, ainda mais sendo uma jovem. No entanto, compreendo seu estado emocional e garanto que a jovem Vitória não está sozinha. Estamos adotando todas as providências”, finalizou.

Da Redação por Thiago Santos

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