Covid-19: Sem controle da pandemia, Brasil vira laboratório de novas cepas do vírus

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Com o descontrole da pandemia, o Brasil está virando um laboratório para evoluções do vírus, segundo especialistas. O possível surgimento de uma nova variante do coronavírus em Sorocaba, no interior paulista, nesta semana acendeu o sinal de alerta entre pesquisadores. Ao Uol, pesquisadores destacaram que quanto maior a circulação do vírus, maior a chance de variantes.

“As variantes surgem principalmente pela pressão de transmissão. Ou seja, quanto mais gente transmitindo, maior a probabilidade surgir um vírus mutante. É um fator determinante para a ocorrência de modificações virais”, afirma Bernardino Albuquerque, epidemiologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Amazonas.

Neste ano, a taxa de transmissão do vírus no Brasil, que havia diminuído no final de 2020, se mantém acima de 1, de acordo com a universidade Imperial College London, do Reino Unido, o que indica descontrole da pandemia no país.

“No Brasil, o vírus está cheio de possibilidades de replicação e mutação. Não é surpreendente que novas variantes surjam, é inevitável. Tampouco é surpreendente que a P1, por exemplo, evolua”, disse Monica de Bolle, professora da Universidade Johns Hopkins e membro do “Observatório Covid-19 BR”.

Para Rafael Dhalia, pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em Pernambuco, não só podem surgir cada vez mais variantes como é possível que elas já estejam em circulação no Brasil, mas, sem acompanhamento, não há como identificá-las.

“Essas variantes acontecem no mundo todo, são coevoluções, mas, para a gente saber, tem que sequenciar o vírus. Por aqui não temos nem ideia. Essa variante encontrada em Sorocaba já pode estar no Brasil todo e não sabemos”, afirma o membro da APC (Academia Pernambucana de Ciências).

O país está muito atrasado no sequenciamento do vírus. No Reino Unido, já é feita a sequencia de 50 pessoas a cada 1.000 casos para identificar evoluções, no Brasil o índice é 0,15 para cada 1.000 casos. Ou seja, é um sequenciado para cerca de 7.000 casos confirmados.

“Sabe onde a P1, de Manaus, foi identificada? No Japão, por causa de um brasileiro que chegou febril e eles decidiram sequenciar o vírus. Logo, foi necessário uma pessoa sair do Brasil para descobrir a P1. É vergonhoso”, lamenta  Rafael Dhalia, pesquisador da Fiocruz.

Segundo a reportagem, no Brasil, além da P1, foi identificada uma outra variante, apelidada P2, no Rio de Janeiro. Sem incidência rastreada, ela é considerada isolada, mas, segundo Dhalia, “não há como garantir”.

A reportagem detalha também que o surgimento de variantes é algo comum quando se trata de um vírus. Com maior contato com uma espécie ele vai se adaptando e criando resistência. A grande preocupação é o que ela pode virar.

“A grande questão não são novas variantes em si, mas que tipo de variantes elas são. São as que causam preocupação? São como a P1, mais transmissíveis? De que maneira vão ter efeitos epidemiológicos relevantes?”, disse Monica de Bolle.

Agência Brasil

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