Neta de Marighella protocola moção de repúdio após ataque de Sérgio Camargo contra acervo do avô

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A vereadora, Maria Marighella, apresentou na Câmara Municipal de Salvador uma moção de repúdio às declarações proferidas pelo presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, através nas redes sociais, ao anunciar que a obra de Carlos Marighella (1911-1969) será “excluída” do acervo da instituição. Ela é neta do escritor e guerrilheiro comunista baiano.

“Poemas de Marighella (que fofo…) sairá do acervo cultural da Palmares. O terrorista comunista, negro falsificado pela esquerda, nunca será herói e referência cultural dos pretos honrados e trabalhadores do Brasil. Seus textos são como os escritos de Hitler. Devem ser banidos!”, escreveu ele, no dia 24 de maio.

“A Fundação Palmares, ao longo de trinta anos, foi usada como repositório de lixo marxista. O objetivo não era elevar o negro pela cultura, mas reduzi-lo a um militante raivoso e ignorante. É o que demonstrará nosso Relatório Público, em vias de ser concluído. Fora, Marighella!”, registrou em outra publicação.

Além de Marighella, segundo Sérgio, serão retirados livros relacionados ao socialista Karl Marx e aos políticos soviéticos Josef Stalin e Lenin. Ele disse que uma estante será reservada aos “livros comprobatórios”. Assim, aqueles que quiserem conferir terão acesso ao chamado “Cantinho do Comunismo”.

Para Maria Marighella, “a declaração proferida por Sérgio Camargo, em ataque à memória de Carlos Marighella, soma-se a diversas outras declarações anteriores que, desde sua nomeação para o cargo de presidência da Fundação, são veementemente repudiadas pelo movimento negro, pelas trabalhasoras e trabalhadores da cultura e por lideranças políticas em diversos entes da federação, por estarem frontalmente em desacordo à missão da Fundação Cultural Palmares e ferirem preceitos da Carga Magna do país”.

“Sérgio Camargo defende publicamente a escravidão como algo que foi benéfico para o país, nega a existência do racismo e da importância estrutural do Movimento Negro, além de atacar símbolos da história afro-brasileira, como Zumbi dos Palmares e o Dia da Consciência Negra”, as religiões de matriz africana e as manifestações da cultura negra periférica”, escreveu a edil, em um dos trechos da moção.

Além da Palmares, a moção é endereçada ao Secretário Especial de Cultura, Mário Frias, ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ao presidente Jair Bolsonaro.

BNews

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