O empresário Erasmo Neves, proprietário da Casa de Carnes Morumbi, em Juazeiro, que protagonizando uma cena de violência contra um homem que teria furtado uma quantidade de carne moída e um frango no seu estabelecimento comercial, no Alto da Maravilha, se manifestou em uma nota publicada na rede social da empresa.
O fato aconteceu nesta quinta-feira (12), e foi gravado em um vídeo enviado por uma leitora ao Portal Preto No Branco. Na gravação aparece o empresário dando um tapa na cabeça do homem, chutando e jogando uma sacola contra o acusado, aparentemente um idoso.
Ele chega a perguntar se estão filmando, para então iniciar a agressão contra o homem.
Erasmo Neves, ao invés de acionar a polícia para adoção das medidas legais, segura pela camisa do homem, que está de cabeça baixa, sentado no chão da saída da loja, e diz: “Pegamos um ladrão aqui na loja do Alto da Maravilha, já tinha pegado ele roubando na Areia Branca. Hoje conheci ele aqui e peguei de novo. Tá aqui roubando um frango e uma carne moída. Eu trabalho feito um ‘fdp’ e o cabra roubando, roubando”, diz o empresário no vídeo.
Na nota, Erasmo Neves “pede desculpas pela forma destemperada que reagi ao me deparar com uma pessoa furtando dentro do meu estabelecimento comercial”.
Ele acusa o homem de já ter furtado outras duas vezes o seu estabelecimento, porém não apresentou provas
Veja a nota na íntegra:
O comerciante Erasmo Neves, sócio proprietário da casa de carnes situada na Travessa da Maravilha, em Juazeiro/BA, vem a público prestar esclarecimentos sobre o triste fato ocorrido na manhã desta quinta-feira, 12/05.
Venho pedir desculpas pela forma destemperada que reagi ao me deparar com uma pessoa furtando dentro do meu estabelecimento comercial.
É dali que alimento meus filhos e consigo empregar mais de 100 (cem) funcionários para que estes também possam alimentar os seus filhos.
Ao perceber que estava sendo furtado pela mesma pessoa que já havia sido flagrada outras duas vezes furtando em outra filial da minha empresa, me comportei como um selvagem, tentando proteger o meu “ganha-pão”.
Na primeira vez que ocorreu, na loja da Areia Branca, em Petrolina, me comovi com a situação alegada por ele e, após adverti-lo que da próxima vez chamaria a polícia, acabei liberando para que ele levasse a mercadoria que estava na sacola.
Na segunda vez que o flagrei, retirei a mercadoria da sacola solicitei que chamassem a polícia. Porém, ao ser interpelado por alguns clientes e demais passantes que presenciaram a cena, acabei desistindo de prestar queixa para não destruir a vida de uma pessoa já com uma certa idade.
Porém, aconteceu de hoje flagrá-lo novamente com o mesmo modo de agir das outras vezes: entra como se fosse um cliente em dúvida do que vai levar e acaba aproveitando o momento de distração de algum funcionário para enfiar produtos dentro da sacola e sair sem pagar.
Mesmo sabendo que não posso defender com unhas e dentes o meu único instrumento de trabalho de onde sustento minha família, me arrependo profundamente da minha atitude movida pela forte emoção violenta que me acometeu naquele momento.
Continuarei investindo em sistema de monitoramento eletrônico e segurança preventiva e/ou ostensiva para que os clientes e amigos sintam-se cada vez mais seguros ao adentrarem nas nossas lojas.
Com mais de 40 anos de tradição na região do Vale do São Francisco, a nossa empresa é reconhecida pelas boas condutas perante os clientes, amigos e colaboradores, contribuindo para o desenvolvimento econômico das cidades de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE).
Princípio da Insignificância
Consultado pelo PNB, um advogado esclareceu que este caso pode se enquadrar no Princípio da Insignificância, que determina a não punição de crimes que geram ofensas irrelevantes ao bem jurídico protegido pela lei penal. No presente caso, o furto de alimentos para consumo próprio, realizado por pessoa em visível estado de necessidade, o grau de lesão ao bem jurídico tutelado pela lei penal é tão irrisório que não poderia se negar a incidência do referido princípio, resultando na não punição do crime”.
A atitude indicada para o empresário que se sentiu lesado, seria acionar a polícia e encaminhar o homem para a delegacia da cidade, onde a autoridade policial adotaria as medidas legais.
Veja vídeo:
Redação PNB