Coletivo de Teatro do Oprimido irá criar e apresentar espetáculo totalmente virtual

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O Laboratório Alagoano de Teatro do Oprimido (LATO) vai estrear em novembro o primeiro espetáculo virtual do grupo intitulado “Oi, vocês me escutam?”, que contará com quatro apresentações através da plataforma Zoom, e replicada nas redes sociais do Coletivo. A montagem do espetáculo começou neste mês de setembro, e todo o preparo está acontecendo à distância, reunindo artistas dos estados de Alagoas, Rio de Janeiro e Bahia.

O espetáculo é produzido e dirigido por Udson Pinheiro Araújo, que, provocado pelo negacionismo durante a pandemia, e pelas questões sociais, políticas e culturais que atravessam o país, propôs a criação do espetáculo. “A ideia surge da inquietação sobre como poderíamos continuar trabalhando com o Teatro do Oprimido no contexto pandêmico. A tragédia sanitária e social que vivemos nos apontava para uma necessidade ainda mais urgente de propostas artísticas que se posicionam e contribuem para a reflexão crítica. Queríamos promover espaços de diálogo, que fossem também o lugar para ensaiar e exercitar ações coletivas libertadoras”, explica o diretor.

Com a paralisação das apresentações teatrais, as dificuldades que a cultura enfrentou para se manter de maneira independente, e a luta por medidas governamentais de auxílio aos/às trabalhadores/as da cultura também influenciou o coletivo a inovar na modalidade virtual. “A gente precisava “reinventar” as nossas formas de luta e de criação naquele momento. E ainda víamos essa reinvenção ser colocada em alguns meios de comunicação como algo muito bom, uma inovação, e não como uma necessidade diante de uma calamidade”, destaca Udson.

O espetáculo “Oi, vocês me escutam?” é construído a partir da metodologia do Teatro do Oprimido, criada pelo Augusto Boal nos anos de 1960, que usa o teatro como ferramenta de trabalho político, social, ético e estético, contribuindo para transformar o/a espectador/a em sujeito atuante, transformador da ação dramática que lhe é apresentada. Augusto Boal é um teatrólogo brasileiro reconhecido mundialmente, e importante na renovação do Teatro Nacional e na resistência à Ditadura Militar no Teatro de Arena de São Paulo.

Udson destaca que a metodologia do Teatro do Oprimido é realizada em mais de 70 países nos cinco continentes e contribui na democratização ao acesso à prática teatral, e exercita as linguagens como instrumento para a população ser locutor da sua própria história. Buscando refletir o cenário da desinformação, do crescente uso das Fake News e outras formas de manipulação nas redes que se intensificou no atual governo brasileiro, o espetáculo utiliza o Teatro Jornal.

Criação na Pandemia

O espetáculo, assim como vários outros, foi contemplado com recursos provenientes da Lei Aldir Blanc. O diretor Udson destaca que a Lei fundamental para sobrevivência e revitalização de artistas e coletivos que não tinham acesso a recurso público para realizar suas atividades. “A precarização na Cultura não é algo novo, mas a vulnerabilidade social aumentou, manifestações culturais inteiras poderiam ter se perdido sem uma política como essa”.

A lei estabelece uma série de medidas emergenciais para o setor cultural, fortemente impactado pela pandemia do coronavírus (Covid-19), a partir de subsídios do governo. Em contrapartida, o projeto precisa garantir a gratuidade para o público e prestar conta para com o estado onde o projeto foi aprovado. Essa é a segunda vez que o LATO conta com apoio financeiro do Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura, via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo do Governo Federal. O primeiro projeto aprovado foi o “Ciclo de Formação em Teatro do Oprimido”, no ano passado. O Ciclo formou 15 multiplicadoras e multiplicadores de 10 estados brasileiros, que já estão ministrando novas oficinas e realizando projetos.

Laboratório Alagoano de Teatro do Oprimido

O LATO é um coletivo que há 12 anos atua com diversas ações no cenário cultural de Alagoas, na perspectiva de desenvolver e ampliar as atividades do Teatro do Oprimido no estado. Desde da sua fundação, o grupo vem realizando mostras, eventos, apresentações teatrais, exposições de artes visuais, cursos e oficinas de curta, média e longa duração, com diversos públicos, com destaque para atuação em comunidades periféricas e do interior do estado, junto a estudantes de escolas públicas, usuarias/os dos serviços de saúde mental e diversos movimentos sociais.

Para acompanhar o trabalho da LATO e ficar por dentro da montagem do espetáculo “Oi, vocês me escutam?” é só seguir o coletivo no Instagram @lato_org.

Ascom

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