Maternidade atípica: Mães de Juazeiro protestam diariamente pela ausência de políticas públicas e inclusão e, incansáveis lutam pelo direitos de seus filhos e filhas

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A maternidade atípica é marcada por muitos desafios, aprendizados e alegrias a cada conquista. Mães de pessoas com autismo, e pessoas com deficiência, no geral, chamadas de “guerreiras” por lutarem cotidianamente para garantir qualidade de vida aos seus filhos e filhas, vivem uma rotina exaustiva.

Além das dificuldades que enfrentam no dia a dia, uma tarefa solitária, muita vezes, ainda têm que brigar por políticas públicas de inclusão e enfrentar uma sociedade estruturalmente capacitista.

Um dado que chama atenção vem do instituto Baresi, de doenças raras. Segundo a entidade, um estudo feito na década passada, mostrou que no Brasil, cerca de 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras, antes que os filhos completassem 5 anos.

A exclusão é real, seja na saúde, na educação, no mercado de trabalho ou no direito ao lazer.

De acordo com a pesquisadora Mariana Rosa, a exclusão só terá fim com investimento efetivo na educação inclusiva no Brasil.

“Acho que o caminho passa por investimento consistente e permanente na educação, na escola pública, para todas as pessoas”. Isso inclui, no entender dela, o prosseguimento da Política Nacional de Educação Inclusiva com salas de recursos multifuncionais, atendimento educacional especializado e investimento na formação e no salário dos professores, disse a especialista em entrevista a Agência Brasil.

O Ministério da Educação (MEC) do Governo Lula  informou que está em fase de conclusão uma portaria que instituirá a Comissão Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. O órgão garante que vai aperfeiçoar e expandir programas de formação continuada de profissionais da educação, incluindo professores e de atendimento educacional especializado para atender demanda da sociedade.

“Será retomado também o programa de implementação de salas de recursos multifuncionais nas escolas comuns, a expansão e aperfeiçoamento do Projeto Livro Acessível (PNLD), a melhoria da acessibilidade na educação básica e na educação superior”, informou o MEC

Juazeiro

Em Juazeiro mães atípicas rotineiramente procuram o PNB para reclamar da falta de políticas públicas de inclusão e reivindicar os direitos dos seus filhos.

Em abril deste ano, uma mãe de um adolescente de 15 anos com deficiência, procurou o PNB para relatar as dificuldades que as mães atípicas encontram para receber os insumos e medicamentos pela Secretaria Municipal de Saúde. A época ela contou que desde o mês de fevereiro a Sesau não estava realizando a entrega dos itens, garantidos judicialmente.

“Nós mães de crianças com deficiência estamos sem receber os insumos dos nossos filhos pela Secretaria de Saúde de Juazeiro. Estes insumos são garantidos por ordem judicial, mas a Sesau não está atendendo. São fraldas, lenços, remédios, gaze, soro, luvas, sondas e suplemento. Remédios controlados, que não podemos ficar sem, tem mais de 2 meses que recebemos”, denunciou a mãe.

Outra luta diária, é pelo direito de aprender das crianças e adolescentes, a inclusão nas escolas. As mães de alunos com deficiência, matriculados em escolas da rede municipal, constantemente denunciam a falta de profissionais auxiliares de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Desde o início do ano letivo, em Juazeiro, elas lutam incansavelmente para que seus filhos não fiquem fora da sala de aula.

“Para voltar às escolas, nossos filhos dependem da contratação de mais auxiliares de AEE. Estamos aguardando desde o dia 06 de março. Fomos informados que nessa segunda-feira (08), as profissionais já estariam em sala de aula, o que não aconteceu ainda. Por conta disso, estamos planejando uma manifestação. Sabemos que a gestão fez a convocação de novas auxiliares, mas queremos a contratação, queremos elas em sala de aula”, declararam.

Elas alertam ainda que os filhos estão sendo prejudicados por conta da situação.

“São várias crianças, de todas as idades, sem ir a escola. Isso afeta diretamente no desenvolvimento delas. Além disso, muitas mães estão deixando de ir trabalhar por não ter aonde deixar seus filhos. Até quando vamos ter que esperar?”, questionaram.

Procurada pelo PNB, a Secretaria de Educação e Juventude (Seduc) diz que “trabalha pautada em assegurar todos os direitos aos estudantes da rede municipal de ensino, atendendo inclusive todas as especificidades de assistência que prevê necessidade de acompanhamento dos auxiliares de Atendimento Educacional Especializado (AEE), conforme validado por laudo e que já realizou três convocações do Processo Seletivo para a contratação de profissionais de AEE.

A Seduc informou ainda que 207 profissionais auxiliares de AEE já foram convocados para garantir a toda comunidade estudantil da rede municipal uma educação inclusiva e de excelência.

No entanto, muitos alunos com deficiência continuam fora da sala de aula, aguardando que a contratação se efetive.

Redação PNB/foto ilustrativa

 

 

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