Uma tradição secular que resiste em Juazeiro, Norte da Bahia, se mantém viva graças aos poucos cordões que durante a Quaresma cumprem o ritual de fé e religiosidade. As “Alimentadeiras de Almas” saem pelas ruas da cidade rezando e entoando cânticos em louvor às almas dos mortos.
De acordo com os registros, a tradição começou em 1901 e eram vários os cordões de alimentadeiras de almas e disciplinadores na sede e zona rural do município.
O cordão de “Nenenzinha” Ribeiro ainda pode ser visto percorrendo as ruas do bairro Santo Antônio até o cemitério central da cidade.
Solitários, homens e mulheres reproduzem as sete estações e, em cada parada, acendem velas, fazem orações, cantam os benditos, ecoam os lamentos das almas.
Os cordões de “Disciplinadores”, formado apenas por homens, também percorrem as sete estações, em autoflagelo, uma forma de repetir o sofrimento de Cristo até o calvário.
Com estiletes presos em cordões, lançados nas costas, os “Disciplinadores”, pagam promessas e se penitenciam na certeza de pagar seus pecados.
Na comunidade de Santa Terezinha, no baixo Salitre, os “disciplinadores” resistem e, na noite de ontem (28), provaram que a tradição ainda está viva, mas precisa ser vista e fortalecida, através de incentivos dos poderes públicos.
Jean, leitor do PNB e morador da comunidade, enviou a nossa redação um registro do momento em que os “Disciplinadores” se autoflagelam e demonstram a força da religiosidade popular.
A morte da tradição cultural e religiosa empobrece a história de Juazeiro e carece urgentemente de ser ressuscitada como forma de preservar a história e a identidade do povo ribeirinho.
Redação PNB



