A potencialidade dos minérios presentes na região e o contraponto com os impactos sociais e ambientais da sua exploração foram as principais pautas debatidas durante a 34ª Plenária do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Baianos do Entorno do Lago do Sobradinho (CBHLS), realizado na primeira quinzena de maio, no município de Campo Alegre de Lourdes, Bahia.
A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), representada pelo geólogo Luis Fernando Souza, trouxe ao encontro um mapeamento sobre as potencialidades de todo minério existente no território de Campo Alegre de Lourdes, município localizado na região Norte do estado baiano, que fica a 799 km de Salvador.
Em sua apresentação, Fernando focou nos benefícios que as comunidades podem adquirir através de renda oriunda da mão de obra da população local, bem como, através do imposto da mineração que pode ser revertido em inúmeros benefícios para os moradores.
Em contraponto, a Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro (CPT – Diocese de Juazeiro), através do representante Edinei Soares, trouxe um contraponto à abordagem da CBPM. Soares afirmou que as mineradoras trazem muitos impactos sociais e ambientais aos territórios e à população no entorno do Lago de Sobradinho.
O presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Baianos do Entorno do Lago do Sobradinho (CBHLS), Francisco Ivan Aquino afirma que a possibilidade de trazer esses debates às reuniões do Comitê são muito importantes e enriquecedoras. “Foi um debate muito enriquecedor, com troca de experiências, informações muito fortes do que pode acontecer no município, tanto para a o crescimento, quanto para os impactos ambientais na comunidade”.
Segundo a vice-presidente do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Baianos do Entorno do Lago do Sobradinho (CBHLS), Uilma Pesqueira, o Comitê precisa trabalhar com o intuito de amenizar os impactos ambientais e sociais que as comunidades adquirem quando as mineradoras chegam ao território. “Não é papel do Comitê afirmar que uma Mineradora é benéfica ou não numa localidade. O nosso papel está sendo levar a informação sobre os minérios existentes para a população e fazer com que as instâncias já existentes nos territórios, junto aos órgãos ambientais do Município, Estado e União possam trabalhar essas informações com a população para que os conflitos sejam atenuados”.
Após a reunião foi realizada uma solicitação para que o Comitê continue trazendo o tema mineração na região para discussão. Desta forma, foi proposto pela vice-presidente do CBHLS, a construção de um seminário, que recebeu o apoio do município de Campo Alegre de Lourdes para sua realização.
Sistema Integrado de Abastecimento de Água
Com 200 km de adutora e 368 km de subadutora levando água tratada para localidades no município de Campo Alegre de Lourdes e de Pilão Arcado, ambas no Norte do estado, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), apresentou na plenária o Sistema Integrado de Abastecimento de Água.
A vice-presidente do CBHLS e representante da Embasa, Uilma Pesqueira, trouxe os desafios frente a um sistema longo e complexo, além de frisar os trabalhos de educação ambiental desenvolvido nos territórios de Pilão Arcado e Campo Alegre de Lourdes na busca de tornar o consumo de água de forma mais consciente. “Essa adutora é muito importante para o município, pois foi através do início da sua operação, em julho de 2019, que a população passou a ter acesso a água tratada depois de 57 anos de emancipação. Campo Alegre de Lourdes era a única cidade do estado da Bahia que não tinha água encanada”.
“Esse sistema operado pela Embasa proporciona a dignidade humana do ponto de vista mais essencial que uma pessoa possa ter, pois a água é um serviço essencial para a sobrevivência humana. A Embasa tem um papel muito atuante no município, através do abastecimento da água tratada e no desenvolvimento de projetos de educação ambiental no que tange o uso consciente da água pela população”, concluiu Pesqueira.
A importância das reuniões Itinerantes
Com uma atuação e abrangência em 11 territórios do Norte baiano, as realizações de reuniões itinerantes nessas localidades, se tornam essenciais para se ter conhecimento das demandas e trazer a população para perto do Comitê.
Para a vice-presidente do CBHLS, Uilma Pesqueira, “as reuniões têm um significado muito grande para nosso Comitê, pois somente na base é que iremos firmar o elo com as comunidades que estão inseridas na área da Bacia. Essa aproximação é fundamental para fortalecer o Comitê, bem como torná-lo acessível a todos.”
“As reuniões itinerantes são importantes para discutir pautas junto à população. Assim construímos cada dia mais o fortalecimento do Comitê e levamos ao conhecimento nosso papel. Sempre construindo e ajustando uma pauta que seja inerente ao poder público, usuários de água e sociedade civil”, afirmou o presidente do CBHLS, Ivan Aquino. “Estamos fazendo o papel do Comitê que é buscar o diálogo, levar informações e trazer informações, levar conhecimento e trazer conhecimento, pois aprendemos bastante com cada comunidade que realizamos as plenárias”, concluiu Ivan.
Ascom/CBHSF