A 15 de julho de 1878 – O Barão Homem de Mello, Dr. Francisco Inácio Marcondes Homem de Mello, governador da província da Bahia, assinou lei elevando Juazeiro á categoria de cidade. Naquela época Juazeiro contava 3.000 habitantes, 07 vereadores e 11 suplentes.
O 1° Intendente (Prefeito) foi o Sr.Cel. Francisco Martins Duarte.
Um segredo: Só em 1968, ao completar 90 anos de sua elevação à categoria de cidade, esta data de 15 de julho, o aniversário de Juazeiro começou a ser festejado. Foi na administração do Ex. Prefeito Joca de Souza Oliveira, que Bebela teve a felicidade de ser organizadora da programação dos festejos, por conta de naquela época ser a 1ª Secretária Municipal da Educação e Cultura de Juazeiro, e após pesquisa, apresentou ao Senhor prefeito Joca, a história, a data, e ele prontamente decretou o feriado do Dia da Cidade aprovando também a programação apresentada. Daí Juazeiro com razão começou a festejar o seu dia – O dia da cidade – O Aniversario da Cidade. Escrevi “Traço leves de um retrato antigo da minha cidade” E esse trabalho foi apresentado na sociedade 28 de Setembro, na sociedade Artífices Juazeirenses, e depois em 1969 no palanque da Rua 28 de Setembro em Mise-en-scène criadas e dirigidas por Orlando Pontes. Voltando a um passado bem distante, quero deixar claro que Juazeiro nasceu lá, na passagem do Juazeiro, passou a Julgado Missão do Juazeiro e foi crescendo a partir da passagem que fica lá nas imediações do Horto-Florestal – E, toda aquela região ficou conhecida como Juazeiro Velho – pois a partir da rua 15 de novembro, Juazeiro se desenvolvia, crescia, com um formato novo – daí pega a denominação de Juazeiro Velho – o inicio da cidade. Entenderam bem?
Ai que saudade do Cais! Assim muitos dizem e suspiram inclusive eu…
E descendo as rampas vamos chegar aos Angarys. Depois falaremos dele, falemos do Cais.
O Cais de Juazeiro começou a ser construído em 1912 e coube ao Cel.Aprígio Duarte Filho Ex-Intendente e Ex Prefeito de Juazeiro a glória de construí-lo por inteiro, efetuar sua inauguração, e preservá-lo com carinho.
O cais tem tudo a ver com a nossa historia. A navegação no Rio São Francisco foi um fator maior do desenvolvimento socioeconômico e cultural de Juazeiro, como também foi a Estrada de Ferro Leste Brasileiro – A chegada dos trilhos e do trem de ferro a Juazeiro (do trem, da estrada falaremos depois).
O cais era o ancoradouro dos antigos “Gaiolas”, para nós os vapores da Viação Bahiana do São Francisco, da Indústria e da Mineira dentre outras empresas menos famosas. Do cais lenços brancos acenavam em saudoso adeus, ou acenava alegremente a chegada de alguém. Era bonito de se ver a chegada e saída dos vapores, das barcas, paquetes, cauvas, balsas… Dali do cais partiam os vapores ou chegavam, e com os apitos saudosos, dilaceravam corações de saudades… Ou impregnavam de alegria, expectativas e surpresas a vidas dos juazeirenses. Ai que saudade do apito do Barão! (Vapor Barão do Cotegipe). Ouve-se isso ate hoje… E vai se ouvir por muito tempo. O cais dos amores, dos desfiles e da elegância.
Ele foi lindamente arborizado com bonitas casuarinas, fícus-benjamim e as douradas acácias. Românticas e belas, desde outubro floresciam amarelas, ficavam douradas pronunciando as férias esperadas pelos estudantes que tinham no cais o espaço predileto para conversar, namorar e esperar o paquete para transportá-lo a Petrolina, muitos estudavam La no colégio Nossa Senhora Auxiliadora e Colégio Dom Bosco. E a curva do Cais? Era o local disputado pelos apaixonados. Era emoção para mirar a lua refletida no rio, na curva do cais…
E descendo as suas rampas vamos chegar ao Angarys das lavadeiras bonitas, da Mãe D’Água, do Cavalo Marinho, do misterioso Nego D’Água, do Cachorro D’Água que vai a festa no céu, do Minhocão, do Vapor Fantasma e até a Mula sem cabeça que gosta de por ali se avizinhar.
Angarys das lavadeiras, do gênio João Gilberto que compôs seu “Bim-Bom” no compasso do balanço das lavadeiras, do poeta-maior Euvaldo Macedo Filho, do boêmio-compositor Edésio Santos, do compositor Jota Mildes, esses dois contaram lindamente as lavadeiras do Angarys – Lavadeiras do Angarys – canção de Edésio e Mildes que já se transformou em um hino, uma canção de amor as lavadeiras e a Juazeiro. Belo Angarys, dos pés de araçá, dos Ingás, dos pescadores, nadadores, paqueteiro, canoeiros, barqueiros. Rua Goés Calmon – Rua da D’Apolo.
As lojas da Rua da D’Apolo não eram como hoje, que tem forma de galpões, mas eram lojas bonitas como a Ideal Palácio do Ex – Prefeito de Juazeiro, o Cel. Miguel Lopes de Siqueira, tinha todo um toque, uma ambientação “belle-époque” um toque Francês a Juazeiro. A loja Leoni – de instalações de muito bom gosto. A casa Motta da família Raimundo Motta, o inesquecível Bazar Royal – da família Salomão Dumet – Era um bazar requintado onde se podiam comprar desde sabonetes, pastas, perfumes brasileiros e ate franceses, alem de material de costura, blocos, envelopes simples e de luxo, em suma, já disse: Era bazar requintado.
E hoje? Bicicletas, aparelhos de TV – rádios, antenas, parabólicas. Não no passado… Aqui bem na esquina ficava o café do Velhinho – Lá entre um cafezinho e outro eram resolvidos problemas e as providencias que deveriam ser tomadas no universo da política juazeirense, e entre chocolate e outro podiam ouvir “ti-ti-tis” da alta sociedade e do povão que naquela época diziam: “povinho“. E hoje se ouve por ai: ”Como era tão bom o café do velhinho…”. Seguindo aqui, onde é o Hotel Apolo, era a sorveteria e a foto Perez. Elegante sorveteria de saudosa memória, lá foi fabricada a primeira pedra do gelo de Juazeiro. E, em frente ao Perez – (Proprietário Sr. Angelo Perez) se situava outra importante sorveteria, A Glacial – de propriedade do Sr. Antonio Sorvetão, assim carinhosamente chamado. A Galcial se especializava em fazer sorvetes de frutas da época, eram deliciosos. Maria da Paz, sua filha era a gerente, e todos enalteciam o seu trabalho. Bem perto da Glacial (Atualmente Farmácia Juazeiro) ficava a então lendária Farmácia Viana – de propriedade do médico Dr. Adolfo Vianna tendo como farmacêutico auxiliar, o Sr. Pedro Benevides para todos os juazeirenses, o Sr. Piroca. Ainda na Rua da D’Apolo ficava a Rádio Juazeiro, de propriedade do fundador (1953) – Sr. Joaquim Borges. Numero 09 da Rua Góes Calmon – fica ai o sobrado do Sr. Enéas Ferreira Muniz – Construção de final do século XIX e início do século XX (atual Destaque). Embaixo funcionava a padaria e pastelaria Barão Enéas, como era conhecido. Residia com sua família no primeiro andar. É um sobrado que bem retrata a arquitetura do fim do século XIX e inicio do século XX. Nasci naquele sobrado, sou neta do Barão Enéas, e dele e do sobrado sinto grandes saudade. Recordo com saudades as minhas correrias pelas escadas, saudade do tempo que ficava a janela olhando a Rua D’Apolo, o carnaval, os desfiles e tudo mais. E, bem junto ao sobrado Yôyô, como assim eu o chamava ficava o Cine-Teatro São Francisco, de saudosíssima memória e hoje é mais uma loja de utensílios.
Blog do Parlim