Os números comprovam: a sociedade está doente. Problemas relacionados a saúde mental estão cada vez mais comuns em crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam, por exemplo, que mais de 260 milhões de pessoas sofrem de ansiedade no mundo. O Brasil se destaca como o país com maior número de pessoas ansiosas do mundo: são 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população).
Já um levantamento feito pela Vittude, plataforma on-line voltada para a saúde mental, mostra que 37% dos brasileiros sofrem com stress extremamente severo; 59% se encontram em estado extremamente severo de depressão; e 63% sofrem com ansiedade extremamente severa. Os números são preocupantes e evidenciam que o Brasil sofre uma verdadeira epidemia.
No país, cabe a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que integra o Sistema Único de Saúde (SUS), fornecer atendimento às pessoas em sofrimento psíquico. A RAPS estabelece os pontos de atenção para o atendimento de pessoas com problemas mentais, incluindo os efeitos nocivos do uso de crack, álcool e outras drogas e é composta por serviços e equipamentos variados, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); os Centros de Convivência e Cultura, as Unidade de Acolhimento (UAs), e os leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III) e a Atenção Básica de Saúde.
(foto: arquivo)
Dificuldades – Entretanto, vale ressaltar, algumas brechas, financeiras, humanas ou estruturais, dificultam o atendimento. A baixa oferta de profissionais especialistas na Rede de Atenção Básica tornam o atendimento aos pacientes um desafio. São poucos profissionais para atender uma grande demanda. Em virtude disso, os pacientes, além de enfrentar dificuldade para conseguir uma vaga no SUS, chegam a esperar meses para serem atendidos.
Priscilla Souza, 21 anos, conheceu de perto essas dificuldades. A estudante universitária procurou atendimento na rede pública de saúde de Juazeiro, no norte da Bahia, e esperou cerca de um mês para ser atendida por uma Psicóloga. Foram três sessões de terapia em três meses (uma a cada mês), método que a estudante considera inadequado.
“Esse tipo de atendimento não é eficaz. Fiz três sessões e parei porquê a profissional de lá era despreparada e o atendimento, no meu caso, estava me deixando pior. Também pela frequência. Para quem estava em um estado psicológico como o meu, precisava que tivesse mais sessões no mês. E eles não possibilitam isso, principalmente por causa da demanda”, disse Priscilla, que também fez críticas ao atendimento.
“A psicóloga me fazia as mesmas perguntas todas as sessões, e confundia até meu nome. Eles (os profissionais) têm uma demanda muito grande e não conseguem fazer um bom atendimento”, considerou.
A universitária foi encaminhada para um psiquiatra já na primeira sessão, entretanto, nunca conseguiu ser atendida, mesmo depois de oito meses. Em virtude da demora, Priscilla optou por procurar atendimento particular.
(foto: arquivo)
Para onde ir – A recomendação do Ministério da Saúde é que os pacientes procurem atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS’s), através dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e os Consultórios de Rua. É um primeiro acesso antes de um encaminhamento para os demais serviços que compõe a Rede de Atenção.
Já em situações de Emergência e Urgência, o SAMU 192, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, Prontos Socorros e portas de urgência hospitalares também devem atender o paciente que possui transtornos mentais e/ou sofrimentos decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
Município – A Secretaria de Saúde (SESAU) de Juazeiro informou o número de profissionais da saúde mental que atuam no município. Na Atenção Básica, por meio do Núcleo de Atendimento à Família (NASF), são sete psicólogos que atuam nas UBS. Para esses atendimentos, há a necessidade de agendamento prévio.
Nos atendimentos especializados, a exemplo dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS I, CAPS II e CAPS Ad III), são três psiquiatras e seis psicólogos, onde não há necessidade de agendamento prévio.
Já o Ambulatório da Saúde Mental são dois psiquiatras e dois psicólogos. Os atendimentos são realizados mediante encaminhamento das UBS ou dos CAPS.
Da Redação por Thiago Santos