“Hate speech”, significa, traduzindo do inglês, discurso do ódio, o que vem se tornando cada vez mais frequente no Brasil, por pessoas que se utilizam do campo virtual para expor, com ódio e agressões, quem quer que pense ou seja diferente. É estarrecedora a onda crescente de ataques, difamações, xingamentos e agressões, revelando a intolerância do internauta tupiniquim. O que se tem visto nas redes sociais é o acirramento do discurso de ódio, de intolerância às diferenças. Por trás do anonimato ou da covardia daqueles adeptos “do agir pelas costas”, encorajados agora pela virtualidade das relações, os internautas, acreditando que internet é terra sem lei, descarregam preconceitos, ira e tirania.
O intenso debate nas redes, na maioria das vezes com xingamentos e discursos rasos, incentivam o ódio e a divisão. Os temas mais atacados, além de preferências e ideologias políticas e partidárias, são o racismo, a homofobia, a xenofobia e o ódio às mulheres – a misoginia, que se alastra pelas redes. Assédio, pornografia de vingança, incitação ao estupro e outras violências são, por vezes, travestidos de “piadas” curtidas e compartilhadas, reforçando o machismo presente na sociedade. A cada 11 minutos, uma mulher é estuprada no Brasil e as redes sociais amplificam esse ódio, reafirmando preconceitos e frustrações.
Em Juazeiro (BA) e Petrolina (PE), cidades onde as pessoas ainda se conhecem e se reconhecem, um grupo de estudantes de uma instituição superior e amigos destes, vem sendo acusado de atacar e achincalhar pessoas, principalmente mulheres, nas redes sociais, quando estas expõem suas opiniões e ideologias a cerca de temas que estão em pauta na sociedade brasileira.
Em fevereiro deste ano, foi amplamente denunciado o caso da Professora universitária Janaína Guimarães, que ministra aulas sobre questões de gênero, em Petrolina, atacada por este mesmo grupo. A vítima denunciou os agressores e o processo corre na justiça. A ação parece não ter intimidado o grupo de rapazes das duas cidades, que continua agindo da mesma forma e fazendo novas vítimas. Desta vez foi uma jovem estudante de 18 anos, que mora em Juazeiro e estuda Artes Visuais na Univasf. A universitária manifestou sua opinião sobre aborto no Facebook, quando iniciou-se o ataque moral e xingamentos , com termos chulos e agressivos.
A família da vítima prestou queixa na Delegacia da Mulher, em Juazeiro, apontando o músico juazeirense Fred Pontes como autor das agressões. Fred Pontes também é acusado no processo, que já corre na justiça, pela agressão à Professora Janaína Guimarães. Clarice Alves, irmã da vítima da vez, que vamos preservar a identidade, está inconformada com a situação vexatória e falou para o Portal Preto No Branco: “Estamos chocados. Uma agressão gratuita. Uma conduta violenta. A atitude deste rapaz é de uma violência sem tamanho. Ele é reincidente e isso precisa parar. Fico me perguntando se ele tem mãe, irmã, filha, porque isso não é comportamento de uma pessoa normal, mas de um doente. Toda minha família está indignada, revoltada”.
Clarice Alves declarou ainda que a família acredita nas instituições e tomará todas as medidas judiciais “Vamos levar este caso até o fim. Minha irmã participou de um debate entre jovens no Facebook sobre aborto e foi agredida, exposta, por este rapaz que sequer a conhece. Ela foi exposta e atacada na sua moral. Isso não pode ficar assim. Uma garota que acabou de sair da adolescência ser agredida assim, porque exerceu seu livre direito de expressão?! É uma tirania. Não aceito este tipo de agressão, minha família não aceita”, concluiu Clarice.
O Portal Preto No Branco reserva-se ao direito de não reproduzir aqui, na íntegra, o conteúdo difamatório, altamente agressivo e chulo, por respeito à vítima e aos leitores. Replicamos a postagem, tentando, ao máximo, minimizá-la, extraindo termos impróprios. Informamos que já recebemos outras denúncias que apontam o músico com este mesmo tipo de comportamento misógino.
Quando alertado sobre a possibilidade de ser processado pelas ofensas, o músico respondeu :
E alertamos: o direito à liberdade de expressão não é absoluto, legislações tratam o discurso de ódio explicitamente como um limitador da liberdade de expressão. São necessárias ações educativas e de conscientização para reduzir a intolerância entre os internautas, que, se apoiando no anonimato, ou na distância do “cara a cara”, expressam seus preconceitos e crueldade. Expressamos nossa solidariedade a vítima, as vítimas e lembramos: Internet não é terra sem lei. Se houver interesse investigativo, os agressores podem e devem ser identificados e punidos.
Pela dignidade humana, precisamos dar um basta na ação dos ativistas do ódio!
A produção do Portal Preto no Branco tentou entrar em contato com o acusado através das redes sociais, telefone celular e telefone residencial, mas até o momento não conseguimos falar com o músico. O nosso espaço está à disposição do mesmo, para esclarecimentos.
Minha solidariedade à jovem e parabéns à equipe do Preto no Branco pela postura.
Esperamos que a justiça se faça!
Esta noite. Agora a pouco. Por volta das 9 hrs da noite. Estava ocorrendo um debate na UPE – Campus Petrolina, sobre a “Escola Sem Partido”. Em dado momento, o sujeito acusado dessas agressões contra a moça. Levantou-se na plateia e começou a gritar coisas como “eu fui censurado”,”meu lugar era nessa mesa” a respeito de ter sido recusado a sua presença na mesa de discussão do debate. Gritou ainda coisas como “seu bando de comunistas”. Uma professora que estava com o microfone no momento disse para ele se encaminhar até a fila onde as pessoas que gostariam de fazer perguntas estavam reunidas. Foi nesse momento em que ele se encaminhou até a professor e a agrediu verbalmente além de arrancar os papéis das mãos da professora a força e joga-los no chão. A confusão se formou enquanto pessoas entraram para evitar que o sujeito agredisse fisicamente a professora. O sukeito saiu do local ao coro de “Facista! Facista” do público, incluindo este que vos fala.