Só 77 estudantes obtiveram nota máxima na Redação do Enem

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O número de estudantes que obtiveram a nota máxima na Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 caiu em relação ao ano anterior e aumentou o total de alunos que tiveram nota zero. A média em redação ficou entre 501 e 600 pontos, mas só 77 participantes conseguiram tirar o máximo – 1.000 pontos. Em 2015, 104 participantes conquistaram a pontuação máxima.

No ano anterior, 53.032 participantes tiraram zero na redação e em 2016 foram 85.679. No total, foram anuladas ou obtiveram nota zero 291.806 provas de Redação, seja porque o estudante fugiu do tema (erro cometido por 46.974 participantes), por cópia do texto motivador (8.325) ou por ferir os direitos humanos (4.798). A maioria das notas zero se deveu ao não comparecimento no dia do exame ou por deixar a Redação em branco (206.127).

Os participantes do último Enem obtiveram em 2016 as maiores médias na área de Ciências Humanas, com 533,5 pontos, pontuação ligeiramente menor que a do ano anterior (558,1). A segunda maior média de 2016 foi na área de Linguagens e Códigos (520,5), resultado maior que em 2015 (505,3). Em Matemática a média foi de 489,5, pontuação melhor que em 2015 (467,9). Na área de Ciências da Natureza, a média nacional ficou em 477,1 ante 478,8 do ano anterior. O maior número de notas zero no Enem 2016 foi em Matemática (5.734 participantes zeraram a prova), seguido de Linguagens (3.862), Ciências da Natureza (3.109) e Ciências Humanas (1.804).

A evolução média dos estudantes que terminaram o ensino médio em 2016 acompanhou o resultado dos últimos anos nas quatro áreas de avaliação, ficando com uma pontuação em torno de 450. “O desempenho em todas as áreas está estagnado, não conseguimos que os estudantes aprendam mais”, avaliou Maria Inês Fini, presidente do Inep. A maior nota do Enem foi em Matemática (991,5 pontos) e a mais baixa em Linguagens (287,5).

Dos 8.630.306 inscritos para a prova no ano passado, 2.667.899 se ausentaram, o equivalente a 28,9% dos inscritos. No primeiro dia da prova, 3.942 (0,05%) inscritos foram eliminados e no segundo dia o número de eliminados subiu para 4.780 (0,06%). A maioria das eliminações no Enem (44,5%) ocorreu porque o estudante deixou de marcar o tipo de prova ou não escreveu a fase exigida para validar o exame.

O Ministério da Educação estuda a possibilidade de aplicar o Enem em apenas um dia a partir deste ano. O anúncio foi feito pelo ministro Mendonça Filho após aval dos técnicos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Atualmente, a prova é realizada em dois dias.

O MEC abriu consulta na internet a estudantes, professores e especialistas sobre possíveis mudanças no Enem. Na consulta que ficará no ar até 10 de fevereiro, o MEC pergunta se deve ser mantido o atual formato de aplicação do exame ou um único dia; quais os melhores dias para realização da prova e o que pensam da realização da prova em computador. “A gente precisa tomar uma decisão levando em consideração a opinião das pessoas”, disse o ministro.

Embora tenha admitido que a realização da prova em um dia representa uma economia para o governo, Mendonça afirmou que a preocupação é com a garantia de que tecnicamente o Enem não perderá a qualidade por “conveniência”. Se o MEC optar pela aplicação em um dia, a prova poderá ter de 90 a 100 questões. “Nenhum conteúdo será desprezado”, enfatizou o ministro.

Outra mudança anunciada pelo MEC é a uso da nota do Enem apenas para o acesso à universidade. Estudantes que utilizavam o exame para conseguir a certificação do ensino médio terão de fazer, a partir deste ano, um exame específico. No ano passado, pouco mais de 1 milhão de participantes solicitaram a certificação, mas só 7,7% atingiram a nota mínima em todas as áreas.

Avaliação. Para Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, as oscilações são estatísticas e não representam necessariamente mudanças no desempenho dos alunos. “Os exames de larga escala, muitas vezes, apresentam saltos e recuos de um ano para o outro, mas na série histórica tendem à estabilização. No caso brasileiro isso significa melhorar lentamente ao longo de muitos anos. Saltos e recuos como esses tendem a ser conjunturais: menor ênfase conteudista em Humanas e Ciências, maior ênfase em Matemática e Português. Porém, não acho que esse quadro se consolide”, diz.

Ele destaca que a tendência da melhora acontece em ritmo “insuficiente” e defende que políticas estruturais sejam implementadas, como é o caso do Plano Nacional de Educação. “Em Educação, o Brasil é um filme dramático e monótono e precisaria ser acelerado”.

Estadão

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