Jornalista juazeirense lança campanha #NãoCompartilheTragédia, alertando os “Abutres de cliques”

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#NãoCompartilheTragédia”, com este apelo o jornalista juazeirense Glauber Dantas lançou nas suas redes sociais uma campanha contra a exposição de imagens de pessoas em situação de violência ou constrangimento.

A campanha ganhou centenas de adeptos e compartilhamentos, atingindo o objetivo do autor, que teve a intenção de alertar para um comportamento surgindo com a popularização da internet e que configura crime, de acordo com o art. 212 do Código Penal.

O PNB conversou com Glauber Dantas que pediu mais empatia aos internautas ativos nestes tipo de comportamento.

“ Com muita indignação eu vinha observando este comportamento tosco de muitas pessoas, que se utilizam da redes sociais para disseminar tragédias, sem o menor respeito as vítimas e seus familiares. São imagens fortes, que expõem as pessoas e ferem sua dignidade. Com a tragédia que aconteceu com o cantor Gabriel Diniz, esta semana, fiquei estarrecido com o compartilhamento das fotos dos corpos sendo resgatados, o que denota total falta de bom senso e respeito. Este tipo de comportamento é um fenômeno no Brasil, um dos campeões em tempo conectado na internet. Aqui na nossa região não é diferente e este hábito sórdido, beira a crueldade. Alguém cai de moto na Orla, um carro vira na ponte, e o que se vê? Celulares a postos e pessoas ávidas por uma exclusividade mórbida das imagens. A que ponto chegamos”? questiona o jornalista.

Segundo relatório “Digital in 2018: The Americas”, 62% da população brasileira está ativa nas redes sociais. O tempo de conexão é utilizado, em grande parte, nas redes sociais. Os grupos de WhatsApp lideram a prática de compartilhamentos de tragédias.  Os “Abutres de cliques” estão sempre a postos para flagrar tragédias e passar a diante, sem o menor pudor ou compaixão. As imagens viralizam e as redes sociais, se transformam em redes de horrores.

” O desrespeito ao ser humano é impressionante, a falta de empatia é estarrecedora. Muitas pessoas que presenciam acidentes preferem fazer imagens a prestar algum socorro ou ajuda as vítimas. Lembro que isso não é informar, não é jornalismo. Qual é a relevância de postar um vídeo ou fotos de pessoas envolvidas em tragédias? Imagine para os familiares, que muitas vezes acabam sabendo que seus entes morreram ou estão acidentados pelas redes sociais ? É fundamental o respeito a elas e seus familiares em momentos de tragédia”, refletiu Glauber.

O que muita gente não sabe é que compartilhar fotos de pessoas mortas vítimas de acidentes ou homicídios é crime, com pena prevista de um a três anos de detenção e multa. Está previsto no Código Penal, no artigo 212 e é denominado vilipendio de cadáver. O ato de vilipendiar significa aviltar, ultrajar e pode ser praticado de várias maneiras tais como pelo uso de palavras, gestos, inclusive a divulgação de imagens. Na esfera cível, os familiares que se sentirem lesados com a divulgação de fotografias de seus entes queridos podem pleitear indenização por danos morais.

“Por trás das tragédias há famílias despedaçadas pela dor. E se fossem seus pais, irmãos, amigo ou algum ente querido? Você gostaria de vê-los expostos como vítimas de acidentes? O advento das redes sociais parece estar engolindo o respeito, o bom senso. ‘Causar’ no Instagram e nos grupos de WhatsApp parece ser mais importante que prestar socorro a uma vítima ou abraçar alguém arrasado pela perda. Por isso resolvi lançar essa campanha, a fim de tocar os corações do máximo de pessoas possível. Além de você ser enquadrado no art. 212 do Código Penal, tenha mais empatia. Não repasse esse tipo de imagem. Se você receber, nem carregue. #NãoCompartilheTragédia”, apelou o jornalista.

Da Redação

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