Algumas medidas implementadas no redimensionamento e qualificação da rede municipal de urgência e emergência de Juazeiro, norte da Bahia, pela Secretaria de Saúde (SESAU) desde o dia 9 de setembro, vem sendo alvo de críticas dos usuários. De acordo com a secretaria, o reordenamento da Rede Especializada de Saúde foi instaurado após uma consultoria, com o objetivo de garantir mais agilidade e eficiência no atendimento da população e otimizar a utilização dos recursos públicos.
No dia 16 de setembro, o PNB publicou uma matéria trazendo reclamações de um grupo de mães sobre as salas disponibilizadas para o atendimento infantil na UPA (relembre). Na semana passada, os pacientes denunciaram o desconforto na recepção da unidade, pela falta de climatização e reivindicaram a instalação de ar-condicionado na unidade (reveja).
Desta vez, a reclamação também envolve a UPA do município. Com as mudanças implementadas, os acompanhantes dos pacientes que buscam atendimento estão sendo impedidos de aguardar na sala de recepção da unidade, como acontecia anteriormente. Eles aguardam do lado de fora da unidade, onde não existe a menor estrutura, e a humanização passa longe. Sem nenhuma acomodação, sob o sol quente, sem acesso a banheiro ou a um bebedouro, os acompanhantes ficam horas a espera dos pacientes. Um conjunto com apenas seis cadeiras foi colado do lado de fora, numa área onde pega sol, à disposição dos acompanhantes.

(foto: PNB)
Para uma unidade de saúde que costuma receber, diariamente, centenas de pacientes, há de se notar que seis bancos não são suficientes para atender a demanda. Na tarde de ontem (22), o PNB flagrou a total falta de estrutura e o desrespeito com os familiares que aguardavam os pacientes.
” A gente fica aqui, debaixo de sol quente de Juazeiro, nessa situação humilhante. A maioria fica em pé ou se senta no chão, arriscando pegar uma doença, no chão onde se cospe, onde se pisa e tem bactérias. É um desrespeito muito grande com o povo que precisa do SUS”, desabafou uma acompanhante.
“A recepção vazia e a gente aqui nesta humilhação, na porta esperando nossos familiares, como cachorros. Antes os acompanhantes ficavam lá esperando e não havia tumulto não. Mudaram pra pior. Não sei de onde tiraram essa ideia infeliz. A UPA precisa é de mais médicos, não é deste tipo de mudança não. Me sinto humilhada. É revoltante”, desabafou uma mãe que esperava pelo filho doente.
” Ficamos no sol, a noite ou madrugada, ficamos no relento, sem água, nesta situação que vocês estão vendo aí. Pobre sofre, pobre é pisado de todo jeito. Eu queria que o prefeito trouxesse um familiar dele pra cá. Mas eles tem plano e são atendidos em hospitais particulares com todo conforto. Na UPA de Petrolina não é assim. Inventaram esta novidade aqui e o povo que engula”, reclamou uma cidadã.

(foto: PNB)
Em nota, a SESAU de Juazeiro informou que após as mudanças realizadas em setembro nas portas de entradas de urgência e emergência da UPA, algumas medidas foram tomadas para diminuir o número de pessoas que não necessitavam de atendimento dentro da unidade “e, assim, oferecer mais conforto aos pacientes”.
“Ficou definido que, assim como propõe o Ministério da Saúde, apenas os acompanhantes de crianças e adolescentes menores de 18 anos, pessoas com deficiência e idosos com 60 anos ou mais, podem adentrar a unidade”, diz a secretaria.
A SESAU informou ainda que no local foi instalada uma proteção de caráter provisório “e um projeto foi feito para construção de um abrigo para os acompanhantes na área externa”.
Perguntamos: Não seria o correto adotar a mudança apenas quando este abrigo fosse construído? Qual a previsão para que ele seja disponibilizado? Como realizam mudanças, sem oferecer a estrutura necessária?
Sugerimos: Que a secretaria compreenda que esta mudança foi um erro, e considere a possibilidade de voltar atrás até que seja oferecida uma estrutura adequada, humanizada, com o mínimo de conforto e respeito aos usuários do sistema público de saúde.
O que mudou?
Com o novo sistema, os serviços de urgência pediátrica passaram a ser atendidos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que já atendia pacientes adultos em situação de emergência e passou a receber também essa modalidade de urgência, que antes funcionava no Hospital Materno Infantil de Juazeiro (HMIJ), que por sua vez, agora recebe apenas urgências obstétricas.
Outra mudança anunciada, diz respeito a contratação dos serviços do Hospital SOTE para o atendimento de urgências e emergências em ortopedia no município. A unidade passou a ser a responsável pelos casos de ortopedia antes atendidos na UPA, e vai funcionar de 7h às 19h, durante todos os dias da semana.
O hospital passou a ser responsável pela prestação de serviços em ortopedia de baixa e média complexidade, como nas ocorrências de fraturas fechadas. Os casos cirúrgicos de urgência e emergência continuam sendo encaminhados para o Hospital Regional de Juazeiro e o Hospital Universitário, em Petrolina, unidades de referência da rede PE-BA, através da Central de Regulação.
Da Redação



