Cerimônias e homenagens marcam um ano da tragédia de Brumadinho

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(foto: Jair Amaral/ EM/ D.A Press)

Dia de lembranças, momentos de saudade e pedidos de justiça – todos os sentimentos, palavras e atos entremeados de orações, solidariedade e reverência à memória. Cerca de 5 mil pessoas são esperadas, na manhã deste sábado, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), para as cerimônias que marcam um ano da maior tragédia humanitária do país: o rompimento da Barragem B1, da Vale, na Mina do Córrego do Feijão, que deixou 270 vítimas, sendo 259 mortos e 11 ainda desaparecidos. Um dos momentos mais importantes será o encontro de brasileiros de todos os cantos que partipam da 1ª Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela Ecologia integral a Brumadinho.

O arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, vai celebrar missa às 17h em Brumadinho  e sintetiza o episódio que comoveu o mundo em “tragédia crime” e numa “ferida que nasce a partir da ambição desmedida, da ganância sem limites”. Para dom Walmor, um ano após os fatos ainda se vive as consequências do rompimento da barragem. “Muitas famílias permanecem sem perspectivas para o futuro, pois não conseguiram se reerguer. O Rio Paraopeba, importante referência no abastecimento de água na RMBH, fonte de sustento para muitas comunidades, está contaminado”.

Tais situações e cenários desoladores exigem, conforme o arcebispo, novas posturas das autoridades que têm o dever de representar o povo. “A tragédia indica também que é urgente uma mudança de hábitos no mundo contemporâneo. O planeta não aguenta ser explorado ilimitadamente. Por isso mesmo, a Igreja, a partir da indicação do papa Francisco, pede ao mundo e trabalha para que todas as dinâmicas, em cada lugar e na vida de cada pessoa, sejam balizadas pelos parâmetros de uma ecologia integral.

O governador de Minas, Romeu Zema, estará em Brumadinho para as lembranças de um ano. Às 8h, na Base Bravo dos Bombeiros, ele fará o lançamento da pedra fundamental do Memorial em Homenagem às Vítimas do Rompimento da Barragem da Mina do Córrego do Feijão. A cerimônia será em parceria com a com a prefeitura local e a Associação dos Familiares de Vítimas do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (Avabrum).

FÉ E ORAÇÕES A Arquidiocese de Belo Horizonte preparou uma programação para todo o dia. Desde o rompimento da barragem, muitos religiosos, incluindo os bispos auxiliares, padres e diáconos, têm dedicado seu tempo ao acolhimento das famílias. Por determinação de dom Walmor, foi criado o Santuário Nossa Senhora do Rosário, no Bairro Santa Cruz. No local, será construído um memorial para homenagear as 270 vítimas, que incluem funcionários da mineradora Vale e de empresas terceirizadas, moradores do município e visitantes.

São muitas as homenagens às vítimas e às famílias que perderam os entes queridos. Neste sábado, das 9h até às 13h, um grupo de 40 jovens estará no Centro de Brumadinho, ao lado da ponte sobre o Rio Paraopeba, para entregar cartas para as famílias atingidas, seguindo apresentação musical e atendimento gratuito com psicólogo e dentista.

Os voluntários estão na cidade desde o dia 15 e vão ficar aqui até o fim do mês. Até agora, já fizeram visitas a hospitais e unidades de pronto atendimento. Em julho do ano passado, outro grupo esteve na cidade e revitalizou praça e visitou famílias. Vindos do Rio Grande do Sul e BH, os jovens estudantes participam de um projeto de voluntariado da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O objetivo é dedicar as férias escolares para ajudar à comunidade.

Segundo a Vale, após um processo de escuta das principais reivindicações da comunidade para Córrego do Feijão, a empresa apresenta um projeto de requalificação urbana chamado território-parque, um conceito que inclui ações de melhoria de infraestrutura (reforma, pavimentação e urbanização de ruas, casas e estruturas), reativação econômica e desenvolvimento do turismo local, além de cuidado com a memória das vítimas do rompimento da Barragem I.

A proposta de território-parque para Córrego do Feijão, de acordo com a Val,e atende a dois objetivos, prioritariamente: “o primeiro, humano, de reparar e permitir que as famílias da principal região impactada pelo rompimento possam retomar rotinas; o segundo, de gerar desenvolvimento econômico ao local”.

O próximo passo, conforme a direção da mineradora, é a concepção dos projetos executivos, que levam em conta os valores da comunidade, clima, hidrografia, cobertura vegetal, fauna e flora locais. As frentes de trabalho obedecem à dinâmica da própria comunidade. Todos os pontos do plano foram construídos em comum acordo com as famílias. A proposta é que as primeiras obras sejam concluídas e entregues à comunidade em dezembro de 2020.

Estado de Minas

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